Sobre o Mawlid Nabi (Aniversário do Profeta)
Parte 2 de 3:
Pergunta:
A nossa pergunta é acerca da celebração do Mawlid (aniversário do Profeta), se constitui ou não bid’ah (inovação no Islam)? Ouvi em alguns lugares e de alguns sábios de que representa uma boa bid’ah e Allah sabe melhor, que Allah vos abençoe!
Resposta:
A celebração do nascimento do Profeta (que a paz esteja com ele) e de pessoas virtuosas é uma bid’ah que se originou nos séculos recentes, depois dos três melhores séculos do Islam: o primeiro, o segundo e o terceiro séculos após a Hijrah. É uma das inovações (bid’ah) que algumas pessoas introduziram no Islam por amor a este tipo de celebrações, pensando que é algo bom de se fazer.
A opinião correta, de acordo com a verificação dos estudiosos, é de que tais celebrações são bid’ah. Todas as celebrações de aniversários, incluindo mas não limitado à celebração do nascimento do Profeta (que a paz esteja com ele), são inovações (bid’ah). Porquê? Porque o Profeta (que a paz esteja com ele), os seus Sahabah (Companheiros), os Califas corretamente guiados e as primeiras gerações do Islam não o fizeram. Certamente, a bondade está em seguir os seus passos e não seguir as práticas inventadas que gerações sucessivas introduziram no Islam.
É autenticamente relatado que o Profeta (que a paz esteja com ele) disse:
“Tenham cuidado com assuntos recém-introduzidos (na religião).” [1]
Ele (que a paz esteja com ele) também disse:
“O mais perverso dos assuntos são aqueles que são recém-introduzidos (na religião), e toda a inovação é um dalalah (desvio do correto).” [2]
Além disso, ele (que a paz esteja com ele) disse:
“Todo aquele que introduzir qualquer coisa a este nosso assunto (Islam) que não seja parte dele, ter-lhe-á rejeitado.” [3]
E ainda:
“Todo aquele que fizer uma ação que não está de acordo com este nosso assunto (Islam) ter-lhe-á rejeitada.” [4]
Isto significa que não será aceite deles. Deste modo, o Profeta (que a paz esteja com ele) explicou a fé em detalhe e apontou que assuntos recém introduzidos no Islam são condenados, e de que não é permitido a ninguém introduzir no Islam aquilo que Allah não permitiu.
Allah, o Onipotente, repreendeu essas ações na Sua afirmação:
“Ou têm eles parceiros que legislaram, para eles, o que, da religião, Allah não permitiu?” [Sura ash-Shura (42):21]
A celebração do aniversário do Profeta (que a paz esteja com ele) e dos virtuosos é uma ação recém-introduzida não aprovada por Allah, ou o Seu Mensageiro (que a paz esteja com ele), ou os Sahabah que eram das melhores pessoas depois dos Profetas, os mais amados pelo Profeta (que a paz esteja com ele) e os mais ávidos em fazer o bem; contudo, eles não celebraram aniversários. Nem Abu Bakr, ‘Umar, ‘Uthman, ‘Aly, os restantes dos dez Companheiros a quem foram dadas as boas novas da entrada no Paraíso, os restantes dos Sahabah, nem tampouco os Tabi’un (seguidores, a geração depois dos Compaheiros do Profeta) alguma vez celebraram tais aniversários.
De acordo com alguns historiadores, esta bid’ah foi introduzida pelos Xiitas Fatimidas no Egito durante o quarto século. Mais tarde, foi praticada pelo fim do sexto século da Hijrah e no início do sétimo século por aqueles que consideravam estas celebrações como sendo boas ações; e portanto, praticaram-nas. No entanto, elas são inovações no Islam, porque constituem uma forma de adoração que Allah (Glorificado e Exaltado seja Ele) não legislou. O Mensageiro (que a paz esteja com ele) transmitiu todos os assuntos claramente e não ocultou nada que Allah tivesse legislado. Ele (que a paz esteja com ele) propagou todas as Leis que Allah estabeleceu conforme lhe foi comandado propagar às pessoas.
Allah (Exaltado seja Ele) afirma:
“Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco e agradei-Me do Islão como religião para vós.” [Surah al-Ma’ida (5):3]
Assim, Allah completou e inteirou a religião. Não há nada nesta religião divinamente aperfeiçoada chamada celebração de aniversários. Consequentemente, elas são bid’ah [inovações] condenadas que não podem ser descritas como boas, uma vez que não existe nada no Islam referida como uma boa bid’ah.
Todos os atos de bid’ah são desvio e desgraça.O Profeta (que a paz esteja com ele) afirmou:“Toda a inovação [bid’ah] é um dalalah (desvio).” Por isso, não é permitido a um muçulmano dizer: “Existem boas formas de bid’ah”, enquanto que o Mensageiro (que a paz esteja com ele) diz que toda a bid’ah é desvio. Isto representa contradição e oposição ao Mensageiro (que a paz esteja com ele). É autenticamente relatado que ele (que a paz esteja com ele) afirmou: “Toda a inovação [bid’ah] é um dalalah (desvio).” Portanto, não nos é permitido dizer uma opinião diferente da do Profeta (que a paz esteja com ele).
Deve-se notar que existem algumas práticas que foram estabelecidas pelo Islam, todavia as pessoas pensam serem bid’ahs, mas não são; algumas delas são a compilação do Qur’an em um livro e transcrição de suas cópias, e oferecer Tarawih (oração noturna supererogatória especial no Ramadan) em congregação. Essas ações não são categorizadas como bid’ahs; ao em vez, elas foram estabelecidas e legisladas no Islam, e portanto, incluí-las sobre o termo “bid’ah” é sem fundamento. Em relação ao que foi relatado de ‘Umar que ele disse sobre a oração Tarawih: “Que boa bid’ah”, é uma referência ao significado linguístico da palavra bid’ah e não tem nada a ver com a sua perspetiva Islâmica. Ademais, a afirmação de ‘Umar não divergiu com o que o Mensageiro (que a paz esteja com ele) praticou nem o contradisse. A afirmação do Mensageiro (que a paz esteja com ele) tem prioridade sobre todas as outras opiniões e alegações, como a sua afirmação: “Toda a inovação [bid’ah] é um dalalah (desvio).” E:“Tenham cuidado com assuntos recém-introduzidos (na religião).”
O Profeta (que a paz esteja com ele) disse mais além, numa khutbah (sermão) de sexta-feira:
“Ama ba’d (então agora), o melhor discurso é o Livro de Allah, a melhor orientação é a orientação de Muhammad (que a paz esteja com ele), o mais perverso dos assuntos são os recém-introduzidos (na religião), e toda bid’ah é um dalalah (desvio do correto).”
Este é o juízo do Mensageiro (que a paz esteja com ele). Este hadith é relatado por Muslim no Sahih, e assim, um muçulmano não deve ir contra o que Allah legislou ou ser teimoso em relação ao que o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) trouxe de Allah; pelo contrário, deve entregar-se e submeter-se à Lei de Allah e abster-se de todas as bid’ahs e pecados. Pedimos a Allah que nos guie todos ao caminho correto e à senda reta!
[Fonte:Fatawa do Programa Nur ‘Ala Al-Darb]
Referências:
[1] Relatado por Al-Bukhari, Livro sobre Apegar-se Firmemente ao Livro e à Sunnah, Capítulo Sobre Seguir a Sunnah do Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele), nº 7277; e Muslim, Livro sobre sexta-feira, Capítulo sobre Evitar a Prolongação da Salah e da Khutbah, nº 867.
[2] Al-Bukhari, Livro Sobre Apegar-se Firmemente ao Livro e à Sunnah, nº 6849; e Al-Darimy, Introdução, nº 207.
[3] Relatado por Al-Bukhari, Livro sobre Reconciliação, Capítulo sobre Se as Pessoas Forem Reconciliadas com Base Numa Reconciliação Injusta…, nº 2697.
[4] Relatado por Muslim, Livro sobre Decisões Judiciais, Capítulo sobre Rejeitar as Coisas Erradas e as Inovações (na religião), nº 1718.
Fonte: Alifta.Com
Continua, parte 3: