Legado Consiso do Islam

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Em verdade, todo louvor é para Allah. A Ele louvamos, Dele buscamos ajuda e perdão. E buscamos refúgio Nele dos males em nossas próprias almas e de nossas más ações. Aquele a quem Allah encaminhar, ninguém poderá desencaminhar; e a quem Allah deixar desviar, ninguém poderá guiar. De fato, Allah foi quem enviou Seu Mensageiro Muhammad (sallAllahu ‘alayhi wa salam) com a Orientação e a Religião da Verdade, e ele a transmitiu, cumpriu com o que lhe foi confiado, lutou Jihad da maneira que deveria, e não morreu até ter deixado sua Ummah (nação) em um caminho claro, [em que] sua noite é como seu dia, e ninguém se desvia dele, a não ser que seja destruído. E que Allah exalte e envie bênçãos sobre Seu Profeta Muhammad (sallAllahu ‘alayhi wa salam) e sobre a sua família, seus Companheiros e aqueles que os seguem em bondade.


Assim, nesta noite, Domingo, 27 de Rabi’ul-Awwal 1417H – que corresponde ao dia 10 de agosto de 1996 EC – sinto-me satisfeito de ter esta oportunidade de dizer-vos algumas palavras. Espero que Allah as abençoe [as palavras] e abençoe aos nossos irmãos na Inglaterra, que viajaram a partir de vários lugares para ouvirem estas poucas palavras ao telefone, pelo que receberão – com a ajuda de Allah – aquela promessa que foi mencionada pelo Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam), quando disse:

“Quem quer que percorra um caminho em busca de conhecimento, Allah facilitará para ele um caminho para o Paraíso.” [1] 

Assim peço aos meus irmãos que aceitem esses wasayah (legados e conselhos sinceros), que espero sirvam de benefício para eles. 

Primeiro Legado – Taqwah

Então, eu vos aconselho a terem taqwa de Allah – o Poderoso e Majestoso – em público e em privado e taqwa significa que a pessoa deve manter-se firme na obediência de Allah, fazendo o que Ele lhe ordenou fazer, e abandonar aquilo que Ele proibiu fazer, começando com a instauração do salah (oração) em suas horas determinadas e indicadas, e em congregação, para os que assim são obrigados. Juntamente com as cinco orações diárias, deveríes também rezar os rawatib (orações enfatizadas e recomendadas), que estão conectadas às cinco orações diárias – e elas são quatro rak’ahs antes da oração de Dhuhr e duas depois. Duas rak’ahs depois da oração de Maghrib e da ‘Isha, e duas rak’ahs antes da oração do Fajr

O Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam) disse: “Não existe muçulmano que reze todos os dias doze rak’ahs opcionais dentre as não obrigatórias, que Allah não lhe construa uma casa no Paraíso.” [2] 

Da mesma forma, deveríes pagar o Zakah, que é uma quantia obrigatória retirada de vossa riqueza [patrimônio] e dado ao pobre e necessitado. Allah – o Altíssimo – disse para o Seu Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam):

“Toma de suas riquezas uma Sadaqah, com que os purifiques e os dignifiques…” [Surah at-Tawbah (9):103] 

O Profeta (sallAlahu ‘alayhi wa salam) disse para Mu’adh ibn Jabal, quando ele o estava enviando ao Iêmen: “ Informe-os que Allah lhes fez obrigatório dar caridade de suas riquezas, para ser retirado do rico e ser dado ao pobre”. [3] 

Igualmente, o indivíduo deve jejuar no mês do Ramadan, porque Allah assim o prescreveu para esta Ummah, e ele deve fazer o Hajj (Peregrinação) e a ‘Umrah (Peregrinação menor) se assim tiver condições para tal. Esses são os pilares do Islam, depois do primeiro pilar que é a shahadatain (os dois testemunhos), ou seja, testificar que ninguém tem o direito de ser adorado, a não ser Allah, e testificar que Muhammad é o Seu Mensageiro. 

Segundo Legado – Coesão

Eu aconselho meus irmãos que unifiquem suas fileiras [ou seja, que não deixem espaços nas fileiras de oração], e que sejam como um único corpo buscando estabelecer a Religião de Allah, como Ele – o Altíssimo – disse:

“Da religião, Ele legislou, para vós, o que recomendara a Noé, e o que te revelamos, e o que recomendáramos a Abraão e a Moisés e a Jesus: ‘Observai a religião e, nela, não vos separeis.’” [Surah ash-Shura (42):13] 

Desta maneira, torna-se bastante claro que o que é exigido de nós – como foi exigido dos Profetas que foram indispensáveis na resolução – é estabelecer a Religião e não fazer quaisquer divisões nela. Assim, nosso Senhor – o Poderoso e Majestoso – nos ordenou fixar a Religião e não fazer nela nenhuma divisão. Ó, meus irmãos! Estreitem vossas fileiras, e não façam diferença, já que Allah – o Altíssimo – disse:

“(…) e não disputeis, senão, vos acovardareis, e vossa força se irá. E pacientai. Por certo, Allah é com os perseverantes. ” [Surah al-Anfal (8):46] 

Não se rotulem uns aos outros como desviados ou como pecadores. Se virem algo de vossos irmãos que seja repreensível, vão até eles e conversem sobre isso, até que vossa palavra seja coesa, e assim cause a Ummah permanecer unida. Nenhum de vós deve tentar difamar seu irmão, já que isso causará imensa inimizade e ódio. Da mesma forma, nenhum de vós deveis declarar seu irmão muçulmano como um descrente, inovador ou um pecador – já que isso não é da natureza de um muçulmano. 

Terceiro Legado – Fraternidade

Aconselho-vos também – ó irmãos – a fazerem aquelas ações que serão a causa do aumento de amor e afeição entre vós. Muitas pessoas não entendem verdadeiramente a Religião do Islam. De fato, muitos pensam que esta religião inclui certas características ruins – ainda que na realidade ela as rejeite – porque alguns muçulmanos personificam uma má imagem do Islam. Ao contrário disso, a Religião do Islam é a Religião da veracidade, retidão e justiça. É uma religião que chama para a reconciliação das pessoas. É também uma religião que ordena a guerra contra todas as más ações e características, tais como a mentira, enganação, fraude e transgressão sobre os outros. Allah – o Altíssimo – disse:

“Por certo, Allah ordena a justiça e a benevolência e a liberalidade para com os parentes, e coíbe a obscenidade e o reprovável e a transgressão. Ele vos exorta, para meditardes. E sede fiéis ao pacto de Allah, quando já o pactuastes, e não desfaçais os juramentos, após haverem sido firmados, uma vez que, com efeito, fizestes a Allah vosso Fiador. Por certo, Allah sabe o que fazeis. ” [Surah an-Nahl (16):90-91] 

Ó, meus irmãos, a da’wah (chamamento, convite para o Islam) é para ser feita através de vossas ações, como [também] sois ordenados a fazê-la com vossas palavras, no entanto, a da’wah pelas ações será mais efetiva do que a meramente feita pelo discurso. Então, novamente digo, aqueles que praticam o Islam de maneira errada criarão um falso entendimento dele aos olhos das pessoas. Allah – o Altíssimo – disse sobre aqueles que convidam para o que é correto, mas eles próprios não o praticam:

“Ó vós que credes! Por que dizeis o que não fazeis? Grave é, em sendo abominação perante Allah, que digais o que não fazeis!” [Surah as-Saff (61):2-3] 

O Quarto Legado – Aproveitar bem o tempo

Eu vos aconselho a todos que salvaguardem vosso tempo não se ocupando naquilo que não é benéfico. Deveríeis saber que o tempo é mais precioso do que a riqueza, como Allah – o Abençoadíssimo, o Altíssimo – disse:

“(…) até que, quando a morte chegar a um deles, dirá: ‘Senhor meu! Fazei-me voltar à terra, na esperança de eu fazer o bem (…)’” [Surah al-Mu’minum (23):99-100] 

O tempo é tal que quando se vai, não retorna, enquanto que é possível substituir a riqueza. Assim, o tempo é de extrema importância. É por isso que vos aconselho a salvaguardarem-no, e que se ocupem naquilo que é benéfico. Afastai-vos da qila wa qal (fofoca) – que fulano disse isso e isso sobre isso e sobre a pessoa tal – porque o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam), em uma narração autêntica, disse:

“Verdadeiramente Allah odeia qila wa qal (divulgação de fofocas), o perguntar muitas questões, e que o indivíduo esbanje sua riqueza.”[4] 

Infelizmente, muitos dos jovens – depois de retornarem ao caminho correto, e de unirem seus corações e palavras – tornaram-se desunidos e fragmentados em muitas fações, e isso é devido aos sussurros de shaytan entre eles e a desunião de suas palavras. Assim, aconselho aos irmãos a utilizarem seu tempo em assuntos benéficos, e a manterem-se longe da qila wa qal. De fato, o tempo é como a espada, se vós não o atacardes ele vos atacará. 

O Quinto Legado – Aconselhar com doçura

Chamem para Allah com suavidade, paciência e com a intenção de retificar os assuntos – não com dureza, nem com a intenção de causar divisões. Isso é porque Allah – o Perfeitíssimo – disse ao Seu Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam):

“Convoca ao caminho de teu Senhor, com a sabedoria e a bela exortação, e discute com eles, da melhor maneira.” [Surah an-Nahl (16):125] 

“E, por uma misericórdia de Allah, tu, Muhammad, te tornaste dócil para eles. E, se houvesses sido ríspido e duro de coração, eles se haveriam debandado de teu redor. Então, indulta-os e implora perdão para eles e consulta-os sobre a decisão.”[Surah Al-i-‘Imran (3):159] 

Assim, é obrigatório para o crente seguir o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam) nisso, e ser suave e paciente ao chamar para Allah – o Abençoadíssimo, o Altíssimo – já que foi autenticamente estabelecido do Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salam) que ele disse:

“Allah é gentil e ama gentileza, e Ele concede com gentileza o que Ele não concede com aspereza.” [5] 

O Sexto Legado – Buscar Conhecimento

Esforçai-vos em adquirir conhecimento, já que esta é a razão pela qual deixastes vossas cidades e casas, e vossas famílias e amigos. Então, é sobre todos vós esforçarem-se para adquirir conhecimento, e estudar profundamente – não apenas para fazer um exame, mas pelo próprio conhecimento. Assim, esforçai-vos na busca pelo conhecimento. Finalmente, peço a Allah que Ele nos permita utilizar nosso tempo de maneira benéfica, de acordo com aquilo pelo que Ele – o Abençoadíssimo, o Altíssimo – nos fez responsáveis. 

Shaykh Muhammad Salih al-Uthaymin

Fonte: Revista Al-Istiqamah, Edição Nº5 – Ramadan 1417H / janeiro 1997 

Referências:

[1] Relatado por Muslim (nº 1888), Abu Hurayrah, radiAllahu’anhu.

[2] Relatado por Muslim (nº 728), de Ummu Habibah, radiAllahu’anha.

[3] Relatado por al-Bukhari (nº 7372), e Muslim (nº 19).

[4] Relatado por Muslim (nº 1715), de Abu Hurayrah, radiAllahu’anhu.

[5] Sahih: Relatado por Ibn Majah (nº 3688), de Abu Hurayrah [radiAllahu’anhu]. Isso foi autenticado por al-Albani em Sahihul-Jami’ (nº 1771) 

 Fonte: Abdurrahman.Org


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