A Tristeza não é Encorajada em Nossa Religião
“Então, não desanimeis (nem contra seus inimigos, nem ficando triste)” (Imran: 139)
“Sê paciente, que a tua paciência será levada em conta por Deus; não te condoas deles, nem te angusties por sua conspirações” (Nahl: 127)
“Não entristeças, Allah, certamente, está convosco” (Tawba: 40)
Referindo-se aos verdadeiros crentes: “… e sobre estes não virá medo ou angústia…” (Baqara: 38)
Tristeza causa stress e irritação, a alma adoece e paralisa o corpo, podendo até causar doenças somatizadas. A tristeza também impede que a pessoa aja, ao invés de compeli-lo a agir. O coração não se beneficia de nenhuma forma com a tristeza e a coisa mais amada por Shaytaan, ar rajim, é fazer com que o servo de Allah, subhanahu wa ta’ala, fique triste e perca as forças para continuar a trilhar o bom caminho.
Allah, subhanahu, disse na surah al Mujaladah, aya 10: “Sabei que a confabulação emana de Satã, para atribular (entristecer) os fiéis. Porém, ele em nada poderá prejudicá-los sem o beneplácito de Deus. Que os fiéis se encomendem a Deus!”
No seguinte hadith, o Profeta, sala Allahu alahi wa sallam, disse: “na companhia de três é proibido que dois mantenham conversas particulares ou secretas, excluindo o terceiro, pois, fazendo isso, provocará a tristeza neste (a terceira pessoa).”
Ao contrário do que alguns pensam (principalmente os ascetas), o crente deve evitar a tristeza, porque ela é prejudicial e proporciona certas condições que afligem a alma. O muçulmano deve repelir a tristeza e combatê-la de todas as formas permissíveis na religião de Allah, aza wa jal.
Não há benefício real na tristeza, o Profeta, saws, costumava buscar refúgio disso nas seguintes palavras: “Ó Allah, refugio-me em Ti contra a tristeza e ansiedade.”
A tristeza vem acoplada à ansiedade neste hadith. A diferença entre as duas é tênue, se um mau pressentimento quanto ao futuro está relacionado ao sentimento, então a tristeza vem junto com a ansiedade. E se a causa deste sentimento está conectada ao passado, então a pessoa, além de se sentir triste e ansiosa, sente-se impotente, pois não conseguirá mudar o curso do problema. Essa impotência gera ainda mais tristeza.
Apesar do que foi mencionado acima, muitas vezes a tristeza é um sentimento inevitável e até necessário. Quando as pessoas entrarem no Paraíso, os seus moradores dirão: “todos os louvores e agradecimentos são para Allah, Quem removeu de nós (toda) a tristeza.” (Fatir: 34)
Este versículo fala sobre aqueles que eram afligidos com dor e tristeza, ou qualquer outro tipo de sofrimento, nesta vida. E que estas pessoas não possuíam o controle sobre tais circunstâncias. Portanto, fica claro que sempre que alguém é afligido por uma dificuldade e não tem condições de reverter a situação acaba sendo recompensado.
“Tudo aquilo que recair sobre um crente em termos de ansiedade, dificuldade ou tristeza, Allah, swt, removerá dele algum pecado.” Isso indica que a tristeza é um teste pelo qual o crente passará; e através do qual alguns de seus pecados serão apagados. No entanto, não é recomendado que a dor e a tristeza sejam intencionalmente desejadas ou buscadas. Obviamente o crente não deve procurar a dor crendo que aquilo é uma forma de adoração.
E sobre o hadith: “certamente, Allah ama os corações entristecidos”, a cadeia dos seus narradores é desconhecida, então, este não é um hadith autêntico. Especialmente porque os preceitos islâmicos vão de encontro a estas palavras.
No seguinte versículo, Allah, swt, diz para o profeta Israel, as: “e perdeu sua visão por causa da tristeza, havia muito retida” (Youssuf: 84)
Aqui, somos informados do pesar do pai que perde seu filho amado. Simplesmente informação e não aprovação ou desaprovação. O fato é que nós fomos ensinados a buscar refúgio contra a tristeza, pois esta é uma nuvem pesada demais que paira sobre a sua vítima e forma uma barreira que impede que ela, a vítima, avance para objetivos mais elevados.
Não há dúvidas que a tristeza é um teste e uma dificuldade, e, para alguns, é similar a uma doença. Entretanto, não é um nível ou condição que o piedoso deva buscar deliberadamente.
(Adaptação de um trecho do livro “La Tahzan”, shaikh al Qarni)
