O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?

O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?
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Por Najwa Awad e Sarah Sultan

PARTE 1: Superando Aquilo que te Derruba

“Às vezes, quando você está em um lugar escuro, pensa que foi enterrado, mas na verdade, você foi plantado.” (Christine Caine)

Introdução

Tudo começou na faculdade. Ahmed não conseguia se lembrar do momento exato da reviravolta, mas, aos poucos, ansiedade, raiva e negatividade começaram a tomar conta de sua vida diária. Ele lutou para dormir devido ao coração e à mente acelerados e também começou a sentir que sair da cama todas as manhãs era uma tarefa monumental. Estudar para os exames tornou-se difícil depois de sua primeira reprovação e sua preocupação com futuras reprovações era constante. Quase todos os dias eram cheios de medo e raiva. Ele não conseguia entender de onde todos esses sentimentos surgiam.

Ahmed ansiava por uma carreira como farmacêutico, mas, como continuou a lutar nas aulas, desistiu dessa ambição. Ele estava ansioso para se casar, mas os aplicativos de casamento aumentaram seus níveis de ansiedade e frustração. Lentamente, seus objetivos e sonhos começaram a desaparecer. As amizades começaram a se deteriorar conforme suas batalhas aumentavam e ele reclamava de tudo que acontecia em sua vida cada vez que saía com alguém. Ele começou a ficar com raiva de pequenas coisas e percebeu que seus amigos pararam de passar tempo com ele, o que o deixou ainda mais ressentido. Ele perdia orações quando começou a sentir raiva de Allah por tudo que estava passando. Ele havia feito tudo “certo” – ele havia trabalhado muito, rezado, sido uma boa pessoa e um bom aluno – mas, ainda estava lutando contra sentimentos incontroláveis. Ele pensou consigo mesmo: “Não importa o que eu faça; tentei o meu melhor e ainda estou sofrendo. O que eu fiz para merecer isso?”


O que está acontecendo comigo?

Quando a vida dá uma guinada em uma direção que não prevíamos, de repente temos que reavaliar nossas vidas e aceitar uma nova realidade. Os sonhos que tínhamos alimentado com tanta ternura são repentinamente atirados no chão apenas para serem substituídos pela assustadora percepção de que nossa vida não é, de forma alguma, o que tínhamos imaginado.

Aceitar uma nova realidade envolve a perda de muitas coisas. Todo trauma envolve algum tipo de ruptura – a perda de algo tangível, como um ente querido, um emprego, um casamento, a saúde de alguém ou a perda de algo intangível (como o sonho que uma vez imaginamos que seria a nossa vida). Ninguém espera que a gravidez acabe em aborto espontâneo, que o emprego dos sonhos não seja tão gratificante quanto o previsto ou que o casamento chegue ao fim. Uma vez que a realidade bate à porta, pode ser difícil lidar com isso.

Quando situações difíceis acontecem, é natural sentir dor e uma sensação de decepção, choque e raiva. Afinal, você provavelmente passou muito tempo imaginando como seria sua vida apenas para perceber que não saiu da maneira que havia imaginado. Isso pode trazer um sem-número de pensamentos e perguntas difíceis, incluindo: “Por que eu continuo me frustrando?”, “O que eu fiz para merecer isso?” ou “Allah está zangado comigo?”

Quando esses pensamentos assumem o controle, às vezes podem resultar em sentimentos negativos em relação a Allah (louvado seja). Nunca podemos dizer que é “ok” ou “permissível” internalizar a raiva ou má vontade em relação a Allah; no entanto, é importante saber que é muito mais comum do que você imagina.

Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele) narra que um companheiro veio ao Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e perguntou: “Temos pensamentos sobre os quais não ousamos falar e não gostamos que ocorram.” O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Tu realmente vives isso?” “Sim”, eles responderam. O Mensageiro de Allah disse: “Elas [essas preocupações] são sinais claros de fé.” (Sunan Abi Dawud, 5111)

Vemos neste hadith que mesmo algumas das melhores pessoas que viveram nesta terra, nossos justos predecessores, lutaram contra esses pensamentos, confusos e temerosos de se sentirem inadequados em seu relacionamento com Allah (louvado seja). Com relação a esses pensamentos difíceis, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) nos disse: “Em verdade, Allah perdoou minha nação pelo que ocorre dentro das pessoas, contanto que elas não falem ou ajam sobre aquilo.” (Sahih Bukhari, 6287; Sahih Muslim, 127). Esses pensamentos passageiros não dizem nada sobre sua fé em Allah; ao contrário, o desconforto que você sente ao vivenciar esses pensamentos é um indicativo de como seu relacionamento com Allah (louvado seja) é importante para você.

Compreendendo seus pensamentos e emoções

Nossas mentes frequentemente se comportam como se possuíssemos uma bola de cristal, espelho mágico ou habilidade telepática. Claro, nada disso é real ou possível, mas nossas mentes podem nos levar a acreditar que nossos pensamentos são precisos, apesar de ser impossível determinar o futuro ou o que os outros estão realmente pensando.

Essa habilidade “mágica”, que supostamente nossas mentes têm, é chamada de: tirar conclusões precipitadas. Esse tipo de distorção cognitiva (padrão de pensamento negativo) é definido como a criação de uma interpretação negativa de algo, mesmo que não haja fatos definidos que apoiem de forma convincente essa conclusão. Tirar conclusões precipitadas pode ocorrer de duas maneiras: leitura da mente e leitura da sorte. “Leitura da mente” envolve uma pessoa pensar que os outros a estão avaliando negativamente ou que têm más intenções em relação a ela. Quando uma pessoa se julga “adivinha” é como se previsse um resultado futuro negativo ou decidisse que as situações acabarão mal antes mesmo de ocorrerem.

Como seres humanos, nossas mentes e nossos corações buscam um significado, um sentido. Quando alguém de quem você gosta, te fere ou quando uma tragédia acontece, seu cérebro faz suposições sobre a razão daquilo ter ocorrido. Temos a tendência de escolher interpretações que se encaixem em nossa visão existente do mundo. O problema com isso é que as experiências traumáticas mudam nossa visão do mundo de uma visão realista para uma baseada no medo e pessimismo. Cada conclusão a que chegamos e cada percepção será baseada em algo impreciso – dor, medo e raiva.

O que começou como uma dificuldade torna-se algo intransponível porque nossas mentes entendem assim. Sua mente começa a tirar conclusões precipitadas para dar sentido à situação, mas essas conclusões costumam ser negativas e dolorosas. Considere estes exemplos:

Você perdeu o emprego e começa a pensar: “Devo ser um idiota, é por isso que fui demitido. Não há nenhuma maneira de eu ter outro emprego novamente.”

Seu noivado não se concretizou e você pensa: “Ela deve ter encontrado alguém melhor. Não sou digno de ser marido. Ninguém me achará digno ou digno de amor. ”

Você abortou durante a gravidez e pensa: “Allah deve pensar que serei uma mãe ruim, então Ele nunca me abençoará com um filho.”

A maneira como pensamos é incrivelmente poderosa e pode nos ajudar a seguir em frente ou nos quebrar durante as dificuldades.

PARTE 2: O Impacto da Raiva Quando Estamos Passando por Tempos Difíceis

Embora conheçamos tantos exemplos de nossa tradição islâmica que nos ensinam que, espiritualmente, as provações são boas para nós, elas definitivamente nem sempre são boas no momento vivido. Sentimentos difíceis surgem, naturalmente, durante os momentos de luta, incluindo a dor, decepção, tristeza e ansiedade. Cada emoção tem a função de nos sinalizar que algo está acontecendo.

Outra emoção que pode surgir em tempos de luta é a raiva. A raiva faz parte da vida, como descreve o Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): “Na verdade, a raiva é uma brasa ardente no coração do filho de Adão” (Jami’ at-Tirmidhi, 2191). Embora seja uma emoção humana, pode ser prejudicial em muitas circunstâncias. A raiva pode ser opressora e, às vezes, assustadora se parecer incontrolável; pode ser útil entender como a raiva se propaga através de seu cérebro e corpo antes de discutirmos maneiras de recuperar a sensação de controle sobre essa emoção.

O cérebro zangado

Resposta ao estresse: Quando algo acontece (um gatilho), a raiva ativa a amígdala em seu cérebro antes mesmo de você perceber o que está acontecendo. A amígdala é a área do cérebro responsável pelo processamento emocional, principalmente medo, ansiedade e agressão. Quando a raiva surge, a amígdala ativa o sistema de resposta ao estresse em seu cérebro e corpo para prepará-lo para responder a uma ameaça. As glândulas adrenais secretam hormônios do estresse (ou seja, cortisol, adrenalina e noradrenalina), que impactam seu cérebro e corpo rapidamente.

Redução do Julgamento e Amplificação da Dor: As regiões do cérebro que são responsáveis ​​pelo bom julgamento e pela criação de novas memórias (córtex pré-frontal e hipocampo) começam a experimentar uma perda de neurônios nesta situação. É por isso que você pode ter dificuldade em tomar boas decisões ou lembrar o que queria dizer durante uma discussão quando está lutando contra a raiva. Junto com a perda de neurônios, o cortisol em excesso também diminui a serotonina, que é o hormônio que faz você se sentir feliz. Com menos serotonina, a raiva é amplificada, assim como a dor física e emocional.

Tirar conclusões precipitadas e presumir o pior: Além disso, os pesquisadores descobriram que quando algo negativo acontece e você não tem 100% de certeza do que causou aquilo, é mais provável que você tire conclusões negativas e rapidamente associe duas coisas que podem não estar realmente vinculadas. Quando há falta de clareza, é muito fácil para nosso cérebro escolher a pior explicação possível, apesar de ser altamente improvável. Quando seu companheiro está atrasado e não atende o telefone, você imediatamente começa a se perguntar se ele sofreu um acidente de carro? Nossas mentes muitas vezes chegam a conclusões negativas, apesar de sabermos racionalmente que a probabilidade é muito menor do que uma conclusão mais simples (ou seja, o telefone de seu marido ficou sem carga).

Considere a maneira como tirar conclusões precipitadas pode progredir após uma calamidade como um aborto espontâneo:

  1. “Há tanto tempo espero por um filho e agora a chance foi tirada de mim.”
  2. “O que eu fiz para merecer isso? Allah deve pensar que não sou digna de ser mãe.” (suposição)
  3. “Se eu não for digna de ser mãe, nunca terei um filho e meu marido vai me odiar.” (Adivinhação e suposição)
  4. “Meu marido vai se divorciar de mim e eu vou ficar sozinha para sempre.” (adivinhação)

Agora que entendemos o impacto que tirar conclusões precipitadas pode ter em nossas vidas e no processo de pensamento, vamos explorar como mudar esses pensamentos.

Mudando seus pensamentos

Tirar conclusões precipitadas depende de falsa evidência, medo e desconfiança. As pessoas costumam se equivocar pensando que “esperar o pior” irá salvá-las da frustração. No entanto, na realidade, fixar nossa perspectiva no pior resultado possível apenas nos leva à ansiedade e à depressão. Quando esperamos que as pessoas nos tratem mal, nosso medo nos impede de cultivar relacionamentos saudáveis. Quando esperamos falhar em algo, é muito menos provável que tentemos nosso melhor devido aos nossos medos.

Allah, louvado seja, diz: “Por certo, os que creem e os que praticam o judaísmo e os sabeus e os cristãos, aqueles dentre eles que creem em Allah e no Derradeiro Dia, e fazem o bem, por eles nada haverá que temer, e eles não se entristecerão.” (Al Ma’idah, 5:69)

Tirar conclusões precipitadas também pode afetar sua fé e abalá-lo. Considere como um pensamento inicial pode direcionar a este caminho:

  1. “Sempre trabalhei muito e fui um bom muçulmano, mas ainda assim perdi meu emprego. Por que Allah permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas?”
  2. “Allah não salvou meu emprego, então Ele não deve se preocupar comigo.” (suposição)
  3. “Não posso acreditar que Allah faria isso comigo. Eu faço tudo certo e não recebo nada em troca. Nada vai mudar, então não vale a pena tentar.” (adivinhação)

Nossos pensamentos podem impactar drasticamente nossas emoções e comportamentos. Quando a raiva inunda nossas mentes e corações, é fácil que nossos pensamentos sigam o mesmo exemplo. No entanto, como vemos no caso citado acima, permitir que nossos pensamentos raivosos criem raízes pode ser prejudicial para nosso relacionamento com Allah (louvado seja) e pode impactar negativamente nosso desejo de nos conectarmos a Ele.

Mudando seus pensamentos: escolha a conclusão que deseja

É inevitável chegar a algum tipo de conclusão quando algo acontece. Naturalmente, tentamos dar sentido à vida interpretando os eventos e prevendo o que parece lógico no momento. No entanto, podemos escolher qual conclusão ou interpretação queremos. Podemos não ser capazes de controlar as emoções que sentimos imediatamente ao receber uma notícia devastadora ou testemunhar uma tragédia. Podemos nem mesmo ser capazes de controlar os pensamentos intrusivos que vêm à nossa mente em tal situação. No entanto, todos nós temos uma escolha: podemos escolher nos deter em pensamentos que nos aproximam de Allah ou que nos afastam ainda mais d’Ele. E podemos escolher ações que aumentem ou diminuam a força de nossa conexão com Allah.

Considere o exemplo de Mussa (que a paz esteja sobre ele) quando ficou encurralado com o exército do Faraó de um lado e o Mar Vermelho do outro. Nestes versículos, veja o exemplo de dois processos de pensamento diferentes: um que fortaleceria seu relacionamento com Allah (louvado seja) e outro que o diminuiria.

“E, quando se depararam as duas multidões, os companheiros de Moisés disseram: “Por certo, seremos atingidos.” Ele disse: “Em absoluto não o seremos! Por certo, meu Senhor é comigo; Ele me guiará.” E inspiramos a Moisés: “Bate no mar com tua vara.” Então, este se fendeu; e cada divisão se tornou como a formidável montanha” (Ash-Shuara, 26: 61-63)

Durante uma situação difícil, o povo de Mussa chegou à conclusão de que estava condenado, o que gerou sentimentos de medo e devastação. Vemos uma resposta muito diferente em Mussa (que a paz esteja sobre ele) quando assumiu o oposto. Ele esperava o bem de Allah (louvado seja) e recebeu um milagre sobre o qual ainda hoje refletimos.

Encontramos as evidências que procuramos, então busque o que é bom e observe seus pensamentos e emoções se transformarem.

Nossas vidas nem sempre seguem a trajetória que esperamos. Os padrões que geralmente estabelecemos para nós mesmos a fim de sermos felizes e contentes nem sempre são realistas. Da mesma forma, as expectativas que temos de Allah (louvado seja) – a saber, decretar tudo o que consideramos melhor para nós mesmos ou que decidimos que deve fazer parte de nosso plano de vida – criam uma visão muito estreita de nossas vidas e, mais importante, nossa percepção de Allah (louvado seja). Quando nossa percepção de Allah (louvado seja) é baseada nessa percepção imprecisa, tendemos a ser vítimas de uma variedade de equívocos sobre nossas vidas, nossas lutas e por que essas coisas estão acontecendo.

Abordar esses conceitos errôneos pode ser um passo benéfico para nossa saúde mental e espiritual.

PARTE 3: Tirando conclusões precipitadas

Equívoco nº 1

Por que minha vida é tão difícil? Não era para ser assim

A vida está cheia de incertezas. Mudanças e incógnitas são sempre iminentes, mas tendemos a imaginar que somos imunes à imprevisibilidade, os testes que suportamos servem como um lembrete de que não somos. Embora, na realidade, até uma semana atrás, não soubéssemos se estaríamos vivos agora, nossa vida diária nos acalma com uma falsa sensação de certeza.


Allah (louvado seja) nos lembra: “Os homens supõem que, por dizerem: “Cremos”, serão deixados, enquanto não provados? E, com efeito, provamos os que foram antes deles. E, em verdade, Allah sabe dos que dizem a verdade e sabe dos mentirosos.” (Al-Ankabut, 29:2-3)

Embora nossas vidas sejam cheias de incertezas, sabemos de uma coisa com certeza: seremos testados! Quanto mais cedo aceitarmos essa realidade, melhor seremos capazes de lidar com as situações difíceis. Cada luta que surge em nosso caminho nos dá a oportunidade de aprender a lidar com a aflição, com o desconforto e aceitar as circunstâncias que não podemos controlar enquanto trabalhamos simultaneamente no que pode ser mudado.

Ponto de ação: canalize sua energia em uma direção positiva, em vez de lutar contra o inevitável. A aceitação da realidade lhe dá a oportunidade de agir. Embora você possa imaginar que sua vida deveria ter sido diferente, a realidade é que você está exatamente onde deveria estar neste momento de sua vida. Perguntar “por que” não é tão importante quanto perguntar “e agora?” Em vez de perguntar por que isso está acontecendo, pergunte-se: “Isso está acontecendo. E agora?” Nossas respostas, não as próprias circunstâncias, ditam como vivemos nossas vidas. Mesmo que não pareça, você está perfeitamente equipado para lidar com tudo o que está enfrentando, porque foi moldado para enfrentá-lo. Allah nos lembra: “Allah não impõe a alma alguma além do que ela pode suportar…” (al-Baqara, 2:286). Isso não significa que não será difícil, mas significa que você tem as ferramentas para superar. Lembre-se, se Allah escolheu você para enfrentar esses testes, então é garantido que você terá a habilidade de passar por eles.

Equívoco nº 2

Devo ter feito algo para merecer essa dor

Como seres humanos, julgamos com base no bom e no mau que nos é óbvio. De repente, surgem pensamentos como: “Devo ser uma pessoa má para ter de suportar tanta dor”. Quando as coisas não saem como gostaríamos, é tentador supor que, se tivéssemos feito as coisas de maneira diferente, a história teria um final mais feliz. Precisamos acreditar que o mundo faz sentido, que existe uma causa clara para cada efeito e uma razão que podemos apreender para tudo o que acontece. Esses pensamentos são uma forma de autocrítica severa e podem amplificar a dor que você já está sofrendo.

O antídoto para a autocrítica é a autocompaixão, algo que nos foi fornecido por Allah (louvado seja). Temos a tendência de operar sob o pressuposto de que Allah dá coisas boas e permite que as coisas aconteçam àqueles a quem ama. Mas, na realidade, Allah nos diz que Ele testa aqueles que ama. E, na realidade, tanto os momentos de tranquilidade quanto os momentos de dificuldade são testes e também bênçãos.

“Então, quanto ao ser humano, quando seu Senhor o põe à prova, e o honra, e o agracia, diz: “Meu Senhor honra-me. E, quando o põe à prova e lhe restringe o sustento, diz: “Meu Senhor avilta-me.” (Al-Fajr, 89: 15-16)

O versículo subsequente a este começa com a palavra kalla, que significa “Em absoluto!” Aqui vemos que Allah (louvado seja) nega esse processo de pensamento e que Ele provê àqueles que ama, bem como àqueles a quem não ama; e que Ele retém daqueles que ama e também daqueles a quem não ama. Bênçãos e dificuldades não são uma indicação do amor de Allah.

Imaginamos que as dificuldades indicam que Allah está nos punindo, que Allah quer o mal para nós; que O temos adorado por anos e, em vez de bênçãos, temos enfrentado dificuldades. No entanto, considere outras ocasiões em sua vida em que a dor literalmente gerou ganhos. A dor do exercício levou à boa forma e melhor saúde física e mental. A dor de estudar para um grande exame fez com que se sentisse preparado e com um bom desempenho. A dor de trabalhar para melhorar a comunicação com seu cônjuge levou a um relacionamento mais saudável.

As dificuldades nos diferenciam – elas nos permitem progredir e crescer. Às vezes, esse crescimento é visto nesta duniyah e, às vezes, é reservado para o akhirah.

Independentemente disso, pergunte-se: Se Allah realmente quisesse prejudicá-lo, qual a razão de haver a garantia de uma enorme recompensa no akhirah, por tudo pela qual você está passando?

O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah, o Exaltado, diz: ‘Não tenho recompensa, exceto o Jannah, para um de Meus servos crentes que mostra paciência e antecipa Minha recompensa quando eu retiro do mundo um de seus favoritos.’” (Sahih Bukhari, n° 6424)

“As súplicas de três pessoas nunca são rejeitadas: um jejuador até quebrar seu jejum, um governante justo, e a súplica dos oprimidos que é suspensa por Allah acima das nuvens, os portões do céu são abertos para elas, e o Senhor diz: “Com o Meu poder, vou ajudá-lo no tempo devido.” (Jami’ at-Tirmidhi, n° 3598)

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Nenhum cansaço, nem doença, nem tristeza, nem infelicidade, nem mágoa, nem angústia sobrevém a um muçulmano, mesmo que seja a picada que ele recebe de um espinho, sem que Allah expie alguns de seus pecados.” (Sahih Bukhari, n° 5641, 5642)

Isso não soa como punição, não é mesmo?

Ponto de ação: Pensar que você merece sofrer ou uma vida cheia de negatividade é um sintoma de autocrítica. O antídoto é a autocompaixão. Reconheça a tremenda dor que você está suportando por um momento, sem tentar afastá-la. Depois de sentir essa emoção por alguns momentos, pense em como você falaria com um amigo que está lutando contra a mesma situação. Que palavras você usaria? Escreva algumas palavras amáveis, de apoio e gentis que você compartilharia com um amigo e leia para si mesmo. Como é receber compaixão durante este momento difícil?

Equívoco nº 3

Allah é capaz de tudo, então Ele deveria ter me protegido contra isso

Em vez de esperar que Allah (louvado seja) nos conceda tudo o que queremos da maneira que queremos, mudando nossa compreensão para perceber que Ele (louvado seja) nos fornece tudo de que precisamos pode melhorar nossa saúde mental e espiritual.

Quando tiramos conclusões precipitadas sobre por que certos testes foram enviados em nossa direção ou por que não deveriam ter sido enviados em nossa direção, imaginamos, involuntariamente, que somos capazes de saber o que Allah está pensando. No entanto, considere o Nome de Allah, al-Ḥakim: Sapientíssimo; Aquele que atua com perfeito conhecimento, sabedoria e compreensão de tudo; Aquele que faz a coisa certa da maneira certa, no lugar certo e na hora certa.

Abu Bakr (que Allah esteja satisfeito com ele) costumava dizer: “Ó Allah! Tu me conheces mais do que eu me conheço.” (Rida M. Ibn Athir, Abu Bakr al-Siddiq: O Primeiro Califa (Beirute: Dar al-Kotob al-Ilmiyah, 2008), 18). Quando não conseguimos nem mesmo dominar sempre a preparação de um bolo com perfeição (com uma receita em mãos), como podemos esperar dominar a compreensão de cada faceta do universo ou mesmo de cada faceta da nossas próprias vidas?

A diferença entre o conhecimento de Allah e o conhecimento humano é que devemos adquirir nosso conhecimento pelo que vemos e experimentamos ao nosso redor. Por outro lado, o conhecimento de Allah não tem começo ou fim e não é baseado em tentativa e erro. Allah (louvado seja) nos diz no Alcorão:

“E Ele tem as chaves do Invisível; ninguém sabe delas senão Ele. E Ele sabe o que há na terra e no mar. E nenhuma folha tomba sem que Ele saiba disso, e não há grão algum nas trevas da terra nem algo, úmido nem seco, que não estejam no evidente livro” (An-An’am, 6:59)

Enquanto nos concentramos no único fio que imaginamos ser perfeitamente necessário em nossas vidas, Allah (louvado seja) vê por completo a bela tapeçaria que cada fio acabará compondo. Quando Allah, o Onisciente, O Poderoso, O Sábio nos diz que os tempos de tranquilidade e os tempos de dificuldade são testes e cada um tem suas bênçãos, podemos abraçar isso com confiança, apesar de nem sempre sermos capazes de ver como esta tapeçaria está sendo tecida.

Considere esta declaração de Ibn al-Qayyim,

“O mal, como um fenômeno independente no qual nenhuma dimensão do bem esteja envolvida, não existe neste mundo. Não há nada em nossa existência que possa ser chamado de puro mal, porque todo mal neste mundo é bom de um ângulo ou de outro. Por exemplo, a doença prejudica o corpo de um ângulo, enquanto de outros ângulos testa a paciência, evoca resiliência e pode até fortalecer a imunidade. As coisas mais desagradáveis ​​geralmente são assim; nunca anulam possíveis benefícios para o ser humano.” (Ibn al-Qayyim, Shifāʾ al-ʿalīl fī masāʾil al-qaḍāʾ wa-al-qadar wa-al-ḥikmah wa-al-ta‘līl; Cairo: Dar at-Turath, 1978, 380–413)

Sentimentos de tristeza e angústia podem levar a uma visão pessimista da vida e do mundo. Frequentemente, é preciso humildade para realmente abraçar a Sabedoria de Allah. Quando nossas emoções nos dizem uma coisa, mas a Palavra de Allah nos diz outra, é preciso humildade para dizer: “Eu sei que não consigo entender toda a sabedoria dos decretos de Allah, mas posso aceitar que eles existem, mesmo que não os veja agora. ”

Ponto de ação: Lembre-se de que Allah (louvado seja) nos dá tudo o que precisamos, mas não tudo o que queremos. Você já pensou que precisava desesperadamente de algo, ficou desapontado porque não obteve e, depois de algum tempo, concluiu algo que o fez perceber que aquilo não era certo para você? Escreva sobre essa experiência e observe quais pensamentos e emoções surgem.

Equívoco nº 4

Allah não se importa se eu sofrer

Quando coisas ruins acontecem, não significa que Allah se alegre. Por exemplo, Allah gosta quando as pessoas não O adoram? Claro que não, já que Ele diz: “E não criei os jinns e os humanos senão para Me adorarem” (Adh-Dhariyaat, 51:56). Quando assumimos que todos, incluindo Allah, querem nos prejudicar ou não se importam conosco, caímos na distorção cognitiva da interpretação mental. Assumimos as más intenções de Allah porque nossas emoções ultrapassam nossos pensamentos. No entanto, considere a declaração do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele),

“Allah, O Exaltado, diz, ‘Eu sou como Meu servo espera que Eu seja, e estou com ele sempre que ele se lembra de Mim. Se ele se lembra de Mim, eu lembro-Me dele, e se ele se lembra de Mim numa congregação, lembro-Me dele numa congregação melhor (ou seja, a congregação dos anjos). Se ele se aproxima de Mim por um palmo, Eu Me aproximo dele pelo comprimento de um braço. Se ele se aproxima de Mim pelo comprimento de um braço, Eu Me aproximo dele pelo comprimento de uma braça. E quem vem até Mim caminhando, Eu vou até ele em grande velocidade.’” (Sahih Bukhari, n° 7405)

Nossos processos de pensamento em relação a Allah têm muito mais a ver conosco do que com Allah. Portanto, faz sentido que Allah seja como esperamos que Ele seja – se esperarmos bem de Allah, O encontraremos em todas as situações; se esperarmos mal de Allah, não perceberemos nada além disso.

Quando passamos por algo traumático, nossa mente nos leva a um conceito errado sobre Allah. Isso pode ser particularmente verdadeiro quando fomos magoados por alguém em nossas vidas. Quando uma pessoa te machuca, não significa que Allah (louvado seja) não se importa se você está sofrendo. Allah (louvado seja) concedeu a cada um de nós o livre arbítrio. Por meio desse livre arbítrio, Ele permite que as coisas aconteçam, mas responsabiliza cada um de nós por tudo o que é feito. Ibn al-Qayyim afirma,

“Quando o servo comete um ato proibido, o que ele fez é certamente mau e pecaminoso, e o Senhor é Aquele que o capacitou a ser o ‘agente’ desse [ato]. Essa capacitação de Allah é justiça, misericórdia e correção, pois capacitar alguém para agir [livremente] é bom, enquanto a manifestação da pessoa [neste caso] foi má e ruim. Ao capacitar, Allah colocou as coisas onde elas pertencem, pois isso [conceder livre arbítrio] contém profunda sabedoria pela qual Ele deve ser louvado. Portanto, isso é realmente bom, sábio e benéfico, mesmo que o que o servo faça seja uma falha, um defeito e o mal.” (Ibn al-Qayyim, Shifa’ al-‘alil, 361)

Embora o livre arbítrio seja uma bênção, também significa que, às vezes, esse livre arbítrio é usado para o mal. Allah não é a causa direta deste mal, nem gosta dele, entretanto, permite que o livre-arbítrio permaneça para um propósito e um bem mais elevados. Permitir que as pessoas cometam o mal não indica que Allah não nos ama ou se importa conosco, uma vez que faz parte de seu amor e cuidado nos dar liberdade para agir. Se você não tem certeza do amor de Allah, considere este hadith:

Foi narrado que ʿUmar ibn al-Khaṭṭab (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: “Alguns prisioneiros foram trazidos ao Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), e havia uma mulher entre os prisioneiros que estava procurando (por seu filho). Quando ela encontrou seu filho, ela o abraçou e colocou-o em seu peito. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) nos disse: ‘Vós pensais que esta mulher jogaria seu filho no fogo?’. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: ‘Allah é mais misericordioso com Seus servos do que esta mulher com seu filho.’” (Sahih Bukhari, n° 5653, Sahih Muslim, n° 6921)

Ponto de ação: Nossas emoções podem ser muito poderosas, mas nossos pensamentos e ações também podem ser. Quando você perceber que está se sentindo mal-amado e duvidando que Allah (louvado seja) se preocupa com você, considere as maneiras pelas quais Ele tem mostrado amor e cuidado por toda a sua vida. Trabalhe suas emoções difíceis mudando seus pensamentos, crie uma lista das diferentes formas pelas quais Allah o protege, mostre misericórdia e se dê o que você precisa. Para trabalhar suas emoções difíceis mudando suas ações, crie uma lista de maneiras para nutrir seu relacionamento com Allah (louvado seja) e escolha uma para focar hoje.

PARTE 4: Vencer a luta mental contra o hábito de “tirar conclusões precipitadas”

Considere as seguintes etapas como antídotos contra tirar conclusões precipitadas sobre Allah (louvado seja) durante tempos de dificuldade:


  1. Preste atenção ao seu diálogo interno: lembre-se, só porque você acha algo, não o torna verdade. Pergunte a si mesmo: o que está acontecendo em minha mente agora? Quando você sente que está ficando com raiva, quais pensamentos estão passando pela sua mente naquele momento?
  2. Concentre-se nos fatos: Procure fatos e eventos observáveis ​​e tangíveis. Isso nos ancora na realidade e nos ajuda a ser mais objetivos. Uma vez que olharmos para os fatos, poderemos determinar se a realidade corresponde à nossa percepção negativa, o que muitas vezes não acontece.
  3. Considere outras possibilidades: Parte do enfoque nos fatos inclui garantir que você verifique todos os fatos. Alguns dos fatos que você considera aumentarão a probabilidade de um resultado positivo; no entanto, normalmente optamos por nos concentrar em evidências que apoiam a crença que já temos. Nesta etapa, lembre-se também dos resultados positivos anteriores. Isso serve como um lembrete de que o bem é possível, pois você já experimentou resultados positivos no passado. Também pode fazer com que você questione sua “mente negativa”, porque quanto mais provas você encontrar de como sua mente estava errada no passado quando antecipou um resultado negativo, mais flexível você pode ser ao concluir que as coisas podem acabar bem, mesmo quando você assume o pior.
  4. Aceite a incerteza e concentre-se no momento presente: Podemos nunca saber com certeza o que as pessoas estão pensando ou o que acontecerá no futuro, portanto, a preocupação com algo que é impossível determinar pode ser interminável. A fim de resistir a previsões desnecessárias sobre os pensamentos em relação aos outros ou ao futuro, concentre-se no que é certo – o momento presente. Ibn al-Qayyim (rahimahullah) disse:

“Sua atenção deve ser dirigida para sua vida no presente – o tempo entre dois tempos. Se você o desperdiça, então desperdiça a oportunidade de ser um dos afortunados e salvos. Se você cuidar dele… então, você terá sucesso e alcançará a tranquilidade, deleite e felicidade eterna.” (Ibn al-Qayyim al-Jawziyah, al-Fawaʾid, n.p.: Dar al-Salam, 2019, 151–2)

Focar no momento presente pode nos manter firmes, aliviar a ansiedade que podemos sentir sobre o futuro e desviar nosso foco do que os outros estão pensando.

Ayaat e hadiths inspiradores para reflexão

“E concedeu-vos de tudo que Lhe pedistes. E, se contais as graças de Allah, não podereis enumerá-las…” (Ibrahim, 14: 34)

“Satanás promete-vos a pobreza e ordena-vos a obscenidadem, e Allah promete-vos perdão dEle e favor. E Allah é Munificente,Onisciente.” (al-Baqara, 2: 268)

“E lhe dará sustento, por onde não suporá. E quem confia em Allah, Ele lhe bastará” (At-Talaq, 65: 3)

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) aconselhou sua filha, Fatima (que Allah esteja satisfeito com ela), a dizer de manhã e à noite: “Ó Allah, tenho esperança em Tua misericórdia, por isso não me deixes encarregado de meus negócios nem por um piscar de olhos olho, e retifica-me todos os meus negócios. Ninguém tem o direito de ser adorado, exceto Tu.” (Jami’ at-Tirmidhi, n° 3524)

ʿAbd Allah ibn ʿUmar (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) suplicava dizendo: “Ó Allah, eu busco refúgio em Ti contra um declínio de Tuas bênçãos, a transformação do bem-estar que Tu proporcionastes, Tua súbita retribuição e todas as coisas que desagradam a Ti.” (Sahih Muslim, n° 2739)

Exercícios Práticos

Aceitação da realidade

Canalize sua energia em uma direção positiva, em vez de lutar contra o inevitável. A aceitação da realidade permite que você entre em ação. Em vez de perguntar por que isso está acontecendo, pergunte-se: “Isso está acontecendo. E agora?”

Que pequeno passo você pode dar para seguir em frente depois de aceitar a realidade da luta que está enfrentando?

Mesmo que não pareça, você está perfeitamente equipado para lidar com tudo o que está enfrentando, porque foi feito para enfrentá-lo. Com quais habilidades/capacidades/pontos fortes/bênçãos você está equipado?

Autocompaixão

Observe os pensamentos de autocrítica que estão passando por sua mente. Escreva-os.

O antídoto para a autocrítica é a autocompaixão. Pense em como você falaria com um amigo que está passando pela mesma situação. Que palavras você usaria? Escreva algumas palavras amáveis, de apoio e gentis que você compartilharia com um amigo e leia para si mesmo.

Qual é a sensação de receber compaixão durante este momento difícil?

O que precisamos e o que queremos

Lembre-se de que Allah (louvado seja) nos dá tudo o que precisamos, mas não tudo o que queremos. Você já pensou que precisava desesperadamente de algo, ficou desapontado porque não deu certo e, depois de algum tempo, concluiu que aquilo não era certo para você? Escreva sobre essa experiência e observe quais pensamentos e emoções surgiram.

Lembre-se do amor e cuidado de Allah

Nossas emoções podem ser muito poderosas, mas nossos pensamentos e ações também podem ser. Quando você perceber que está se sentindo mal-amado e duvidando de que Allah (louvado seja) se preocupa com você, considere as maneiras pelas quais Ele tem demonstrado amor e cuidado por toda a sua vida.

Para trabalhar suas emoções difíceis mudando seus pensamentos, crie uma lista das diferentes maneiras pelas quais Allah o protegeu, mostrou misericórdia e deu o que você precisa.

Para trabalhar suas emoções difíceis mudando suas ações, crie uma lista de maneiras para nutrir seu relacionamento com Allah (louvado seja) e escolha uma para focar hoje

Vencer a luta mental contra “tirar conclusões precipitadas”

Esteja ciente de seus pensamentos:

Quando você estiver experimentando uma emoção negativa, pergunte-se: o que está acontecendo em sua mente agora? A que conclusão sua mente chegou?

Concentre-se nos fatos:

Quais são os fatos observáveis ​​e tangíveis sobre esta situação? Esses fatos correspondem ao pensamento que você escreveu acima?

Considere outras possibilidades:

Quais são outros resultados possíveis nesta situação, além daquela que você teme que aconteça? Ou quais são algumas outras coisas possíveis que essa pessoa pode pensar? Em quais situações passadas semelhantes você teve resultados positivos?

Aceite a incerteza e concentre-se no momento presente:

O que é certo neste momento? O que você pode dizer a si mesmo para ajudar-se a aceitar que parte do que está enfrentando agora está além do seu controle?

Acompanhamento, exemplo de caso: Ahmed

Depois de perceber que todos os seus amigos passaram o fim de semana em seus lugares favoritos sem ele, Ahmed sentiu sua raiva borbulhar mais uma vez. Depois de se acalmar um pouco, ele começou a se perguntar sobre o impacto que poderia ter em seu relacionamento com as pessoas. Ele começou a pensar em suas interações com amigos e percebeu que, nos últimos meses, não havia perguntado a nenhum deles como estavam indo. Cada vez que falava com alguém, ele reclamava de suas próprias lutas. Ele começou a examinar as contas de Instagram de seus amigos e percebeu que, pelo menos, dois deles estavam lidando com suas próprias dificuldades durante esse período. Esse foi o ponto de partida que levou Ahmed a refletir sobre o ciclo que o havia conduzido até aquele ponto e a começar a ter um maior senso de controle sobre suas respostas doentias a situações difíceis.

Ahmed começou a perceber padrões de comportamento em sua vida, bem como pensamentos que passavam por sua mente que o faziam sentir-se magoado, com raiva e sem esperança e que afetavam seu relacionamento com Allah e também com as outras pessoas. Quando Ahmed começou a identificar seus padrões de pensamento, então também começou a trabalhar neles. Em vez de pensar: “Qual é o sentido de estudar, já que é praticamente impossível aumentar minhas notas”, ele começou a pensar: “Não posso mudar o passado, mas posso fazer o meu melhor a partir de agora e me esforçar para o futuro.” Em vez de pensar: “Meus amigos devem me odiar e é por isso que não estão mais saindo comigo”, ele começou a pensar: “Tenho estado muito focado em minhas próprias lutas ultimamente e não tenho sido tão gentil com meus amigos, isso é algo que eu gostaria de modificar.”

À medida que trabalhava com esses padrões de pensamento negativos, seu comportamento mudava assim que ele passava a identificar as coisas que desencadeavam suas explosões de raiva e quando praticava maneiras mais saudáveis ​​de reagir a elas. Ele começou a se exercitar diariamente para liberar a adrenalina que aumentava em seu corpo. Dessa forma, sentiu uma sensação de calma e começou a se sentir orgulhoso da maneira como era capaz de se comunicar com outras pessoas. Ele fez questão de perguntar a seus amigos como eles estavam e de fazer um diário sobre suas próprias lutas para oferecer a si mesmo a liberdade de que precisava.

Ahmed aplicou a mesma conscientização em relação aos seus pensamentos sobre Allah e o impacto que isso teve em seu relacionamento com Ele. Percebeu que estava pensando que Allah não se importava com ele devido a todas as lutas que enfrentava. Quando percebeu que esse era um exemplo de suposição e conjectura, Ahmed se lembrou: “Allah testa aqueles que ama e eu também tenho que fazer minha parte para mudar minha vida”. Ahmed refletiu sobre as maneiras pelas quais Allah demonstrou amor e cuidado por ele no passado e no presente, aliviando, assim, esses pensamentos negativos. À medida que seus pensamentos em relação a Allah melhoraram, sua conexão por meio de atos de adoração também melhorou. À medida que começou a se sentir merecedor do bem, começou a tomar a iniciativa de aumentar o bem em sua vida.

Fonte: Yaqeen institute


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