Desprezando a Hawa (Desejos)

Desprezando a Hawa (Desejos)
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“A cada respiração nos aproximamos da morte. O tempo que passamos neste mundo é curto, o tempo que nos manteremos em nossas sepulturas é longo, e a punição por seguir nossos desejos inferiores é calamitosa.” [ibn al-Jawzi (rahimahullah)]

HAWA É A INCLINAÇÃO da própria natureza a tudo que lhe convém e que não deve ser criticado quando se considera algo lícito.


No entando devemos desprezar o que for excessivo no que diz respeito a seguir a Hawa (os desejos). É dito que quando a Hawa é criticada de forma absoluta, significa que ou esse desejo não é permitido ou as pessoas passaram a interpretá-lo de forma legal, portanto o guia ao excesso.
 

Saiba que parte do “eu interior” é intelectual [quando reconhece] a virtude do que é a sabedoria e o vício do que é a ignorância. Parte dele é dedução [quando reconhece] a virtude do que é a dureza e o vício do que é covardia. E parte dele é sensual [quando reconhece] a virtude da castidade e o vício do desejo não reprimido. Expor a paciência diante do vício é um mérito do “eu interior” pelo qual uma pessoa suporta tanto bem quanto o mal. Portanto, quem carece de paciência e permite que sua Hawa (seus desejos) conduza a sua mente, terá feito então do “seguidor”, o “seguido” e do “liderado”, o “líder”. Portanto, é de esperar que tudo o que a pessoa deseja voltará a ela, e que ela vai ser lesada de onde ela esperava se beneficiar. A pessoa se tornará triste por aquilo do qual ela esperava que viesse a felicidade. Na verdade os seres humanos são favorecidos em relação aos animais com a mente (intelecto), que é designado a coibir os desejos (Hawa), portanto, quando uma pessoa não aceita o julgamento de sua mente e permanece pelo julgamento de sua Hawa, o animal se torna melhor do que ela. A partir dos sinais indicativos através dos quais a excelência de se contrariar Hawa é comprovada, está o reconhecimento e a superioridade dos cães de caça sobre os outros cães (comuns), devido à sua capacidade de contradizer sua Hawa e manter o que eles caçam para seu dono, ou por medo da punição ou como uma demonstração de estima.
 

Saiba que o exemplo da Hawa é como o da água que flui solta conduzindo um navio de acordo com sua natureza. Uma pessoa de mente sã deve compreender que suportar as dificuldades quando contradiz sua Hawa é muito mais fácil do que suportar as consequências por tê-la seguido; o mínimo que se espera de uma pessoa que segue sua Hawa (desejos) é o de estar numa condição em que ela não pode apreciar esses desejos nem possui a capacidade para se prevenir do mal de segui-los, acostumando-se com algo que se tornará um vício, assim como essas pessoas que são viciadas em sexo ou álcool.
 

Refletir sobre estes assuntos torna mais fácil para uma pessoa a rejeitar sua Hawa. Dentre as coisas que fazem a Hawa ser desprezível para uma pessoa, é a profunda reflexão de si mesmo, sobre a qual ela vai deduzir que não foi criada para agir em conformidade com a sua Hawa. Um camelo come mais do que pode, um pássaro copula mais do que ele, e os desejos dos animais não tem restrições e eles não conhecem o arrependimento. Assim, [quando se sabe] que a quota de desejos dos seres humanos nunca termina, e quando esses desejos foram deteriorados com as imperfeições [humanas], consequentemente a humanidade deveria saber que todos estes sinais indicam que os homens não foram criados para seguir sua própria Hawa, mesmo assim a desprezada Hawa é o que ultrapassa os limites e o que a mente julga como defeituosa, como já mencionado. Portanto, o que você desejar, se havendo uma necessidade de possuir e que vai lhe auxiliar no seu “eu” para melhor, isso é louvável e não deve ser desprezado.
 

[Disciplining the Soul, capítulo 2, p 23-25, pelo Imam Abul-Faraj ibn al-Jawzi (rahimahullah) (597 H)


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