O Islam Embeleza os Traços Culturais

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Existe uma cultura islâmica? Eu tenho que abandonar minha cultura ou me adaptar a uma nova para ser muçulmano?

A primeira coisa que você precisa saber é que a cultura não está em conflito com o Islam. Os muçulmanos constituem uma comunidade global de belas culturas e a beleza do Islam é que ele é enriquecido por aqueles que o praticam, oferecendo tanto à comunidade muçulmana global.


Vamos dar uma olhada na relação entre Islam e cultura.

Cultura não é só feita de um idioma, comida e vestimenta, mas também sistemas de conhecimento, tradições e sabedorias singulares. O modo como uma comunidade vive e suas contribuições e tradições escritas e orais, todas conhecidas como conhecimento cultural.

O Islam por outro lado é composto pelo Alcorão, hadith e adoração, bem como sabedoria e princípios dados por Allah. Filosofia e um conjunto universal de objetivos. Conjuntos específicos de diretrizes sobre como viver e tradições escritas e sabedorias proféticas divinas. O Islam fornece uma estrutura para a vida em que valores são nosso conhecimento cultural, mas o que é exatamente esta estrutura? Veja desta forma: o Islam é como um filtro, que despeja todo o conhecimento cultural, que pode incluir elementos não-islâmicos e tudo o que não estiver de acordo com a crença islâmica é filtrado para fora. O que nos resta é um corpo importante e purificado, de conhecimento vívido, que enriquece a comunidade islâmica global. Cada comunidade tem seu próprio corpo de conhecimento cultural e que a diversidade é reconhecida por Allah.

Allah disse no Alcorão (49:13): “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros.”

Então, se o Islam reconhece e aprecia diferentes culturas e tribos, por que nós temos esse senso de cultura islâmica?

Quando algumas comunidades culturais formam a maioria em um determinado espaço islâmico, eles podem ver a maneira como praticam o Islam como a forma real de praticá-lo, mas um importante princípio islâmico é que todas as coisas são permissíveis até que se prove o contrário. Contanto que elas passem pelo filtro islâmico, diferentes maneiras de fazer algo são belas e verdadeiras formas de manifestar o Islam.

Quer você vista um thobe ou um shawwal haniz ou mesmo um kilt irlandês, não há roupas consideradas mais valiosas no Islam, elas são apenas formas de vestimentas culturais que são aceitáveis, desde que sigam as diretrizes islâmicas.

Passando as ideias pelo filtro islâmico, nos deixa com uma bela coleção de maneiras de manifestar o Islam e nos ajuda a enfrentar um problema real que existe em nossas comunidades que são hierarquias culturais.

A noção de que podemos pensar que somos uma comunidade normativa do Islam, na verdade vem de grupos dominantes dentro da comunidade que podem, sem querer, oferecer sua própria interpretação como a verdadeira ou única maneira de praticar a religião. Quando uma comunidade cultural é dominante dentro de um espaço islâmico, ela pode excluir outras comunidade minoritárias, tornando-as invisíveis e, eventualmente expulsá-las. Ser invisível não significa só não ter sua comida e roupas representadas e apreciadas. Também significa não ser capaz de informar os aspectos sociais e políticos de sua comunidade. Exclusão não significa apenas prejudicar sentimentos, ele marginaliza e prejudica comunidades.

De muitas maneiras, não é diferente da colonização, quando os países ocidentais entraram em espaços, eles anunciaram a sua cultura como civilizada, superior e mais moderna do que a do país que eles colonizaram, reivindicando um domínio sobre a cultura dos africanos, asiáticos e outros povos indígenas. De modo similar, quando um grupo se afirma como a comunidade islâmica dominante, eles contam o seu conhecimento cultural como a forma mais autêntica de praticar o Islam, dominando culturalmente as comunidades indígenas e outras comunidades islâmicas.

Quando percebemos que o Islam é amigável com a cultura, podemos começar a ver a maneira como ele abrange e valoriza todo o conhecimento cultural que está dentro das diretrizes islâmicas. Vejamos ver alguns exemplos de como o Islam valoriza o conhecimento cultural:

  • Salman, o Companheiro persa que abraçou o Islam, não foi inferiorizado por não ser árabe. Uma de suas contribuições foi seu conhecimento cultural de trincheiras de guerra eficazes, levando os muçulmanos à vitória na Batalha da Trincheira.
  • Para um exemplo mais moderno, vejamos Malcolm X. Quando Al-Hajj Malik Ash-Shabaz abraçou o Islam ortodoxo, ele não deixou de ser afro-americano. Ele afirmou que provavelmente continuaria a usar o nome de Malcolm X, enquanto a situação que o produziu existisse. O Islam não o forçou a mudar de nome, e ele viu valor em ambos os nomes em contextos diferentes.

O Islam também lhe deu a solução para o racismo e validou sua luta pela justiça, no versículo corânico (4:135): “Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas, por amor a Allah, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre […]”

E em sua luta pela igualdade, ele não parou de implementar seu saber cultural afro-americano, depois de abraçar o Islam. Ele foi bem-sucedido na implementação de muito do que foi benéfico para sua luta por justiça, depois que ele e sua mensagem foram refinados, através do Alcorão e da Sunnah. Malcolm reconheceu o problema único do colonialismo, pois ele inferioriza e desvaloriza o conhecimento cultural até que seja apagado.

Então qual é a solução? Como valorizamos o conhecimento cultural de todos os membros da comunidade?

Começa pelo reconhecimento, ter vozes diversas, bem como eventos e espaços culturalmente inclusivos, podemos começar a preencher a lacuna e permitir que uma troca significativa aconteça, porque quando todos tem um assento na mesa, podemos aprender com as experiências únicas uns dos outros, não só para resolver problemas, mas também para enriquecer nossa comunidade global e promover grande harmonia.

Por Shaikh Abdullah Oduro

Fonte: Yaqeen Institute

Assista aos vídeos traduzidos e publicados pela @casa.dasabedoria (instagram) clicando aqui: vídeo 1 e vídeo 2


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