Sobre o Mawlid Nabi (Aniversário do Profeta)

Sobre o Mawlid Nabi (Aniversário do Profeta)
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Parte 1 de 3:

Parecer com Relação ao Aniversário do Profeta:
Pelo nobre sábio ‘Abdul- Aziz bin Baaz


 Todos os louvores são para Allah e que as bênçãos de Allah e a Sua paz estejam sobre o Mensageiro e sobre a sua Família, seus Companheiros e todos aqueles que seguem a sua orientação.

Não é permitido que se celebre Milaadun-Nabi (o aniversário do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)) nem o aniversário de mais ninguém, já que este é dos atos de bid’ah (inovações) que foram recém inventadas na religião [1]. Nem o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  ou os Califas Bem Guiados (Sucessores), ou os Companheiros (que Allah esteja satisfeito com todos eles), nem nenhum de seus seguidores das três primeiras excelentes gerações, celebraram este dia – e eles foram as pessoas mais conhecedoras com relação a Sunnah (a orientação Profética) e que tinham o maior amor pelo Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e foram os primeiros a seguir a sua Shari’ah (Leis Prescritas).

Foi autenticamente estabelecido a partir do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) que ele disse: “Quem quer que introduza algo neste assunto nosso, que não é parte dele, terá isso rejeitado” [2]

Em outra narração autêntica, ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Segure-se firmemente à minha Sunnah (orientação) e ao caminho dos Califas bem guiados depois de mim, agarre-se firmemente a ele. E cuidado com os assuntos recém inventados, pois cada assunto recém inventado é uma inovação e cada inovação é um desvio.” [3]

Assim, estas duas narrações contém um forte alerta contra as inovações na religião e agir de acordo com elas. Isto é porque Allah – o Único livre de todos os defeitos – diz em Seu Livro Claro:

“E o que o Mensageiro vos conceder, tomai-o; e o de que vos coibir, abstende-vos dele. “ [Surah al-Hashr (59):7]

Allah – o Poderoso e Majestoso – disse:

“Então, que os que discrepam de sua ordem se precatem de que não os alcance provação ou não os alcance doloroso castigo.” [Surah an-Nur (24):63]

Allah – o Altíssimo – disse:

“E os precursores primeiros, dentre os emigrantes, e os socorredores e os que os seguiram com benevolência, Allah Se agradará deles, e eles se agradarão d’Ele, e Ele lhes preparou Jardins, abaixo dos quais correm os rios; nesses, serão eternos, para todo o sempre. Esse é o magnífico triunfo.” [Surah at-Tawbah (9):100]

E Allah – o Altíssimo – disse:

“Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco e agradei-Me do Islão como religião para vós.” [Surah al-Maa’idah (5):3]

Os versículos com este significado são muitos. Então, aceitar esta celebração ou  qualquer outro ato de adoração recém inventado, pressupõe que Allah – o Perfeitíssimo – não completou e aperfeiçoou Sua religião para esta Ummah e que o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  não deixou completamente claro para a sua Ummah o que é necessário com relação aos seus deveres, até o advento daqueles que vieram mais tarde e inovaram na religião de Allah, para o que eles não tiveram permissão, alegando que se aproximariam de Allah por tais inovações. E isto – sem dúvida – é um grande perigo e equivale a criticar Allah – o Perfeitíssimo – e Seu Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). Pois Allah – o Único livre de todos os defeitos – de fato aperfeiçoou esta religião para Seus servos e completou Seu favor sobre eles. E o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) transmitiu claramente a Mensagem, não deixando nenhum caminho que leve ao Paraíso, nem nenhum caminho que distancie a pessoa do Fogo, sem ser explicado à sua Ummah. Isto foi comprovado em uma narração autêntica, de ‘Abdullah ibn ‘Amr (que Allah esteja satisfeito com ele), na qual o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah não enviou nenhum Mensageiro que não fosse seu dever informar sua Ummah do bem que soubesse e alertá-los sobre o mal que soubesse.” [4]

Sabe-se que o nosso Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) é o melhor dentre todos os profetas e o último deles e o mais perfeito deles com relação a transmitir a Mensagem e aconselhar as pessoas. Assim, se celebrar o seu milaad (aniversário) fosse parte da religião que Allah – o Perfeitíssimo – escolheu, então o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) certamente o teria explicado à sua Ummah ou ele mesmo o teria celebrado ou seus nobres Companheiros (que Allah esteja satisfeito com todos eles) o teriam celebrado. No entanto, já que nada disso aconteceu, então sabemos que a celebração do milaad não tem nada a ver com o Islam. Pelo contrário, isso é das inovações sobre as quais o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) alertou a sua Ummah, como foi mostrado nas narrações anteriores.

Há uma outra narração autêntica, similar em significado, às duas anteriores e é o seu (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) dito em sua Jumu’ah khutbah (sermão da sexta-feira): “Verdadeiramente, o melhor discurso é o Livro de Allah e a melhor orientação e exemplo é o de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). E o pior dos assuntos são os recém inventados e cada assunto recém inventado é uma inovação e cada inovação é desvio.” [5]

Devido a isto, um grupo de sábios rejeitou a prática do milaad e alertou contra isso, agindo de acordo com as provas supramencionadas e seus semelhantes. No entanto, alguns dos sábios posteriores diferiram, no que permitiram tal prática, determinando que isso não acarreta em nenhum assunto pecaminoso e maligno; tal como o exagero no louvor ao Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ou a livre mistura entre homens e mulheres, ou tocar instrumentos musicais e cantar e outros assuntos tais que são rejeitados pela Shari’ah pura. Eles acham que tal prática é uma bid’ah hasanah (uma boa inovação na religião)[6]. Todavia, o princípio da Shari’ah é: sempre que uma controvérsia surge entre as pessoas, então o assunto deve ser remetido ao Livro de Allah e à Sunnah do Seu Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). Allah – o Todo-Poderoso e Majestoso – disse:

“Ó vós que credes! Obedecei a Allah e obedecei ao Mensageiro e às autoridades, dentre vós. E, se disputais por algo, levai-o a Allah e ao Mensageiro, se sois crentes em Allah e no Derradeiro Dia. Isso é melhor e mais belo, em interpretação.” [Surah an-Nisaa (4):59]

Allah – o Altíssimo – disse:

“Seja o que for de que discrepeis, seu julgamento é de Allah.” [Surah ash-Shuraa (42):10]

Assim, se remetermos este assunto – sobre a validade da celebração do milaad – ao Livro de Allah, acharemos que o Livro (ou seja, o Alcorão) nos comanda a seguir o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  naquilo que ele trouxe e isso nos alerta contra aquilo que ele proibiu. Também nos informa que Allah – o Perfeitíssimo – aperfeiçoou a religião do Islam para a Sua Ummah. Sendo assim, deste ângulo não há nada naquilo com o que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  veio, com relação a esta celebração e, portanto, isso não pode ser parte da religião que Allah aperfeiçoou para nós e nos ordenou a aderir ao seguir o Mensageiro.

Então, se recorremos à Sunnah do Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  não encontraremos nela que ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) celebrou seu próprio aniversário, nem ordenou a sua celebração, nem encontraremos nenhum dos Companheiros (que Allah esteja satisfeito com todos eles) o celebrando! Portanto, será absolutamente claro para qualquer um que tenha a menor visão e esteja desejoso da verdade e justiça, que a prática de celebrar o Milaadun-Nabi (o aniversário do Profeta) não faz parte da religião, ao invés disso é bid’ah (inovação) que temos sido avisados e ordenados a abandonar.

Isso também é uma forma de imitação cega dos judeus e cristãos em suas festividades. Sendo assim, a pessoa sensível não deve ser enganada pelo largo número de pessoas, de vários locais, que praticam isso, já que a verdade não é meramente conhecida por números, mas pelas provas da Shari’ah. Allah – o Altíssimo – disse com relação aos judeus e aos cristãos:

“E dizem: ‘Não entrará no Paraíso senão quem é judeu ou cristão.’ Essas são suas vãs esperanças. Dize: ‘Trazei vossas provanças, se sois verídicos.’” [Surah al-Baqarah (2):111]

E Allah – o Altíssimo – disse:

“E, se obedeces à maioria dos que estão na terra, descaminhar-te-ão do caminho de Allah.” [Surah al-An’aam 6:116]

A maioria destas celebrações milaad – tanto quanto são inovações – envolvem outros tipos de males também; tais como a livre mistura entre homens e mulheres, cantar e tocar instrumentos musicais, e o beber e o fumar de intoxicantes. Existe em tais celebrações, algo que é pior do que tudo isso, e isso é a maior forma de shirk (associar parceiros na adoração a Allah), através do exagero sobre o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  ou sobre os falecidos awliyaa  (servos pios de Allah), pela suplicação a eles, buscando a ajuda deles ou acreditar que eles têm o conhecimento do ghayb (o invisível oculto) e outros assuntos de kufr (descrença), considerando que é autenticamente relatado do Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  que ele disse: “Cuidado com o ghulu (o exagero) na religião. Pois, na verdade, aqueles que vieram antes de vós foram destruídos devido aos seus exageros na religião.” [7] E ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) também disse: “Não me superexaltem como os cristãos superexaltaram Jesus, Filho de Maria, mas sou apenas um servo de Allah. Então me chamem de servo de Allah e Seu Mensageiro.” [8]

Um dos assuntos mais estranhos é que um grande número de pessoas que participam ativamente desta celebração inovada e que a defendem vigorosamente, não tomam cuidado em cumprir com aqueles assuntos que Allah fez obrigatório para eles, tais como rezar as cinco orações diárias e isso nem ao menos os incomoda de todo. De fato, muitos deles nem ao menos acham que estão cometendo um grande pecado! Não há dúvidas que isso se deve ao seu iman (fé) fraco e à sua falta de visão e ao fato de que o coração deles está coberto com a imundície dos pecados e desobediência. Pedimos a Allah que nos proteja e que nos perdoe e a todos os muçulmanos.

Um dos assuntos mais estranhos também é que alguns deles acreditam que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) está, de fato, presente na celebração milaad deles, assim, consequentemente, os participantes levantam-se para saudá-lo e dar-lhe as boas-vindas. No entanto, isto é das maiores mentiras e a pior forma de ignorância, porque o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)  nem sairá de seu túmulo antes do Dia do Julgamento, nem encontrará a ninguém, nem irá às suas reuniões. Ao contrário, ele permanecerá em seu túmulo até o Dia do Julgamento, enquanto sua nobre ruh (alma) reside nos mais altos lugares com seu Senhor, na casa do exaltado, como Allah – o Altíssimo – disse:

“Em seguida, por certo, depois disso, sereis mortos. Em seguida, por certo, no Dia da Ressurreição, sereis ressuscitados.”  [Surah al-Mu’minun (23):15-16]

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Eu serei o líder dos filhos de Adão no Dia da Ressurreição e eu serei o primeiro a quem a Terra se abrirá e eu serei o primeiro a interceder e o primeiro cuja intercessão será aceita.” [9]

Assim, esta nobre ayah (versículo) e este nobre hadith – e aqueles versículos e ahadith com um sentido similar – provam que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e outros que também morreram, apenas sairão de seus túmulos no Dia da Ressurreição. E este é um assunto sobre o qual há um acordo entre os sábios muçulmanos, não havendo diferença entre eles. Então, é sobre todo muçulmano considerar cuidadosamente estes assuntos e tomar cuidado com essas inovações e desvios que têm sido introduzidos pelos ignorantes e seus semelhantes, para os quais Allah não enviou nenhuma autoridade. É a ajuda de Allah que é procurada e Ele, sozinho, é confiado, e não há força, nem nenhum poder, exceto com Allah.

Quanto a enviar a salaah e o salaam (invocar louvores e bênçãos de paz) sobre o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), então esta é uma das melhores formas de se aproximar de Allah e das ações que são virtuosas. Allah – o Altíssimo – disse:

“Por certo, Allah e Seus anjos oram pelo Profeta [ou seja, Allah elogia o Profeta aos anjos e os anjos suplicam por perdão por ele]. Ó vós que credes! Orai por ele e saudai-o [enviando salaah e salaam (bênçãos de paz)], permanentemente;” [Surah al-Ahzaab (33):56]

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem quer que envie uma única benção sobre mim, então Allah enviará a ele dez bênçãos.”[10] Então, isso é ordenado em todas as ocasiões, particularmente ao fim de toda oração, ou antes um grupo dentre as pessoas do conhecimento de fato consideram que é obrigatório na sentada final de cada oração e o consideram altamente recomendado em outras horas, tal como ao final do adhaan (o chamado para a oração) e depois de mencionar o nome do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), e também no dia do Jumu’ah (sexta-feira), como é provado por várias narrações autênticas.

Que Allah nos ajude e a todos os muçulmanos a alcançar um entendimento claro da religião e que Ele nos favoreça, fazendo-nos agarrar à Sunnah e fazendo-nos tomar cuidado com a bid’ah. De fato, Ele é o Generosíssimo, o Amabilíssimo. E que a salaah e o salaam (a exaltação de Allah e bênçãos de paz) estejam sobre nosso Profeta Muhammad e sobre a sua família, seus Companheiros e seus seguidores.

Notas de Rodapé:

[1] Ash-Shaatibi disse em al-‘ltisaam (1/33), sobre a definição técnica da palavra bid’ah (inovações): “Uma maneira recém-inventada na Religião, por imitação ou correspondente à Shari’ah, através da qual a proximidade de Allah é procurada. Tal ação não é suportada por nenhuma prova autêntica – nem a ação em si, nem o modo como ela é realizada.”

[2] Relatado por al-Bukhari (2/166) e Muslim (5/133), de ‘Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela).

[3] Sahih: Relatado por Ahmad (4/126) e Abu Dawud (nº.4607), de al-‘lrbaad ibn Saariyah, que Allah esteja satisfeito com ele. Foi declarado autêntico por al-Haafidh Ibn Hajr em Takhrij Ahaadith Mukhtasar-Ibnul-Haajib (1/137).

[4] Relatado por Muslim em seu Sahih (nº 1844).

[5] Relatado por Muslim (6/153), de Jaabir ibn ‘Abdullaah (que Allah esteja satisfeito com ele).

[6] Consulte o artigo seguinte em refutação deste conceito.

[7] Sahih: Relatado por Ahmad (1/215) e Ibn Maajah (n. 3064), de Ibn ‘Abbaas (que Allah esteja satisfeito com ele). Foi autenticado por al-Haafidh Ibn Taymiyyah em Majmu’ul-Fataawaa (3/383).

[8] Relatado por al-Bukhari (nº. 3445) e Muslim (nº.1691), de ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele).

[9] Relatado por Muslim (7/59), de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele).

[10] Relatado por Muslim (n° 408), de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele).

O Estado Original

Ibn Battah relata em Ibaanah (nº136), que o nobre sábio e taabi’ee, Abul-‘Aaliyah (m.90H) – que Allah tenha misericórdia dele – disse:

“Aprendam o Islam. Após aprenderem o Islam não se afastem dele pela direita, nem pela esquerda. Mas sim, permaneçam na Senda Reta e na Sunnah do vosso Profeta, que a paz e as bêncãos de Allah estejam sobre ele, e naquilo que os seus Companheiros estavam sobre e tomem cuidado com essas inovações porque elas causam ódio e inimizade entre vós. Porém apeguem-se ao estado original dos assuntos que outrora estava ali presente antes de se terem dividido.”

Fonte Original: Al-Istiqaamah Edição Nº.3 – Rabî’ul-Awwal 1417H / Agosto de 1996 – At-Tahdhir minal-Bid’ah (pp.3-6) do Shaykh Ibn Baaz

Fonte Secundária: Abdurrahman.Org

Continua, parte 2:


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