Qual a Atitude que o Muçulmano deve Adotar nas Festas de Fim de Ano: Natal e Ano Novo Gregoriano

Qual a Atitude que o Muçulmano deve Adotar nas Festas de Fim de Ano: Natal e Ano Novo Gregoriano
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Desde a época do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) até os dias de hoje, sempre existiram as ocasiões especiais Jaahili (do tempo da ignorância) assim como as dos incrédulos e não muçulmanos, mas não vimos texto algum do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) que nos encorajasse a oferecer atos de adoração e obediência na hora em que outros estivessem cometendo atos de desobediência, ou fazer ações prescritas na hora em que as ações inovadas estão sendo feitas. Não existe relato de nenhum dos imams conhecidos recomendando fazer tal coisa.

Isto está na mesma categoria de lidar com pecado por meio de inovações, como aconteceu no caso de responder à inovação do luto de ‘Ashura, como feito pelos Raafidis, ao introduzir a inovação de gastar muito e querer demonstrar alegria e felicidade. O shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Quanto a considerar os dias de calamidade como ocasiões de luto, isso não faz parte da religião dos muçulmanos; pelo contrário, está mais próximo da religião da Jaahiliyah. Assim, eles perderam a virtude e a recompensa do jejum neste dia. Algumas outras pessoas introduziram coisas com base em ahadith fabricados para os quais não há base, como a virtude de fazer ghusl neste dia, ou aplicar kohl aos olhos, ou apertar as mãos. Essas e outras coisas semelhantes são inovações, todas elas são makruh (desaconselháveis). O que é recomendado é jejuar neste dia.

Não é permitido que ninguém mude ou acrescente nada no Islam em benefício de outrem ou para agradar as pessoas (Iqtida’ al-Siraat al-Mustaqim, pag. 300, 301). Expressar alegria e felicidade nos dias em que os incrédulos comemoram datas festivas não é algo que seja bem recebido pela religião do Islam, pois é algo que se encaixa no hadith de Ibn Umar (que Allah esteja satisfeito com ele), que ouviu do Profeta:

“Quem imita um povo, faz parte dele (ou seja, estará com aquelas pessoas no Dia da Ressurreição).” [Abu Dawud]

Imam Al Munawi e Imam Al ‘Alqami (que Allah tenha misericórdia deles) comentaram sobre a narração acima dizendo:

“Isso se refere a quem se veste como eles, imitando seu estilo, e se comporta como eles, pelo menos em parte.”

Imam Al Qari, que Allah o perdoe, acrescentou:

“Isso significa que quem quer que imite os incrédulos, os desobedientes ou os pecadores, de qualquer forma, será um deles; da mesma forma, quem imita os virtuosos estará com eles (na vida após a morte).”

Imam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

“Imam Ahmad e outros usaram essa narrativa como evidência para justificar a proibição de imitar os incrédulos. O mínimo que se pode dizer sobre as implicações dessa narrativa é que ela proíbe a imitação. Mas, ainda mais, isso pode significar que a pessoa que faz isso abandona o Islam, como é entendido a partir do dito de Ibn ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele): ‘Quem constrói na terra dos incrédulos, participa de suas festividades religiosas e os imita até que morra, será ressuscitado com eles.’ Essa narração também implica a proibição da imitação parcial e que a pessoa se equipara ao povo a quem copia tanto quanto o imitou.”

Outro ponto que causa bastante discussão entre os muçulmanos é a caridade feita durante as festividades dos não muçulmanos. Quanto a isso, perguntaram ao shaikh Munajjid (que Allah o preserve):

“Perguntaram-nos sobre dar caridade a famílias pobres na época do ano novo Gregoriano, e respondemos que não é permitido. Dentre as coisas que dissemos estavam as seguintes:

Se nós muçulmanos quisermos dar em caridade, podemos dar aos que realmente têm direito a ela, e não devemos ter a intenção de fazê-lo nos dias de festa dos kufaar (incrédulos). Devemos fazê-lo sempre que houver uma necessidade, e aproveitar ao máximo as boas e grandes ocasiões, como o mês de Ramadan e os primeiros dez dias de Dhu’l-Hijjah, e outras ocasiões virtuosas quando as recompensas forem multiplicadas. Fim da citação.”

O princípio básico para um muçulmano é seguir (a Sunnah) e não introduzir inovações. Allah diz (interpretação do significado):

Dize (Ó Muhammad à humanidade): “Se (realmente) amais a Allah, segui-me (ou seja, aceite o monoteísmo Islâmico, siga o Alcorão e a Sunnah), Allah vos amará e vos perdoará os delitos. E Allah é Perdoador, Misericordiador. Dize (Ó Muhammad): “Obedecei a Allah e ao Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) (Muhammad).” E, se voltarem as costas, por certo, Allah não ama os renegadores da Fé. [Aal ‘Imraan 3:31, 32].

Ibn Kathir (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Este versículo afirma que todos que clamam amar Allah, mas não seguem o caminho de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), mentem em seu clamor, a menos que siga o caminho ou a religião do Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) em todas as suas palavras e ações, como está provado em al-Sahih que Ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “quem quer que introduza uma ação que não é parte deste assunto nosso a terá rejeitada.” Tafsir Ibn Kathir, 2/32

O shaikh Muhammad Ibn Saalih al-‘Uthaimin (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Vocês devem amar o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) mais do que amam a si mesmos, e a sua fé não estará completa a menos que o façam. Não introduzam na sua religião nada que não seja parte dela. O que os buscadores de conhecimento devem fazer é explicar às pessoas e dizer-lhes: “Ocupem-se com atos de adoração legítimos e corretos; lembrem-se de Allah; enviem bênçãos sobre o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) em todos os momentos; adotem a oração regular; paguem zakaah; e sejam gentis para com os muçulmanos em todas as horas. (Liqaa’aat al-Baab al-Maftuh, 35/5)

Não devemos nos esquecer de fazer o que é obrigatório com relação a esses atos desaconselháveis, que é aconselhar o que é bom e coibir o que é mal, oferecer conselho sincero àqueles que estão indo contra o Islam, e concentrando-se em atos individuais de adoração quando existem outros atos comunitários de desobediência e mal que não se devem ser praticados. Portanto, vamos nos manter do lado seguro e não nos misturarmos nas festas e comemorações dos não muçulmanos, apostando na recompensa de Allah (louvado seja) por nosso esforço de nos mantermos longe do duvidoso.

Apesar de compreendermos e aceitarmos a ilicitude da participação em festas com coisas ilícitas (como bebidas alcoólicas, carne de porco, etc), devemos também ter o bom senso de não magoar nossas famílias, caso sejam famílias cristãs. Eu, particularmente, conheço famílias que são verdadeiramente cristãs e dão muito valor ao fim de ano por causa do Natal. Munidos de amor e carinho, é possível achar uma forma de respeitar esta comemoração familiar sem se envolver no que não é lícito. Basta termos bom senso e alguma tolerância para lidarmos com a assunto de forma sábia e respeitosa. Entretanto, a festa de reveillón é um pouco mais complicada, já que é uma festa sem nenhuma base religiosa, no meu ponto de vista, é totalmente desnecessária. Esta sim, é mais fácil não participar e explicar as razões da nossa opção – aliás, o correto, como afirmado nas evidências acima, é realmente não tomar parte de forma alguma.

Texto de Letícia de Paula


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