Abu Bakr as-Siddiq, que Allah esteja satisfeito com ele
Abu Bakr as-Siddiq, foi um amigo fiel, um crente devoto e um governador justo e firme.
Abu Bakr (que Allah esteja satisfeito com ele) sempre foi um companheiro muito próximo do Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). Ele o conhecia melhor do que qualquer outro homem, sabia o quão honesto e correto era o Profeta. Tal amizade fez com que Abu Bakr fosse o primeiro homem a seguir a Mensagem do Profeta Muhammad. Ele foi o primeiro homem adulto a aceitar o Islam.
O Profeta disse a Abu Bakr o que havia acontecido no Monte Hira’, que Allah, louvado seja, havia-lhe enviado uma revelação e feito dele Seu Mensageiro. Quando Abu Bakr ouviu isso do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), não parou para pensar, ele imediatamente se tornou um muçulmano. Ele se submeteu ao Islam com tanta determinação que uma vez o próprio Profeta comentou: “Eu chamei as pessoas para o Islam, todos pensaram sobre isso, pelo menos por um tempo, mas esse não foi o caso de Abu Bakr, no momento em que coloquei o Islam diante dele, ele aceitou sem qualquer hesitação.” Assim, ele foi denominado as-Siddiq pelo Profeta, já que sua fé era forte demais para ser abalada por qualquer coisa.
Na verdade, Abu Bakr era mais do que um grande crente, assim que se tornou muçulmano, ele imediatamente começou a pregar o Islam para os outros. Entre aqueles que aceitaram o convite de Abu Bakr para o Islam estavam: ‘Uthman ibn Affan, Az-Zubair, Talhah, ‘Abdur-Rahman ibn Awf, Sa’ad ibn Waqqas e outros que mais tarde se tornaram pilares do Islam.
O amor de Abu Bakr pelo Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) era tão grande que ele estava disposto a sacrificar sua vida para proteger e confortar o Profeta. Tal amor e sacrifício foram demonstrados quando um dia Muhammad oferecia suas orações na Ka’bah, enquanto alguns dos chefes de Makkah estavam sentados no pátio. Vendo o Profeta rezando, ‘Uqbah ibn Abi Mu’it pegou um longo pedaço de pano e colocou-o em volta do pescoço do Profeta e torceu-o com força na tentativa de estrangula-lo (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) até a morte. Naquele momento, Abu Bakr passou de longe e viu ‘Uqbah tentando estrangular o Profeta até a morte. Imediatamente Abu Bakr correu para ajudar o Profeta, ele empurrou ‘Uqbah para o lado e tirou o pano do pescoço do Profeta. Em seguida, os inimigos do Islam caíram sobre Abu Bakr e o espancaram impiedosamente, embora Abu Bakr como uma rocha não se importasse com seu próprio sofrimento, ele estava feliz por ter conseguido salvar o Profeta de Allah, mesmo correndo o risco de perder sua própria vida.
Abu Bakr, com a riqueza que possuía, também teve um papel importante na libertação de alguns dos escravos muçulmanos, que foram barbaramente torturados por seus mestres mushrik (politeístas) para que desistissem da fé e retornassem às crenças de seus mestres. Eles os fizeram deitar nus na areia ardente do deserto, colocando grandes pedras em seus peitos, além de outros tipos de tortura. Aqui a riqueza de Abu Bakr veio em socorro dessas pessoas, pois ele comprou os pobres escravos indefesos de seus senhores desumanos e os libertou. Bilal al-Habashi, o escravo de ‘Umayyah ibn Khalaf, estava entre aqueles que foram libertos por Abu Bakr. Bilal tornou-se posteriormente o mu’adhin na mesquita do Profeta, em Madinah.
Migração para Madinah
O Islam estava crescendo rapidamente em Makkah e os inimigos do Islam ficando frustrados com esse rápido crescimento. Os chefes de Makkah descobriram que era necessário livrar-se do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) antes que o Islam pudesse causar uma ameaça real a eles, então planejaram matar o Profeta. Allah, louvado seja, revelou ao seu Profeta as intenções dos incrédulos e ordenou que ele migrasse para Madinah. Então, o Profeta foi imediatamente para a casa de Abu Bakr, que estava entre os poucos que restaram em Makkah, com a maioria dos muçulmanos já tendo migrado para Madinah.
O Profeta informou a Abu Bakr que havia sido ordenado a migrar para Madinah naquela noite e que o tinha escolhido para se juntar a ele em sua migração. O coração de Abu Bakr estava cheio de alegria: “Estou ansioso por este dia há meses”, exclamou.
Os habitantes de Makkah estavam tão ansiosos para encontrar o Profeta que o procuravam como cães de caça enlouquecidos. Havia cercado e invadido sua casa, mas quem estava dormindo na cama de Muhammad era seu sobrinho, Ali ibn Abi Talib – com o intuito de confundir os perseguidores. Eles, então, seguiram para o monte Hira, assim que chegaram à entrada da caverna – onde Abu Bakr e o Profeta estava escondidos – Abu Bakr empalideceu de medo, ele não temeu por si mesmo, mas pela vida de Muhammad. No entanto, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) permaneceu calmo e disse a Abu Bakr: “não tema, certamente Allah está conosco”. Essas palavras rapidamente acalmaram Abu Bakr e trouxeram de volta a tranquilidade ao seu coração. Uma aranha havia construído sua teia na entrada da caverna e assim os coraixitas passaram sem perceber que havia gente lá dentro. A migração, então, transcorreu perfeitamente.
Participação em Batalhas
Abu Bakr, sendo o mais próximo dos Companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), participou de todas as batalhas que o Profeta Muhammad lutou.
Em ‘Uhud e Hunain, alguns membros do exército muçulmano mostraram sinais de fraqueza, no entanto, a fé de Abu Bakr nunca vacilou, ele sempre permaneceu como uma rocha ao lado do Profeta.
A fé e a determinação de Abu Bakr em levantar a bandeira do Islam eram tão grandes que em Badr, um de seus filhos, que ainda não havia abraçado o Islam, estava lutando entre os inimigos, Abu Bakr estava tão ansioso para encontrar seu filho na batalha que o procurava entre os inimigos para matá-lo.
Durante as negociações de paz em Hudaibiya, o porta-voz dos coraixitas tocava a barba do Profeta de vez em quando. O amor de Abu Bakr pelo Profeta era tão grande que ele não aguentou mais, sacou sua espada e olhou com raiva para o homem dizendo: “… se aquela mão tocar a barba do Profeta novamente, não será permitida seu retorno.”
Tabuk foi a última expedição do Profeta Muhammad. Ele estava ansioso para torná-la um grande sucesso, por isso pediu às pessoas que ajudassem a expedição com o que pudessem. Abu Bakr doou todo o seu dinheiro e utensílios domésticos e empilhou-os aos pés do Profeta.
“Você deixou alguma coisa para seus filhos?” perguntou o Profeta. Abu Bakr, então, respondeu com grande fé “Allah e seu Mensageiro são suficientes para eles.” Os companheiros que estavam ao redor ficaram surpresos, eles perceberam que não importava o que eles fizessem, eles não poderiam superar Abu Bakr na causa de Allah.
O Sucessor do Profeta
O primeiro Hajj sob um governo Islâmico foi no nono ano da Hijrah. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) estava muito ocupado em Madinah para liderar o Hajj, então ele enviou Abu Bakr como seu substituto.
O próprio Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) liderou as orações desde que havia chegado a Madinah. Durante sua última doença, o Profeta não pôde mais liderar as orações, estava muito fraco para ir à mesquita, portanto teve que escolher alguém para assumir tão importante responsabilidade. Abu Bakr também foi quem teve a honra de ser escolhido pelo Profeta para tal tarefa.
Assim, durante a vida do Profeta, Abu Bakr ocupou a posição mais elevada sob o Islam (liderança das orações). Enquanto um dia Abu Bakr estava fora, ‘Umar foi nomeado pelos Companheiros para liderar as orações em sua ausência. Percebendo a mudança de voz, o Profeta disse: “Esta não é a voz de Abu Bakr, ninguém além dele deve liderar as orações, ele é a pessoa mais adequada para esta posição.”
Quando a notícia da morte do Profeta foi divulgada, muitos muçulmanos ficaram confusos e atordoados. O próprio ‘Umar ficou tão emocionado, sacou sua espada e declarou: “Se alguém disser que o Mensageiro de Allah está morto, cortarei sua cabeça.”
Os muçulmanos permaneceram em tal estado até que Abu Bakr chegou e deu fez famoso sermão:
“Ó povo! Se alguém entre vocês adorou Muhammad, que saiba que Muhammad está morto. Mas aqueles que adoraram Allah, que saibam que Ele vive e nunca morrerá… Que todos nós recordemos as palavras do Alcorão, que diz: ‘E Muhammad não é senão Mensageiro; de fato, outros Mensageiros passaram, antes dele. Então, se ele morrer ou for morto, tornareis atrás, virando os calcanhares?’”
De repente, as palavras de Abu Bakr começaram a fazer sentido e, em pouco tempo, a confusão desapareceu.
Tendo absorvido a notícia chocante da morte do Profeta, os muçulmanos perceberam que precisavam de alguém para ocupar a posição de liderança entre eles.
Os dois principais grupos entre os muçulmanos eram Muhajirun (refugiados de Makkah) e Ansar (o povo de Madinah). Os Ansar se reuniram no Thaqifah Bani Saydah, seu ponto de encontro. Sa’ad ibn Abadah, o líder Ansar, sugeriu que o califa deveria ser alguém dentre eles. Embora muitos tenham se recusado, dizendo que os Muhajirun teriam direito a reivindicar o Khilafah. Quando a notícia chegou a Abu Bakr, ele foi rapidamente ao encontro deles, temendo que a confusão pudesse se espalhar mais uma vez, e disse:
“Tanto Muhajirun quanto Ansar prestaram um grande serviço ao Islam. Mas os primeiros foram os primeiros a aceitar o Islam, eles sempre foram muito próximos do Mensageiro de Allah. Então, ó Ansar, que o Califa esteja entre eles.”
Após uma breve discussão, os Ansar concordaram que deveriam escolher o califa entre os Muhajirun, sendo da tribo de Quraish e sendo o primeiro a aceitar o Islam.
Abu Bakr então pediu às pessoas que escolhessem entre ‘Umar ibn al-Khattab e Abu ‘Ubaydah ibn al-Jarrah. Ao ouvir isso, os dois homens se levantaram e exclamaram: “Ó Siddiq, como pode ser isso? Como alguém pode ocupar esta posição enquanto você estiver entre nós? Você rezou em seu lugar, durante sua última doença. A oração é a coisa mais importante no Islam. Com todas essas qualificações, você é a pessoa mais adequada para ser o sucessor do Profeta. Então, estenda a sua mão para que possamos jurar lealdade.”
Mas, Abu Bakr não estendeu a mão. ‘Umar viu que o atraso poderia levar à reabertura das divergências, então ele próprio pegou a mão de Abu Bakr e jurou lealdade a ele. Outros seguiram o exemplo, e Abu Bakr tornou-se o primeiro califa por escolha e consentimento geral dos muçulmanos.
No dia seguinte, Abu Bakr dirigiu-se à reunião de muçulmanos na mesquita do Profeta, instando-os a continuar seu caminho como verdadeiros muçulmanos e a dar-lhes apoio e jurar-lhes lealdade.
O Khilafa (califado) de Abu Bakr
Como califa, Abu Bakr enfrentou muitos desafios, incluindo levantes e rebeliões dentro da comunidade muçulmana. Apesar desses desafios, ele conseguiu unificar a comunidade muçulmana e estabelecer as bases para um estado islâmico forte e estável. Abu Bakr também supervisionou a compilação do Alcorão em um único livro, garantindo que ele fosse preservado para as próximas gerações.
As guerras de apostasia começaram após a morte do Mensageiro de Allah. Durante esse período, um grande número de pessoas apostatou. Portanto, era necessário garantir imunidade para o Islam, defendendo e repelindo aqueles que se opunham ao din ou o atacavam. Então, Abu Bakr equipou os Companheiros para impedir a apostasia.
Durante seu khilafa, os exércitos muçulmanos travaram muitas batalhas difíceis, como a Batalha de Ajnadayn, a Batalha de Marj As-Safar e a Batalha de Yarmouk, que foi uma das batalhas mais famosas de seu período – e, apesar de sua intensidade, os muçulmanos obtiveram uma grande vitória.
Sob o khilafa de Abu Bakr o Islam também conquistou Al-Hirah, algumas cidades do Iraque e algumas cidades do Levante.
Compilação do Alcorão Sagrado
A Batalha de Al-Yamama aconteceu depois que Abu Bakr assumiu o khilafa dos muçulmanos, aconteceu como resultado da apostasia. Os muçulmanos saíram vitoriosos dela, e Musailama, o mentiroso, foi morto nela. Muitos daqueles que apostataram se arrependeram e um grande número de Companheiros que memorizaram o Nobre Alcorão foram martirizados. Então, Abu Bakr pensou em compilar o Nobre Alcorão. Ele ordenou Zaid bin Thabit a coletar todas as partes reveladas do Sagrado Alcorão, aquelas que haviam sido registradas e memorizadas, e assim se deu a primeira compilação do Sagrado Alcorão.
Fontes de pesquisa: Arabian Tongue e Sunnah Online
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