A Importância de Pais Conscientes na Criação de Muçulmanos Confiantes

A Importância de Pais Conscientes na Criação de Muçulmanos Confiantes
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Existe uma conexão entre o comportamento dos pais que contradiga suas crenças religiosas professadas e resulte no ateísmo em seus filhos?

Essa questão foi objeto de um estudo recente realizado com mais de cinco mil participantes de diversas origens, todos identificados como ateus. Todos os participantes tiveram alguma forma de educação religiosa, mas, em algum momento, optaram por rejeitar a fé na qual foram criados. As descobertas do estudo, publicadas na revista Religion, Brain, & Behavior, tornaram-se o impulso para este artigo. A pesquisa sugere uma correlação entre o comportamento dos pais e a motivação do ateísmo em seus filhos. “As pessoas tendem a se tornar ateus mais jovens, quando seus pais religiosos falam o que falam, mas não seguem o que dizem… O estudo fornece evidências de que a exposição a ações motivadas pela religião desempenha um papel importante no início do ateísmo.” Este estudo foca apenas naqueles que deixaram sua fé e na idade em que o fizeram. Embora não inclua análise e comparação daqueles que permaneceram fiéis à sua fé, fornece informações valiosas sobre o papel crucial e a influência que os pais têm nas crenças religiosas de seus filhos.


Objetivos dos pais

Abandonar a religião é um assunto grave para as comunidades baseadas na fé como um todo. Isso certamente é verdade para os muçulmanos que acreditam que nosso propósito e salvação estão centrados na crença e adoração do Deus único e verdadeiro. Naturalmente, nós, como pais, estamos mais preocupados em prover e nutrir nossos filhos. Normalmente, isso exige um foco em seu bem-estar físico, emocional e social, juntamente com suas necessidades educacionais (religiosas e seculares). Os pais esperam criar indivíduos responsáveis ​​e confiantes que reflitam sua educação e contribuam para a sociedade de maneira produtiva. Embora cada um desses objetivos parentais seja importante por si só, é o nível de priorização e cuidado dado a cada um que é muito influenciado por nosso próprio ambiente e experiências – o de um mundo cada vez mais secular e materialista que impõe demandas constantes ao nosso tempo e energia. Fatores como taxas de divórcio mais altas, pais solteiros e pais que não compartilham as mesmas crenças religiosas moldarão ainda mais a abordagem da paternidade. A quantidade de tempo gasto fora de casa, nas mídias sociais e no entretenimento, em vez de um tempo de qualidade com a família cara a cara, todos têm um impacto nos métodos parentais. Além desses fatores, o declínio global da moralidade tem talvez a maior influência sobre a paternidade hoje.

Implicações para os pais muçulmanos

A comunidade muçulmana não está imune a esses fatores, e estudos mostram que enfrentamos muitos dos mesmos desafios religiosos e sociais que nossos colegas em todo o mundo. 23% dos muçulmanos na América não se identificam mais com o Islam, metade dos quais opta por não se afiliar a nenhuma religião, juntando-se ao grupo global que mais cresce hoje. Estudos comprovam que os muçulmanos estão passando por uma crescente crise de fé, assim como outros grupos religiosos. Além disso, entre as principais razões citadas que levam à dúvida e ao abandono do Islam está o comportamento dos próprios muçulmanos, em termos de conduta pessoal e má interpretação do Islam.

Sem dúvida, os pais são a primeira e principal influência na vida de uma criança. Portanto, a maior e mais importante provisão de todos os pais, a de incutir fé, pode tomar uma direção inusitada — mesmo em lares religiosos. Vale ressaltar que o mesmo estudo também revelou que “…indivíduos religiosos que foram expostos a altos níveis de EAC [exibições para aumento de credibilidade] por seus pais eram mais propensos a relatar a crença na existência de Deus com mais certeza”. O exemplo de uma EAC é visto em pais que adoram com o mesmo empenho e regularidade que ensinam e depositam expectativas em seus filhos. Além disso, os EACs são formadas e reforçadas por meio de outras ações e interações religiosas e morais dos pais, como ser consistentemente verdadeiro, caridoso e justo – em casa, no local de trabalho e em ambientes sociais.

Qual é a solução? Simplificando, os princípios e valores islâmicos são atemporais, abrangentes e holísticos em relação a todas as experiências e desafios da vida, incluindo aqueles que vêm com a paternidade. As descobertas deste estudo corroboram em muitos aspectos os ensinamentos islâmicos no que diz respeito à relação entre os pais e a transmissão efetiva da fé aos filhos. Vários argumentos podem ser feitos em favor da abordagem islâmica da paternidade para proteger contra as descobertas desfavoráveis ​​deste estudo. A primeira e mais óbvia é a necessidade de os pais nutrirem ativamente a fé desde o nascimento. Este é o primeiro passo essencial no caminho para aumentar a confiança da próxima geração de muçulmanos, que serão equipados com conhecimento sólido, convicção em sua crença e prática do Islam, e caráter reto e empático. É esta base moral e religiosa que irá capacitá-los e motivá-los a contribuir para a sociedade de forma produtiva e significativa. Este artigo serve como uma cartilha para o tópico da paternidade no Islam, abordando seu aspecto principal – o papel do comportamento dos pais em incutir fé em seus filhos.

O relacionamento pai-filho é construído sobre a fé em seu núcleo

O Islam atribui aos pais a guarda e a responsabilidade primária por seus filhos em termos de bem-estar físico, emocional e espiritual. A paternidade no Islam faz parte da responsabilidade pessoal e da submissão a Allah através da conduta virtuosa e do serviço à Sua criação. Isso foi ensinado e exemplificado pelo Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) que disse que “…um homem é um pastor encarregado dos habitantes de sua casa e ele é responsável por seu rebanho; a mulher é pastora que cuida da casa e dos filhos do marido e é responsável por eles…” (Sunan Abi Dawud 2928, sahih al-Albani). Esta obrigação traz consigo a nobre incumbência de salvaguardar a fé dos próprios filhos e, por sua vez, a fé das gerações vindouras e da sociedade em geral. A paternidade vem das abundantes provisões e bênçãos de Allah. Tal como acontece com todas as bênçãos, também faz parte do teste da vida neste mundo – que exige esforço sincero e gratidão em todos os momentos, para o qual há, por sua vez, uma tremenda recompensa de Allah. O Alcorão afirma:

“E sabei que vossas riquezas e vossos filhos vos são provação e que, junto de Allah, há magnífico prêmio.” (Al-Anfal, 8:28)

Allah reconhece o compromisso e o sacrifício que os pais fazem neste esforço altruísta, honrando-os com a mais alta consideração, depois de Allah e do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).

E recomendamos ao ser humano benevolência para com seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente, e o dá à luz, penosamente. E sua gestação e sua desmama são, ao todo, de trinta meses; e ele desenvolve-se, até que, quando atinge sua força plena e atinge os quarenta anos, diz: “Senhor meu! Induz-me a agradecer-Te a graça, com que me agraciaste, a mim e a meus pais, e a fazer o bem que Te agrade; e emenda-me a descendência. Por certo, volto-me arrependido para Ti e, por certo, sou dos moslimes.” (Al-Ahqaf, 46:15)

Uma base parental sólida no Alcorão e na Sunnah

A base para uma boa parentalidade está claramente estabelecida no Alcorão e na Sunnah. Recebemos instruções e lições através das narrativas dos nobres profetas e mensageiros, como as de Ibrahim, Yaqub e Luqman (que a paz esteja sobre eles). Relatos detalhados são encontrados na biografia (sirah) e na metodologia do último Profeta, Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). Eles incorporam a importância de ensinar a Unicidade de Allah (tawhid), sinceridade em tudo que é relativo à adoração e assuntos mundanos (ikhlas), bom caráter (akhlaq), etiqueta e a comportamento apropriado em todas as situações (adab) dentro da estrutura islâmica de justiça e compaixão. Esses objetivos dos pais são enfatizados em textos sagrados como parte do guia completo para a humanidade sobre como priorizar as necessidades da criança para garantir o bem-estar espiritual e físico neste mundo, bem como o sucesso na outra vida. Como em todas as ações deliberadas que empreendemos, a paternidade exige uma intenção sincera. Isto é demonstrado através de súplicas (du’a) pela prole, mesmo antes da concepção, por toda a vida e pelas gerações futuras. Dos belos exemplos disso no Alcorão é a súplica da mãe de Mariam que buscou proteção em Allah contra os males do Shaitan para seu filho ainda não nascido e a futura progênie por vir. (E, quando deu à luz a ela, disse: “Senhor meu! Por certo, dei à luz uma varoa.” E Allah era bem Sabedor de quem ela dera à luz – “E o varão não é igual à varoa. E, por certo, chamei-lhe Maria. E, por certo, entrego-a, e sua descendência, à Tua proteção, contra o maldito Satã”: Quran, 3:36)

O conselho parental é encontrado na Surata Luqman na forma das palavras de Luqman a seu filho:

“E, com efeito, concedemos a sabedoria a Luqman, dizendo-lhe: “Agradece a Allah. E quem agradece agradece, apenas, em benefício de si mesmo. E quem é ingrato, por certo, Allah é Bastante a Si mesmo, Louvável.” E quando Luqman disse a seu filho, em o exortando: “Ó meu filho! Não associes nada a Allah. Por certo, a idolatria é formidável injustiça.” – E recomendamos ao ser humano a benevolência para com seus pais; sua mãe carrega-o, com fraqueza sobre fraqueza, e sua desmama se dá aos dois anos; e dissemo-lhe: “Sê agradecido a Mim, e a teus pais. A Mim será o destino. E, se ambos lutam contigo, para que associes a Mim aquilo de que não tens ciência, não lhes obedeças. E acompanha-os, na vida terrena, convenientemente. E segue o caminho de quem se volta contrito para Mim. Em seguida, a Mim será vosso retorno; então, informar-vos-ei do que fazíeis – Ó meu filho! Por certo, se há algo do peso de um grão de mostarda e está no âmago de um rochedo, ou nos céus ou na terra, Allah fá-lo-á vir à tona. Por certo, Allah é Sutil, Conhecedor. Ó meu filho! Cumpre a oração e ordena o conveniente e coíbe o reprovável e pacienta, quanto ao que te alcança. Por certo, isso é da firmeza indispensável em todas as resoluções. E não voltes, com desdém, teu rosto aos homens, e não andes, com jactância, pela terra. Por certo, Allah não ama a nenhum presunçoso, vanglorioso. E modera teu andar e baixa tua voz. Por certo, a mais reprovável das vozes é a voz dos asnos.” (Luqman, 31:12,19)

Esses versículos do Alcorão contêm instrução, sabedoria e conselhos sobre submissão e adoração a Allah. Eles fornecem orientação sobre como interagir com Sua criação com confiança, perseverança e humildade. De seus muitos benefícios, eles destacam a perfeição e a natureza holística e equilibrada do Islam. O Alcorão não é apenas a fonte de orientação para fortalecer a própria fé; mas também ensina como construir um vínculo amoroso com os filhos e como incutir fé neles. É esta prescrição que permite que as crianças cresçam como muçulmanas exemplares, que por sua vez se tornam um meio de recompensa para seus pais. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quando uma pessoa morre, toda ação é interrompida para ela, com exceção de três coisas: sadaqa [caridade] contínua, conhecimento benéfico, ou um filho justo que faz súplicas por ela.” (Al-Adab al-Mufrad 38, sahih Al-Albani)

Todos os humanos nascem na fitrah

O conceito de fitrah é mencionado no Alcorão e na Sunnah como o aspecto inato da natureza humana com o qual cada um de nós nasce. A fitrah é naturalmente inclinada para a adoração de Allah e para a moralidade. Quando os pais fornecem o ambiente ideal para fortalecer e manter a disposição natural da criança de acreditar em Allah e viver de acordo com a bússola moral e a orientação que o Islam fornece, a fitrah permanecer forte e protegida da corrupção, permitindo que a criança permaneça firme na fé e na prática.

Pesquisas na área da psicologia infantil mostraram que as crianças, desde os primeiros estágios de desenvolvimento, exibem uma inclinação para o bem sobre o mal, para a justiça, bondade e empatia pelos outros. “Os seres humanos são predispostos por sua fitrah a encontrar propósito e prosperidade no mundo, então eles clamam por orientação e cuidado, observam seus arredores, interpretam seu ambiente, buscam padrões de comportamento moralmente corretos e anseiam por uma existência digna da amizade de Deus… A fitrah é, portanto, composta de um aparato conceitual com funções de processamento ético, espiritual e intelectual pelas quais a realidade externa é tornada significativa, e a jornada da vida em direção a Deus é apropriadamente concebida”. Outra manifestação da fitrah é descrita no Alcorão como instinto natural do homem para invocar Allah em momentos de desamparo e a extrema necessidade de intervenção divina.

“E, quando os encobrem ondas, como dosséis, invocam a Allah, sendo sinceros com Ele, na devoção; então, quando Ele os traz a salvo a terra, há, dentre eles, o que é moderado e o que é negador. E não nega Nossos sinais senão todo pérfido, ingrato” (Luqman, 31:32)

O que pode desviar a criança do caminho da fé?

Então, o que pode dar errado corrompendo a fitrah e tirando a criança do caminho da fé? Uma narração do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) fala diretamente sobre o papel dos pais: “Nenhuma criança nasce exceto em estado de Al-Fitra (Islam) e então seus pais o fazem judeu, cristão ou mago, como um animal produz um filhote perfeito: vós vedes alguma parte de seu corpo amputada?” (Bukhari, vol. 6, livro 60, hadith 98). Este hadith afirma duas verdades fundamentais: primeiro, que as crianças nascem com a inclinação para reconhecer e adorar a Deus, depois disso, elas ficam sob a influência de seus pais que irão nutrir essa inclinação ou ensiná-las a rejeitá-la. No Islam, os pais assumem a responsabilidade primária de fornecer a seus filhos os meios ideais para fortalecer e manter sua fé. O Islam nos ensina que a fitrah permanece suscetível ao ataque constante do Shaitan.

“Satã disse: “Então, pelo mal a que me condenaste, ficarei, em verdade, à espreita deles, em Tua senda reta. Em seguida, achegar-me-ei a eles, por diante e por detrás deles, e pela direita deles e pela esquerda deles, e não encontraras a maioria deles agradecida.” (Al-Araf ,7:16-17)

Ele tentará nos desviar por todos os meios disponíveis nas interações diárias que temos com o mundo em geral, incluindo as pessoas próximas a nós que têm a maior capacidade de influenciar nossa espiritualidade e fé – incluindo nossos próprios pais.

“Os servos de Allah são inerentemente compelidos por sua fitrah a amar a Allah, embora entre eles estejam aqueles que corrompem esta fitrah… E este amor por Allah se intensifica de acordo com o conhecimento da pessoa. E isto diminui com o conhecimento diminuído e a poluição da fitrah daquele com desejos vãos e corruptos.” (Ibn Taimiyah, Dar ta’rud al-aql wal-naql)

Autoestima e uma identidade muçulmana confiante

O impacto da Islamofobia e outros fatores

O termo Islamofobia internalizada denota o impacto nocivo da Islamofobia sobre os muçulmanos – aquele que se apega firmemente ao indivíduo, criando medo, dúvida e, eventualmente, distância de Deus e da religião. Este é apenas um fator, hoje em dia, no espectro das causas profundas prevalentes, tanto de fora quanto de dentro de casa, que podem ter efeitos prejudiciais sobre a autoestima e a fé de uma pessoa. Cada um desses fatores, muitas vezes traumáticos, merece um discurso próprio além do abordado neste artigo. No entanto, os pais desempenham um papel crucial na superação desses desafios, dado o impacto sobre a autoestima e a fé das crianças. É fundamental que os pais criem uma base sólida e uma compreensão adequada do Islam em relação às crenças centrais da criança (aqidah). Eles devem fornecer a contextualização adequada, através da qual se deve aplicar essas crenças em todos os aspectos da vida diária, como é o objetivo de todo muçulmano consciencioso. Experimentar a vida através das lentes do Alcorão e da Sunnah fortalece a identidade muçulmana, bem como fornece a resposta apropriada para cada situação, seja aquela situação que apoia ou desafia a identidade central.

Inculcando o amor de Allah

Claramente, não é suficiente que os pais limitem os ensinamentos e a prática do Islam apenas a atos ritualísticos de adoração em tempos e lugares específicos, como infelizmente é amplamente difundido hoje. Em vez disso, é a consciência de Allah, Seus Nomes e Atributos, e o desejo de se conectar a Ele por amor e submissão – que deve estar na vanguarda do que é ensinado e aplicado em todos os momentos, para fortalecer essa identidade. Além disso, a autoestima é desenvolvida a partir da percepção de que Allah concede o status mais nobre aos Seus amados servos. Esses conceitos são ainda mais reforçados pelos pais por meio da demonstração de amor, encorajamento e reconhecimento da criança – e, sempre que possível, com o suporte adicional de ideias similares. Um dos objetivos centrais do Islam é fortalecer o indivíduo tanto espiritual quanto na prática, colocando grande ênfase no esforço coletivo, conforme exemplificado pelo modelo profético de vida familiar e comunitária.

Tomando os Sahabas como modelos

Muitos dos sahabas – Companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) – estavam no auge de sua juventude ou eram ainda crianças que cresceram em sua companhia. Suas biografias fornecem frutos abundantes para nutrir as mentes jovens e incentivá-las a imitar os louváveis ​​traços de caráter e conduta desses modelos fenomenais que estão entre os melhores da humanidade. Embora eles exemplifiquem fé em ação, firmeza e convicção, eles também eram os principais modelos de empatia e bondade. Dada a mentalidade egoísta e orientada para o individualismo no dias de hoje, é importante encorajar essas qualidades positivas para construir um nível saudável de autoestima e confiança, ao mesmo tempo em que protege contra a arrogância ou o fanatismo.

Efeitos adversos sobre a fé

Voltando ao estudo do ateísmo, podemos traçar paralelos entre a constatação de que a perda de fé nas crianças está ligada às práticas parentais e enumeramos os seguintes cenários problemáticos que têm implicações para os pais muçulmanos:

  1. Quando um ou ambos os pais mal praticam o Islam (ou não o praticam)

O casamento e a vida familiar são centrais para os ensinamentos islâmicos e a preservação da fé a nível individual e coletivo. Portanto, quando um ou ambos os pais não são muçulmanos praticantes, isso certamente terá um impacto na transmissão da fé para a criança. Duas abordagens principais – uma preventiva e outra corretiva – fornecem a solução para salvaguardar a fé da criança neste cenário. A primeira é a escolha do cônjuge e a importância de escolher um muçulmano praticante como parceiro de vida, para quem o Islam é tanto o foco espiritual quanto a prática para todos os aspectos da vida diária e religiosa. A segunda é lembrar que nunca é tarde demais para começar essa jornada como pais. Incutir e nutrir a fé é um trabalho em andamento para pais e filhos. A Misericórdia de Allah é ilimitada – especialmente para aqueles que buscam sinceramente o Seu Caminho.

  • O envolvimento ativo dos pais trabalhando para incutir fé nos filhos

O Islam reconhece as forças individuais, contribuições e o papel de cada pai, enquanto enfatiza a importância de trabalhar em conjunto para apoio e benefício mútuos. Isso é incentivado em todos os aspectos do casamento, no que diz respeito ao relacionamento entre os cônjuges e inclui o relacionamento com os filhos e sua educação.

  • A suposição de que as crianças descobrirão seu próprio caminho para a fé e uma falha em estabelecer limites quando se trata de crença religiosa

Esta é claramente uma suposição falsa, uma vez que os papéis e responsabilidades dos pais definidos no Alcorão, e exemplificados pelo Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) conforme detalhado acima, envolvem incutir ativamente a fé em seus filhos. A paternidade no Islam requer envolvimento ativo desde o nascimento para proteger e fortalecer a fitrah e ensinar, por exemplo, a compreensão e prática corretas do Islam, dentro de seus limites estabelecidos.

Armadilhas adicionais para pais muçulmanos, não mencionadas diretamente no estudo, mas que podem ser derivadas dele incluem:

  • A suposição de que escolas islâmicas, programas de mesquitas e similares são suficientes como fonte primária de educação islâmica e educação religiosa (tarbiya)

Isso decorre do pensamento de que esses valiosos recursos são suficientes (sem o reforço e envolvimento ativo dos pais) para se proteger contra os efeitos nocivos multifacetados do secularismo, liberalismo, ateísmo e Islamofobia a que nossos filhos são fortemente expostos diariamente, por meio da escola, pressão dos colegas, mídia social e entretenimento.

  • Priorizar a educação secular sobre a educação islâmica

Quando a educação secular se torna o ponto focal, às vezes substitui a instilação da fé e o estabelecimento de uma identidade muçulmana como o núcleo sobre o qual construir todo o conhecimento e educação, tanto religiosos quanto seculares.

O conhecimento é uma ferramenta essencial

Os pais como fontes primárias de conhecimento

Buscar conhecimento é uma obrigação para todo muçulmano. Além disso, o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah torna o caminho para Jannah fácil para aquele que trilha o caminho em busca de conhecimento” (Sahih Muslim). Esta declaração contém profunda sabedoria para cada um de nós – e particularmente para os pais que se tornam a primeira e principal fonte de conhecimento desde o momento em que seus filhos chegam a este mundo. Os pais fornecem o ambiente inicial através do qual seus filhos filtram e absorvem o mundo durante seus anos de formação. Isso acontece tanto pela interação pais-filhos, quanto pela criança observando e imitando o comportamento de seus pais.

A imitação é uma forma poderosa de aprendizado

Um estudo realizado na Universidade de Washington afirma: “A imitação é uma forma poderosa de aprendizado comumente usada por crianças, adultos e bebês. O entusiasmo de uma criança pelo comportamento de imitação estimula a atenção e a interação dos pais e fornece um mecanismo para transmitir um comportamento cultural e social apropriado. Embora a simples imitação seja evidente no período pós-natal, por volta dos 14 meses os bebês lembram e repetem ações que observam em adultos, em outras crianças e na televisão. Os jogos de imitação fornecem experiência inicial no mapeamento das semelhanças entre o eu e o outro. Imitação comportamental, empatia e sentimentos morais podem fazer parte do mesmo caminho de desenvolvimento” (Andrew Meltzoff). Assim, a fé e a prática das crianças refletirão a compreensão de seus pais sobre o Islam e o comportamento de seus pais de acordo com essas crenças – seja aquilo correto, desinformado, ou incompreendido. O nível de convicção com que os pais são capazes de comunicar a religião afetará a convicção e a confiança de seus filhos. De acordo com o estudo do ateísmo, não é surpresa que os pais, cujo comportamento correspondia às suas crenças religiosas, fossem mais propensos a ter filhos que continuaram a professar essas crenças na adolescência.

Ação parental com ihsan e yaqin

Transmitir o Islam ao filho com sinceridade, excelência e devida diligência (ihsan) significa elevar o nível para si mesmo primeiro, com o melhor de sua capacidade. Portanto, os pais devem estar em constante busca de conhecimento sólido para aumentar sua própria compreensão e prática do Islam – além de adquirir conhecimento secular e as habilidades necessárias para lidar com os assuntos mundanos. Além disso, deve-se abordar quaisquer questões, preocupações e dúvidas que possam existir para primeiro construir uma convicção (yaqin) em si mesmo. Isso, por sua vez, se tornará uma fonte de força e inspiração para a criança, bem como os meios para enfrentar os desafios futuros com confiança e clareza para ajudar a construir a fé e a convicção da criança.

Islam e imaan

Segue-se logicamente que os próprios pais devem ter uma compreensão correta das crenças centrais do Islam (aqidah) como base sobre a qual construir e incutir fé em seus filhos. Com relação à palavra fé, há uma distinção teológica entre as duas palavras árabes, muitas vezes sinônimas de “fé” – Islam e imaan. A primeira é usada em um sentido geral para denotar a própria religião. Já a última denota uma definição muito mais complexa de fé que emana com sinceridade do coração e influencia a fala e as ações de alguém. Imaan está presente em vários níveis de força, em qualquer momento, de modo que é inteiramente possível reivindicar e até praticar o Islam externamente com pouca ou nenhuma convicção no coração. Rituais como oração, caridade e jejum, juntamente com ações moralmente corretas são manifestações de imaan quando acompanhadas de sinceridade, assim como traços de caráter virtuoso, como honestidade e modéstia.

Viés cultural e normas sociais

Além de fazer um esforço para aprender e praticar o Islam autêntico, é igualmente importante que os pais estejam cientes de quaisquer preconceitos culturais que possam ter moldado sua compreensão do Islam. Estes podem ser transmitidos automaticamente, de geração em geração, muitas vezes resultando em uma visão distorcida das crenças e práticas religiosas de uma pessoa. É importante notar que o Islam dá ampla permissão às normas culturais e contexto social. Um exemplo disso é o vasto espectro de alimentos e roupas permitidos para escolher, todos únicos a cada cultura. Os preconceitos aqui referidos são aqueles que ultrapassam os limites da religião, caindo em interpretações errôneas e crenças e práticas incorretas. Fatores adicionais que exigem um esforço consciente para adquirir conhecimento sólido são o surgimento do secularismo, o chamado para um Islam mais progressista e reformado para os tempos modernos, além dos muitos conflitos percebidos e equívocos que surgiram como resultado. Todos esses fatores são desafiadores para transitar com sucesso sem o conhecimento tanto da estrutura correta do Islam, quanto da compreensão do contexto atual.

A necessidade de recursos parentais

Sem dúvida, há uma necessidade de maior conscientização em toda a comunidade e recursos projetados especificamente para que os pais estejam mais bem equipados para enfrentar os desafios de hoje. O Instituto Yaqeen (yaqeeninstitute.org – fonte em língua inglesa) é uma porta de entrada para material autêntico e relevante, assim como outras organizações islâmicas estabelecidas e emergentes em nível comunitário e via internet. Se houver mesquita local, ela pode fornecer recursos apropriados, juntamente com a companhia de membros da comunidade que pensam da mesma forma. A internet, com discernimento, oferece programas autênticos e credenciados para todas as categorias de alunos, desde os pais que ficam em casa, que trabalham, até aqueles que procuram complementar sua educação. Além disso, os programas projetados especificamente para atender às famílias, como conferências islâmicas, escolas de fim de semana e grupos de apoio aos pais, também são importantes. Acima de tudo, está a necessidade individual de uma rotina diária de lembrança de Allah (dhikr) para construir uma forte conexão com Ele, como meio de cumprir o propósito de uma vida como crente e pai/mãe que deseja incutir fé em seus filhos.

Pratique o que você ensina

Uma das principais descobertas do estudo do ateísmo foi que, nos casos em que os pais não agiam de acordo com suas crenças professadas, seus filhos abandonavam a religião mais cedo. O fator de credibilidade no comportamento dos pais pode ser a diferença entre fé, dúvida e rejeição da fé por parte da criança. Da perspectiva islâmica, a sinceridade exige que a pessoa seja verdadeira, diligente em se abster da hipocrisia e consistente em sua crença e prática, da melhor maneira possível. Em um relato detalhado dos numerosos níveis e características da hipocrisia, Ibn Al-Qayim mencionou que a tolice e a cegueira são atribuídas à hipocrisia. Aqueles que exibem essas características carecem de discernimento espiritual, são propensos a cair na dúvida e seguir seus desejos. Eventualmente, isso pode levar a uma contradição entre crença e prática – e, em última análise, a menosprezar a religião.” (Ibn al Qayim: Características dos hipócritas)

E o Mensageiro dirá: “Ó Senhor meu! Por certo, meu povo tomou este Alcorão por objeto de abandono!” (Alcorão 25:30)

A inconsistência no comportamento dos pais alimenta o conflito, a dúvida e a falta de convicção, construindo o caso para a rejeição da fé. Infelizmente, isso se tornou um fenômeno comum hoje. Um exemplo óbvio disso envolve os pais esperando que a criança observe as cinco orações obrigatórias diárias enquanto eles mesmos são inconsistentes em fazê-lo. No entanto, muitos ficam se perguntando por que a criança se recusa a rezar ou inventa desculpas para não o fazer. As contradições entre fé e ação podem estar presentes em outras áreas, como as interações diárias e a visão geral da vida, seja no local de trabalho ou em ambientes sociais – todos observados e escrutinados pela criança. Isso é corroborado pelos recentes estudos de dúvidas, conduzidos com muçulmanos, que apontam para o comportamento dos próprios muçulmanos como um dos principais fatores que contribuem para dúvidas sobre o Islam.

Extremos e respostas reacionárias

Quando a ação decorre de conhecimento impreciso ou parcial, logicamente levará a decisões mal informadas que podem cair em extremos doentios quando se trata de como os pais se comportam em relação às suas crenças religiosas. Um exemplo disso é a visão liberal e progressista de muitos pais modernos que diminuem a importância da existência de limites específicos estabelecidos pelo Islam, tornando-os complicados ou colocando-os em conflito com as normas vigentes. Isso pode ser contrastado com o extremo oposto de rigidez falsamente atribuída ao Islam que alguns pais impõem a seus filhos – a ponto de levar a dificuldades indevidas e controle excessivo.

Essas abordagens distorcidas no comportamento dos pais naturalmente terão um impacto no resultado e no sucesso com que estes incutem fé em seus filhos. Por exemplo, a negligência de ações obrigatórias, ou o foco apenas nos rituais externos, tradição ou aparência, em lugar da ênfase no relacionamento da criança com Allah, ambos carregam o potencial de grande dano. Os pais podem involuntariamente afastar seus filhos da verdadeira fé e prática. Isso pode resultar na identificação da criança com o Islam principalmente em um contexto cultural e social ou rejeitá-lo completamente devido à falsa percepção de que o Islam é duro e opressivo. Da mesma forma, isso também pode levar a conflitos religiosos dentro de casa entre pais e filhos. O Islam dá grande ênfase à importância do equilíbrio em todos os aspectos da vida, incluindo práticas religiosas. O segredo é evitar extremos e buscar consistência, com equilíbrio entre compaixão e disciplina, conforme ensinado e exemplificado pelo Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).

“… Concedêramos-lhe, dos tesouros, aquilo cujas chaves extenuam um coeso grupo, dotado de força – quando lhe disse seu povo: “Não te jactes de teus tesouros. Por certo, Allah não ama os jactanciosos.” (Alcorão 28:77)

Consolo para os pais em dificuldades

Uma descoberta importante no estudo do ateísmo é que uma correspondência entre crenças e práticas professadas não é o único fator determinante, nem sempre fornece uma explicação completa sobre a razão pela qual as pessoas creem ou não. Isso se alinha com o princípio islâmico fundamental de que é Sabedoria e Decreto Divinos que, em última análise, prevalece em todos os assuntos – neste caso, acima e além do esforço dos pais para incutir fé em seus filhos. Os pais que se encontram em perigo, confrontados com a realidade do conflito religioso ou abandono da fé por parte de seus filhos, são reconhecidos e recompensados ​​por sua paciência, firmeza e esforço sincero para cumprir sua responsabilidade aos olhos de Allah. Também é importante reconhecer a dor e o sofrimento que eles experimentam como consequência. O Islam oferece consolo espiritual ao confiar na Misericórdia e Sabedoria de Allah, bem como orientação para buscar soluções práticas. Há uma tremenda necessidade de maior conscientização e encorajamento para buscar ajuda e apoio de recursos externos cumprindo os objetivos islâmicos de paternidade e vida familiar. Isso deve ser procurado conforme necessário por meio de consultas com familiares e amigos, um imam local, grupos de apoio, assistência médica, aconselhamento, etc.

Sem dúvida, as pessoas encontram experiências que alteram a vida e, às vezes, traumáticas além de seu controle. Embora estes sejam reconhecidos como fatores válidos que contribuem para a dúvida ou rejeição da fé em um filho, também deve ser declarado que eles não apontam para o fracasso por parte dos pais. O Islam ensina a esperança na Misericórdia de Allah e coloca grande ênfase no poder da oração como parte de ter fé e confiar em Allah. O resultado é, em última análise, apenas com Allah, como comprovado nos exemplos poderosos dos pais mais justos e nobres que foram testados com esses mesmos desafios, como Nuh e Yaqub (que a paz esteja sobre eles). No caso do primeiro, o filho se extraviou, enquanto no caso do segundo, os filhos acabaram se redimindo.

Entre as muitas bênçãos e sabedorias de ser testado nesta vida está que Allah testa Seus amados servos para aproximá-los d’Ele, recompensá-los, elevá-los na classificação e fazer desse teste um meio de perdão. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Nenhuma fadiga, nem doença, nem tristeza, nem sofrimento, nem mágoa, nem angústia recai sobre um muçulmano, mesmo que seja a picada que ele recebe de um espinho, sem que Allah expie alguns de seus pecados por isso.” (Sahih Bukhari). Tanto a presença quanto ausência da provisão de uma pessoa são manifestações da Sabedoria e bênçãos divinas através das quais os pais são testados por sua gratidão e perseverança. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Estranhos são os caminhos de um crente, pois há algo de bom em todos os seus assuntos e isso não é o caso de mais ninguém, exceto de um crente, pois se ele vive uma ocasião prazerosa, ele agradece (a Allah), portanto há um bem para ele nisso, e se ele se envolve em problemas e mostra resignação (e suporta pacientemente), há um bem para ele nisso.” (Sahih Muslim). Allah assegura aos crentes que eles nunca estão sozinhos e abandonados, e Ele os instrui a buscar ajuda através da paciência e oração. Este é o poder da súplica (du’a) e da confiança em Allah como exemplificado nas súplicas compreensivas e eloquentes no Alcorão e na Sunnah.

E os que dizem: “Senhor nosso! Dadiva-nos, da parte de nossas mulheres e de nossa descendência, com alegre frescor nos olhos e faze-nos guia para os piedosos.” (Alcorão 25:74)

O modelo profético como solução para todos os tempos

O modelo profético nos oferece muito mais do que uma referência histórica de 1400 anos a uma sociedade florescente construída sobre firmes padrões morais e adoração ao único Deus verdadeiro. Ele não apenas representa o ápice de todos os ideais islâmicos, incluindo os objetivos e a metodologia dos pais, para os muçulmanos de todo o mundo, mas também contém em si a solução para uma vida vivida em todo o seu potencial – para toda a humanidade, para todos os tempos. Portanto, o modelo profético nos fornece o plano de ação mais eficaz, prático e recompensador para garantir o sucesso neste mundo e no outro.

Inculcar traços de caráter profético

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) incorporou as qualidades ideais para todos os humanos e, neste caso, para os pais, imitarem. Ele ensinou e demonstrou convicção em suas crenças. A conclusão mais importante é que ele liderou pelo exemplo – estabelecendo firmemente que o comportamento dos pais e o modelo correto de fé são essenciais para incutir fé nos filhos. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) adotou uma abordagem carinhosa de seus relacionamentos, construindo confiança e credibilidade como base. Ele mostrou compaixão e empatia, mantendo a autodisciplina e equilíbrio em todos os aspectos da vida, com consistência e ihsan em suas próprias ações e tolerância à facilidade quando se tratava das ações dos outros. Está bem documentado que ele era particularmente gentil e afetuoso com as crianças. Ele era conhecido por ser amoroso e respeitoso, não apenas com seus próprios filhos e netos, mas com todas as crianças. O ponto mais abrangente que podemos tirar do modelo profético é que ele investe seu tempo e atenção naqueles ao seu redor – adultos e crianças. Cada encontro com ele tornava-se um meio de transmitir algum benefício, mesmo que fosse um sorriso para trazer felicidade, tranquilidade ou alívio. Cada indivíduo percebia sua importância e valor na companhia do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), sentindo-se amado, elevado e fortalecido, tanto espiritualmente quanto na prática. Esta demonstração autêntica e bela do Islam teve um impacto poderoso. Ela se tornaria a base de um número incontável de pessoas que entrariam de todo o coração no Islam e o estabelecimento da fé e de vínculos duradouros com indivíduos e, por sua vez, comunidades inteiras. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) suportou o peso do mundo como o último Mensageiro de Allah e como o primeiro chefe de Estado do mundo muçulmano, mas ainda assim teve tempo para cumprimentar as crianças e brincar com elas. Seus netos cavalgavam em seus ombros e ele os abraçava com frequência.

Abu Huraira narrou que al-Aqra’ Bin Habis viu o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) beijando Hasan. Ele disse: Eu tenho dez filhos, mas nunca beijei nenhum deles, então o Mensageiro de Allah disse: Aquele que não mostra misericórdia (para com seus filhos), nenhuma misericórdia será mostrada a ele. (Sahih Muslim)

O modelo profético de ensinamento

O modelo profético de ensinamento é mais uma discussão em si. (Para mais informações, baixe o livro “O Método do Profeta para Corrigir os erros das Pessoas, na seção de livros deste site: clique aqui – caráter e autoconhecimento). Entre suas técnicas e sabedoria ilimitada está a abordagem compassiva e comedida para inculcar o comportamento correto. Isso é ilustrado através da legislação gradual e estabelecimento de uma série de obrigações religiosas, como oração (salah), caridade (sadaqah e zakah), jejum (saum) e peregrinação (Hajj). Os versículos do Alcorão em relação à proibição de intoxicantes, por exemplo, foram divinamente revelados de forma sistemática para levar os primeiros muçulmanos a uma implementação bem-sucedida e sustentável de sua decisão final, através do estabelecimento de fé e convicção, e sem colocar dificuldades indevidas sobre uma sociedade que estava acostumada a consumir álcool antes do Islam.

Além disso, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) usava histórias e parábolas como meios eficazes de ensino e comunicação. Ele era conhecido por repetir instruções específicas para reforçar sua importância. Alternativas viáveis ​​foram oferecidas para redirecionar ao comportamento correto, facilitar e evitar constrangimento. Acima de tudo, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) foi abençoado de maneira única com um nível de inteligência emocional que lhe permitiu interagir com cada indivíduo em termos do que era mais adequado para aquela pessoa, naquele momento, a fim de trazer o maior benefício para cada indivíduo. Deve-se destacar que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) exibiu notável paciência ao lidar com as pessoas – mesmo aquelas que se opunham a ele calorosamente.

A metodologia profética de corrigir e aconselhar

A metodologia profética de corrigir o comportamento dos outros está ancorada na sinceridade para com Allah. Como foi mencionado acima em relação à necessidade de consistência entre as próprias crenças e ações, a sinceridade é um pré-requisito para os pais em termos de seu próprio comportamento e ao tentar corrigir ou aconselhar seus filhos. Numerosos exemplos da sirah (história) do Profeta detalham o reconhecimento e a permissão para a falibilidade de todos os humanos. Muito pode ser colhido da abordagem diferenciada do Profeta às pessoas com base em seu relacionamento com elas. A maneira como ele corrigia um companheiro antigo era diferente de como ele corrigia um beduíno que não tinha conhecimento. Podemos resumir a metodologia profética de corrigir e aconselhar com as impecáveis ​​habilidades do Profeta quando se trata de seus princípios de justiça, distinção entre erros maiores e menores, evitar o dano maior em determinada situação e criticar o erro sem denunciar o indivíduo. Atenção foi dada para esconder as falhas dos outros e rezar para que sua ummah fosse corretamente guiada e perdoada.

Plantando as sementes da fé

Todas essas técnicas acabaram se tornando os meios para o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) alcançar seu maior objetivo – plantar as sementes da fé no coração das pessoas e conectá-las efetivamente a Allah. Isso é ainda confirmado por sua sabedoria ao se concentrar principalmente em transmitir o básico do imaan e nutri-lo nos novos muçulmanos por treze anos em Makkah até que se tornou firmemente enraizado em seus corações, antes de obrigá-los a defender as legislações, que não foram reveladas por Allah, na sua maioria, até depois da migração para Madinah. Sem dúvidas, estabelecer uma forte conexão com Allah é o objetivo principal de todos os pais e o meio mais eficaz para incutir com sucesso a fé nas crianças. Assim, uma das narrações fundamentais que temos é a da lembrança do Companheiro do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), Abdullah ibn Al-Abbas, um menino à época, que disse:

Um dia eu estava cavalgando atrás do Profeta quando ele disse: “Ó rapaz, estejas atento a Allah e Ele te protegerá. Estejas atento a Allah e tu O encontrarás. Quando pedires (por qualquer coisa), peças a Allah, e se tu procurares ajuda, peças ajuda a Allah.” (At-Tirmidhi, hadith hasan)

Conclusão

O estudo do ateísmo enfatiza a necessidade crítica dos pais estarem cientes de seu comportamento em todos os momentos – particularmente em relação a como eles agem em suas crenças religiosas. A abordagem islâmica da paternidade não apenas confirma a correlação entre o comportamento dos pais e o resultado da fé na criança, mas também fornece a solução ideal para nutrir a fé e protegê-la contra sua perda. O principal objetivo dos pais é incutir ativamente a fé em seus filhos. Isso é melhor alcançado quando os pais adquirem o conhecimento correto do Islam e têm uma compreensão abrangente dos papéis e responsabilidades que Allah atribuiu a eles. Buscar o apoio de recursos externos quando necessário e de ideias semelhantes é uma aplicação necessária e prática da abordagem islâmica à paternidade. Também é importante estar ciente dos desafios que os muçulmanos enfrentam hoje para protegê-los e superá-los – particularmente aqueles que contribuem para a dúvida e o abandono da fé em nosso ambiente cada vez mais secular. Além disso, é primordial que os pais passem tempo de qualidade com seus filhos e criem um ambiente em casa que promova uma comunicação saudável e aberta entre pais e filhos. O modelo profético fornece o roteiro ideal de como atingir esses objetivos, de modo que a criança olhe ativamente para os pais em busca de orientação e respostas, e responda voluntariamente de acordo com sua disposição natural em relação à fé e à crença – a fitrah. Em última análise, essa abordagem permite que pais e filhos aprendam e cresçam juntos em seus respectivos papéis como muçulmanos confiantes que estão equipados para nutrir e beneficiar um ao outro e contribuir para a sociedade em geral. Finalmente, fazer do lar um santuário onde a lembrança de Allah seja abundante é essencial para todo crente e também para todos os pais que procuram incutir fé em seus filhos. De fato, é essencial ter esperança, confiar em Allah e na própria vida.

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “A casa em que a recordação de Allah é feita e a casa em que Allah não é lembrado são como os vivos e os mortos.” (Sahih Muslim)

Por Roohi Tahar

Fonte: Yaqeen Institute

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