Halimah as-Sa’diyah, que Allah esteja satisfeito com ela

Halimah as-Sa’diyah, que Allah esteja satisfeito com ela
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Na era pré-islâmica, a amamentação dos bebês por mulheres que não eram suas mães biológicas e a permissão de criá-los nos desertos era comum. Isso indicava um caráter nobre dos árabes dessa época.


 Halimah chegou a Makkah na companhia de algumas mulheres do clã de Banu Sa’d. Elas estavam na esperança de encontrar bebês para amamentar. Cada mulher, exceto Halimah, conseguiu um bebê para ser sua ama de amamentação.

 Halimah disse: “Não houve nenhuma mulher dentre nós que não tivesse se oferecido para ser ama de leite do mensageiro de Allah(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)’’. Mas assim que descobriam que ele era órfão, as mulheres o rejeitavam. Elas diziam: ‘’O que a mãe dele, que é viúva, pode nos oferecer(como pagamento)?’’

 Cada uma das colegas de Halimah conseguiu obter um bebê para ser sua ama de leite, exceto ela. Então Halimah disse ao seu marido, al Hârith ibn ‘Abdul-‘Uzza: “Por Allah, eu não gostaria de ser a única dentre minhas colegas que voltasse para casa sem ter conseguido um bebê para amamentar. Eu vou pegar aquele menino órfão.”

 O marido dela disse: “Você pode pegá-lo. Talvez Allah nos abençoe através dele.’’

 Ela foi e pegou o menino. Halimah disse: “Por Allah, eu apenas o peguei porque não consegui encontrar nenhum outro’’. Ela continuou: “Assim que o peguei e subimos ao meu animal de montaria, eu o amamentava com a permissão de Allah e ele bebia até que estivesse saciado. Seu irmão (1) também bebeu até se satisfazer.

 Então, o marido de Halimah foi até a velha camela do casal, ordenhou-a e o casal bebeu leite e também ficou satisfeito. Eles passaram uma boa noite’’. 

 De manhã, al Hârith disse a sua esposa: “Halimah, por Allah, eu percebi que você aceitou uma criança abençoada. Você não pode observar as bênçãos que testemunhamos desde que o tomamos, e Allah continuou ainda a nos aumentar em benção?”

 Eles partiram em viagem de volta à nossa aldeia. A mula de Halimah foi tão rápida que ninguém conseguiu alcançá-la.

Surpreendidos com isso, os outros viajantes disseram: ‘’Filha de Abu Dhu’ayb! Não era essa a mula sobre a qual você partiu conosco?” Eu disse: “Sim, por Allah, é esta!” Eles então disseram: “Por Allah, há algo nela!”

 A terra de Banu Sa’d era a terra mais estéril conhecida por Halimah. No entanto, quando chegaram lá, ela percebeu que sua ovelha pastava e, quando voltava para casa, ela estava satisfeita e cheia de leite. Halimah e seu esposo seguiam uma rotina como os outros moradores mas as ovelhas desses não tinham sequer uma gota de leite. As ovelhas dessas pessoas pastavam e voltavam para casa com o estômago vazio. Na verdade, a ovelha de Halimah pastava lá assim como as outras ovelhas, mas a prosperidade dela era uma bênção de Allah, oferecida ao animal que pertencia à Halimah, uma mulher honrada que amamentava o bebê mais nobre do mundo. Assim, Allah continuou a mostrar as bênçãos para Halimah e seu marido, as quais foram percebidas claramente.

 O menino Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) foi crescendo de uma maneira diferente das outras crianças. Ele possuía uma pele forte antes de atingir os dois anos de idade. Então, Halimah e seu marido o levaram de volta para sua mãe, consumidos pela tristeza de que estariam perdendo a bênção que ele trouxera para a casa deles.
Quando Aminah bint Wahb viu seu filho, os pais adotivos disseram a ela: “Por favor, deixe nosso filho ficar com a gente por mais um ano. Nós tememos por ele a epidemia de Makkah”.

 Eles continuaram a implorar até que Aminah concordou em deixar seu filho com eles por mais um tempo. Dois ou três meses depois de trazê-lo de volta, ocorreu um incidente.

 O menino Muhammad e seu irmão adotivo estavam no quintal com uma ovelha quando seu irmão chegou apressadamente aos seus pais e disse: ‘’Meu irmão Qurayshi foi visitado por dois homens, vestidos com roupas brancas. Eles o deitaram de costas e abriram a barriga dele.’’

 Halimah e seu marido correram em direção ao menino Muhammad. Eles encontraram-no em pé enquanto sua cor mudou. Seu pai o abraçou e disse: “Meu filho, o que aconteceu com você?”

 Ele disse: “Dois homens de roupa branca vieram até mim. Eles me derrubaram e abriram minha barriga. Eles tiraram algo de lá e depois ficaram como estavam’’. Os pais adotivos levaram o menino de volta para casa.

 Seu pai disse: “Halimah, receio que nosso filho tenha sido tocado por algum Jinn(gênio). Então, vamos levá-lo de volta para sua família antes que o que tememos possa aparecer”.

 Então Halimah e seu marido o levaram até a sua mãe. Quando ela os viu, exclamou: ‘O que trouxe vocês de volta? Vocês estavam cuidando dele!’’

 Eles disseram: “Por Allah, nada aconteceu. É só que Allah nos ajudou a pagar nossas dívidas e tememos que algum mal possa acontecer com ele. É por isso que estamos o devolvendo’’.

 Mas a Aminah bint Wahb não acreditou. Ela insistiu para que lhe dissessem a verdade e quando lhe disseram o que aconteceu, ela disse: “Então vocês temem que ele possa ser tocado por Satanás?”

 Halimah disse: ‘’Não, por Allah! Há algo muito bom e especial com o seu filho.’’ ‘’Devo contar-lhes algo sobre ele?’’ perguntou a mãe biológica do menino. Os pais adotivos assentiram. “Quando eu estava grávida dele, me sentia leve, de uma maneira que nunca senti antes. Eu também tive um sonho singular: vi uma luz iluminando os palácios e mercados da Síria e haviam três bandeiras erguidas: uma no Oriente, uma no Ocidente e a terceira sobre a Ka’ba. Além disso, quando eu dei à luz a ele, seu nascimento foi diferente: ele saiu, apoiando-se com as duas mãos e levantando a cabeça para o céu. Então, deixe-o em paz.’’
Halimah entregou o menino a sua mãe biológica.

 Então Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) voltou para o calor do peito de sua mãe e para o cuidado compassivo de seu avô, “Abdul-Muttalib”.

 Aminah abraçava o seu filho amado. Ela sentia um calor único que costumava ter quando estava grávida. Ela percebia essa sensação em todo o seu corpo.

 Seu avô, ‘Abdul-Muttalib, o chefe de Quraysh, não podia suportar a ausência de Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e ele nunca ficaria cansado de olhar para ele. Ele visitava o seu neto na casa de Aminah todos os dias.
Ele perguntava a Aminah: “Como é meu filho Muhammad?” E ele o abraçaria e o abraçaria com carinho. Ele veria em Muhammad a imagem de seu filho ‘Abdullah, que morreu enquanto ele ainda era jovem e cuja morte lhe trouxe uma tristeza enorme. Ele veria em seu neto características surpreendentes que o aumentavam em compaixão e amor por ele.

 Então, ele se tornou um jovem cuja face era iluminada e cujo coração estava cheio de sinais de orientação e transparência. Ele possuía ternura e doçura nas suas palavras. Allah o escolheu como seu mensageiro, e lhe concedeu as melhores qualidades que um homem pode ter.

 Mais tarde, o profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) relataria as experiências de sua infância vivida na tribo de Bani Sa’d.

 Em 630, no ano da abertura de Makkah, travou-se a batalha de Hunayn. Nesse contexto, o Mensageiro de Allah(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) obteve propriedades e cativos de Hawazin como despojos da guerra. Então, uma delegação de Hawazin, que já havia abraçado o Islam, chegou a ele em um lugar chamado Ji’ranah. Eles disseram: ” Ó mensageiro de Allah, somos pessoas tribais e perdemos nossos familiares e pertences na guerra, que agora são espólios e cativos pertencentes a você. Por favor, devolva-nos isso e Allah irá conceder-te o favor”.

 Havia entre os cativos uma mulher chamada Shayma. Ela afirmou ser irmã adotiva do profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e essa notícia chegou a ele. Então, ele não se lembrou de ter uma irmã. Shayma mostrou-lhe compaixão e relembrou uma brincadeira de infância na qual o menino Muhammad(que a paz e as bênçõs de Allah estejam sobre ele) mordia as costas da sua irmã Shayma. Quando o Mensageiro de Allah(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ouviu isso, ele colocou a sua capa no chão mostrando respeito e consideração a sua irmã, que se sentou ao lado dele.

 O porta-voz da delegação, Zuhayr ibn Sard, levantou-se e disse: “Ó mensageiro de Allah, suas tias e mães adotivas que cuidaram de você estão entre os cativos que estão dentro dos recintos. Se tivéssemos amamentado Ibn Abi Shammar ou Nu’man ibn Mundhir esperaríamos bondade e simpatia. E você é o melhor dos que foram amamentados por qualquer mãe adotiva “.

 Então, ele recitou uma passagem poética na qual implorou que o profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) fizesse esse favor ao povo de sua irmã adotiva.

 O Mensageiro de Allah(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quanto ao que é para mim e para os filhos de Abdul-Muttalib, é tudo para Allah e para você”. Nesse momento, Al Ansar(os ajudantes) disseram: “O que nos pertence é para Allah e para Seu mensageiro!”.

 Esse dia foi, de fato, um dia de bondade recíproca. O profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) não tinha a obrigação de libertar os cativos nem de devolver os espólios da guerra. No entanto, o povo de Hawazin havia abraçado o Islam e foram presenteados com isso.

Nota:
(1) Ela quis dizer o seu próprio filho, que era da mesma idade do Profeta(que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).


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