Transexualidade – a Visão Islâmica Correta

Há um assunto muito comum em países ocidentais: a mudança de sexo. Nos dias atuais muitas pessoas têm debatido sobre o tema da sexualidade e transsexualidade. A realidade é que mesmo dentro da comunidade islâmica podemos encontrar transexuais e homossexuais. Este não é um assunto que possa ser escondido, nem podemos nos dar ao luxo de omitir o debate sobre tal.
Não é permitido que uma pessoa mude o gênero com o qual foi criada. Porém, a homossexualidade em si não é um tabu na religião, a prática afetiva homossexual é que é proibida.
Há relatos no sahih Muslim de um sahaba afeminado que frequentava as festas das mulheres, e o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) permitia. Este sahaba não se interessava sexualmente por mulheres e sua permanência entre as mulheres era permitida por esta razão. Até uma certa altura elas, inclusive, ficavam perto dele sem hijab, entretanto, em uma ocasião, quando ele descreveu a aparência física de uma sahabiya para um homem que desejava se casar, o Profeta Muhammad ordenou que as mulheres usassem o hijab na frente dele – com o intuito de evitar este tipo de coisa. Podemos retirar destes relatos a ideia de que a pessoa homossexual, em si, não é rejeitada na religião. O que é rejeitado e comprovadamente proibido é a prática do ato homossexual.
Sobre a questão da transexualidade: o muçulmano tem que se contentar com o que Allah decretou, pois Ele o colocou em uma posição apropriada. A pessoa não tem consciência do que está além de suas faculdades mentais – talvez se ela fosse de outro gênero isso não seria bom para ela. Da mesma forma existem algumas pessoas a quem nada além da pobreza é bom, e se Allah fizesse tal pessoa rica isso lhe seria prejudicial; e existem outras a quem nada além da riqueza é apropriado, e se elas se tornassem pobres, isso lhes seria prejudicial.
Algumas mulheres, dentre as sahabiyaat, desejaram ser homens para que pudessem lutar pela causa de Allah. Isso foi apenas uma ilusão, pois Allah revelou a proibição desse pensamento na ayah (interpretação do significado):
“E não aneleis aquilo por que Allah preferiu alguns de vós a outros. Há, para os homens, porção do que logram, e há, para as mulheres (igualmente), porção do que logram.” [al-Nisaa’ 4:32]
Se o mero pensamento ilusório é proibido, então que dirá tomar ações com base nisso? Se o Muçulmano está proibido de mudar a criação de Allah em casos menores, então que dirá mudar de gênero completamente? Shaikh ‘Abd al-Karim al-Khudair
Mudar o gênero de alguém é um tipo de manipulação com a criação de Allah e uma forma de seguir o caminho de Shaitan que jurou que desviaria os filhos de Adão neste mundo, como Allah nos contou que ele disse:
“e ordenar-lhes-ei que desfigurem a criação de Allah”. [al-Nisaa’ 4:119]
Essas pessoas que odeiam o gênero com no qual foram criadas, estão equivocadas e confusas. Isso pode ser causado, em alguns casos, por uma má educação, e em outros casos, pela natureza da sociedade na qual vivem, o que faz com que odeiem a maneira que são. Pode, também, haver alguma deficiência hormonal que as faz sentir incomodadas com o seu gênero. Assim, elas se contrapõem ao decreto de Allah e querem mudar algo que é imutável.
Pode haver algumas razões (aceitáveis) para uma operação de mudança de sexo que transformam um homem em uma mulher ou vice versa. Mas isso não se relaciona ao desejo ou vontade da pessoa. Aqui consideramos o caso o qual os fuqaha’ chamam de al-khuntha (hermafrodito). Ao contrário, essa pessoa é naturalmente de seu gênero de criação, com todos os atributos da masculinidade ou feminilidade que lhe foram atribuídos. Entretanto se o homem quer se transformar em uma mulher, desta forma ele faz a cirurgia para remover o pênis e os testículos, então os médicos constroem uma vagina e aumentam o tamanho dos seios, e administram injeções de hormônio por um longo período até que sua voz se torne macia e a distribuição de gordura no corpo mude, e a pessoa pareça ser uma mulher externamente, nada disso o torna uma mulher. A essência ainda é de um homem. Esta operação é haraam no Islam, de acordo com todos os sábios contemporâneos respeitáveis. Os sábios anteriores não discutiram isso porque isso não era conhecido e não era possível antigamente. O fato de que isso é proibido está indicado por várias coisas, incluindo as que se seguem:
Em primeiro lugar: os versículos no qual Allah diz (interpretação do significado):
“‘Não invocam (todos aqueles que adoram outros além de Allah), além dEle, senão divindades femininas, e não invocam senão um rebelde Satã! Allah amaldiçoou-o . E ele [Shaitan (Satã)] disse: “Certamente, tomarei uma porção preceituada de Teus servos. E, certamente, descaminhá-los-ei e fá-los-ei nutrir vãs esperanças e ordenar-lhes-ei que cortem as orelhas dos animais de rebanho e ordenar-lhes-ei que desfigurem a criação de Allah. E quem toma Satã por aliado, em vez de Allah, com efeito, se perderá com evidente perdição. Ele [Shaitan (Satã)] lhes faz promessas e fá-los nutrir vãs esperanas. E Satã não lhes promete senão falácias. Esses, sua morada será a Gina, e eles não encontrarão desta fugida alguma’. [al-Nisa’ 4:117-121]
Sem dúvida alguma, fazer tais operações é um tipo de brincadeira e mudança da criação de Allah.
Em segundo lugar: Está provado em al-Sahih que ‘Abd-Allaah ibn ‘Abbaas (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) amaldiçoou homens que imitam mulheres e mulheres que imitam homens. Narrado por al-Bukhari, 5546.
Ibn Hajar disse: Quanto a homens imitando mulheres e mulheres imitando homens, deliberadamente e por escolha, isso é haraam, de acordo com o consenso acadêmico.
Em terceiro lugar: O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) proibiu que hermafroditos adentrassem (o espaço das) mulheres, se eles reparassem nas mulheres e em seus atrativos, e ele ordenou que fossem banidos de viver entre as mulheres, de modo a protegê-las contra seus desejos.
Imam al-Bukhari incluiu esse hadith em dois capítulos: (1) sob o título: “É proibido que homens que se pareçam com mulheres e adentrem (os espaços delas)” e (2) sob o título: “Expulsar homens que se pareçam com mulheres da casa das pessoas.”
Ibn Hajar disse: O que aprendemos disso é que as mulheres devem observar o hijab ante esses hermafroditos que reparam nos atrativos das mulheres.
Em quarto lugar: De acordo com médicos especialistas, este tipo de operação não é indicado por nenhuma evidência médica consistente, e isso não é nada mais do que uma questão de caprichos e desejos pessoais.
O Dr. Muhammad ‘Ali al-Barr disse: Embora a aparência externa de tal pessoa possa te enganar, para que pense que ele é uma mulher, na verdade sua estrutura biológica permanece masculina, ainda que ela tenha sido obliterada completamente. Além do mais, não há ovário ou útero e tal pessoa não pode menstruar ou ficar grávida de modo algum.
Com base no acima exposto, não é permitido, sob nenhuma circunstância, que uma mulher fique sozinha com esta pessoa, ou que se descubra ou tire seu hijab, porque esta pessoa é de fato homem, mesmo que possa agora se sentir atraído por homens, por causa dos muitos hormônios femininos em seu corpo. Indubitavelmente, essas pessoas estão num nível de desvio ainda mais avançado que os hermafroditos.
De qualquer forma essas pessoas fazem parte de nossa sociedade e, muitas vezes, de nossa comunidade. Faz-se necessário lidar com elas com respeito e tentar educa-las em relação às regras islâmicas. Muitas vezes elas podem desconhecer as regras e, quem sabe, sendo educadas, poderão tomar as atitudes corretas e mais adequadas à religião? Não faz parte da etiqueta islâmica ultrapassar os limites regulados pela legislação; sendo muçulmanas, estas pessoas têm direitos sobre nós, assim como sendo parentes, vizinhas, colegas ou seja lá o que for. Posicionar-se contra uma atitude ou ação específica não significa combater a pessoa em questão – mas, sim, combater os atos ilícitos que ela possa vir a praticar ou educa-la em relação ao que é correto ser feito. E que Allah, swt, na Sua misericórdia, oriente-nos para lidar com um assunto tão delicado que envolve pessoas e sentimentos.