A Importância da Reflexão e Autoconhecimento

A Importância da Reflexão e Autoconhecimento
Compartilhe

Todos os louvores são para Allah.

Refletir sobre os sinais do universo e os ensinamentos islâmicos mencionados nos textos é um dos grandes atos de adoração ordenados e incentivados no Alcorão.


Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):

“Que se lembram de Allah, estando de pé e assentados e deitados, e refletem na criação dos céus e da terra e dizem: ‘Senhor nosso! Não criaste tudo isto em vão. Glorificado sejas! Então, guarda-nos do castigo do Fogo’” [Aal ‘Imraan 3:191]

“Allah é Quem elevou os céus, sem colunas que vejais; em seguida, estabeleceu-Se no Trono. E submeteu o sol e a lua, cada qual corre até um termo designado. Ele administra a ordem de tudo e aclara os sinais, para vos convencerdes do deparar de vosso Senhor. E Ele é Quem estendeu a terra e nela fez assentes montanhas e rios. E, de todos os frutos, nela fez um par, um casal. Ele faz a noite encobrir o dia. Por certo, há nisso sinais para um povo que reflete” [ar-Ra’d 13:2-3]

“Allah é Quem vos submete o mar, para, nele, correr o barco, por Sua ordem, e para, nele, buscardes algo de Seu favor e para serdes agradecidos. (12) E submete-vos o que há nos céus e o que há na terra: tudo é dEle. Por certo, há nisso sinais para um povo que reflete” [al-Jaathiyah 45: 12-13]

Isso não só se refere a refletir sobre os sinais do universo, como: os céus, a terra, as montanhas e os rios, mas também se refere a refletir sobre si mesmo e como fomos criados. Allah, glorificado seja, diz (interpretação do significado):

“E, na terra, há sinais para os que estão convictos da fé, e há-os em vós mesmos. Então, não os enxergais?” [adh-Dhaariyaat 51: 20-21]

Com relação à reflexão sobre os ensinamentos islâmicos mencionados nos textos, Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):

“Este é um Livro bendito, que fizemos descer, para ti, a fim de que eles ponderem seus versículos e a fim de que os dotados de discernimento meditem” [Saad 38:29]

Parte da reflexão e ponderação aqui incentivadas está em se olhar para além das ações. O Alcorão nos ensina a fazer isso no versículo onde é dito (interpretação do significado):

Ó vós que credes! Temei a Allah, e que toda alma olhe o que ela antecipou, para o amanhã. E temei a Allah. Por certo, Allah, do que fazeis, é Conhecedor.” [al-Hashr 59:18]

Isso significa fazer um balanço de si mesmo. Há um famoso relato de ‘Umar Bin Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele) que fala sobre isso: “Façam um balanço de si mesmos antes de serem levados a prestar contas; pesem-se antes de serem pesados, pois isso fará com que o Julgamento lhes seja mais fácil – caso vocês façam um balanço de vocês hoje e se prepararem para a grande apresentação no Dia em que serão levados a Julgamento, dia este em que nenhum de seus segredos ficará oculto.” (Narrado por Ibn Abi’d-Dunya em Muhaasabat an-Nafs (p. 22); Ahmad em az-Zuhd (pág. 120); Abu Nu’aym em al-Hilyah (1/52). Foi classificado como da’if por al-Albaani em ad-Da’ifah (1201) e por Abu Ishaaq al-Huwayni em seu Takhrij li Tafsir Ibn Kathir (1/478). Ele disse: Os homens de seu isnad são thiqaat (confiáveis), mas há uma quebra na cadeia entre Thaabit ibn al-Hajjaaj e ‘Umar ibn al-Khattaab, porque ele nunca o conheceu.) Fim da citação.

É necessário fazer um balanço de si mesmo antes de praticar qualquer ação, em todos os momentos ou situações da vida.

Ibn Qudaamah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Com relação a fazer um balanço de si mesmo ao se praticar uma ação, Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):

Ó vós que credes! Temei a Allah, e que toda alma olhe o que ela antecipou, para o amanhã.” [al-Hashr 59:18]

Isso se refere a fazer um balanço de si mesmo diante da prática de qualquer ação. Portanto, ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: Faça um balanço de si mesmo antes de ser levado a prestar contas.

Al-Hasan (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: O crente é responsável por si mesmo e deve se auto avaliar. Ele pode ver algo (dentre os assuntos mundanos) por acidente e gostar, então dizer: “Por Allah eu te desejo e você é algo que eu preciso, mas por Allah eu não tenho os meios para alcançá-lo; não há como, pois há uma barreira entre mim e você”. E o crente pode fazer algo sem refletir, então fazer uma autoanálise e começar a pensar: “Por que eu fiz ou falei isso? Por Allah, nunca mais farei isso novamente, inshallah”.

O Alcorão limita e restringe os crentes, protegendo-os e impedindo de se entregarem àquilo que poderia causar sua condenação. Toda limitação que o Islam traz ao muçulmano é libertadora, pois o protege. O crente é um prisioneiro neste mundo, lutando por seu resgate (do Inferno), e nada o fará se sentir totalmente seguro até que ele encontre Allah, glorificado e exaltado seja. Ele sabe que será levado a prestar contas por sua audição, visão, língua e faculdades físicas; ele responderá por tudo isso.

Portanto, deve ser entendido que, assim como o indivíduo deve dedicar um tempo no início do dia no comprometimento às suas restrições e à prática de bons atos, ele também dedicar um tempo no final do dia para se examinar e fazer um balanço de si mesmo e de tudo o que ele fez. Em termos religiosos, ele deve avaliar se cumpre com os deveres obrigatórios; se pratica atos de adoração voluntários; e quais são seus pecados. Portanto, que ele avalie, em primeiro lugar, os deveres obrigatórios, e caso cometa um pecado, que imponha algum tipo de punição a si mesmo, como compensação por sua negligência.

Foi dito que Tawbah ibn as-Summah estava em ar-Raqqah e costumava fazer um balanço de si mesmo. Um dia, quando estava fazendo isso, percebeu que tinha chegado aos sessenta anos. Ele calculou que havia vivido vinte e um mil e quinhentos dias. Tawbah gritou: “Ai de mim! Vou encontrar o Soberano com vinte e um mil e quinhentos pecados? Imagina se houvesse dez mil pecados todos os dias?!” Então, ele caiu morto, e as pessoas ouviram uma voz dizendo: “Quão rapidamente ele foi levado para al-Firdaws al-A’la (o paraíso mais alto)!”

É assim que uma pessoa deve fazer o balanço de si mesma a cada respiração, a cada pecado do coração (ou seja, pensamentos, sentimentos e emoções) e a cada ação que pratique, a todo momento. Se um homem jogasse uma pedra em sua casa por cada pecado que cometesse, a casa dele ficaria cheia em um curto período de tempo. Mas, as pessoas não dão atenção aos seus pecados, embora eles já tenham sido registrados contra elas.

“Allah o enumerara, e eles o esqueceram” [al-Mujaadilah 58:6]

Fim da citação de Mukhtasar Minhaaj al-Qaasidin (p. 373)

Assim, você perceberá que esta reflexão quanto aos pecados cometidos e boas ações praticadas, e a decisão sobre o futuro, é algo louvável e imprescindível. Isto não é uma inovação (bid’ah) e não importa se os desviados ou quaisquer outras pessoas o façam.

O que importa é que ponderar e refletir leva a pessoa a se concentrar mais na obediência a Allah e a praticar boas ações, e não conduz ao desespero e desesperança.

E ainda mais, deve-se entender que arrependimento, reflexão e avaliação de si mesmo não requerem, necessariamente, rituais especiais, exercícios respiratórios ou programas especiais, e não precisam ser feitos em nenhum horário específico da noite ou do dia. Ao contrário, sempre que for possível ficar a sós com seu Senhor, concentre-se e converse com Ele, esse é o momento para tais atos de adoração.

Se houver algum horário indicado para isso que, então, seja retirado de uma fonte fidedigna, como: o último terço da noite (comprovadamente, mencionado em ahadith autênticos como um bom horário para se suplicar a Allah).

Fonte: Shaikh Munnajid (com adaptações da tradutora)


Compartilhe

O Islam

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *