Tafsir dos versículos 29-32 da Suratul An’am – Dos Gados

Contrastando Conceitos e Valores
A surah (capítulo) agora abre duas novas páginas para exemplificar duas cenas contrastantes. A primeira encara a vida presente, onde os incrédulos fazem suas asserções que não haverá ressurreição, prestação de contas ou recompensa. A outra é na próxima vida, quando eles estarão diante de seu Senhor, e Ele os perguntará sobre as posições que tomaram na primeira vida: “E isto não é a verdade?” (versículo 30). Esta questão exata os sacode violentamente.
Eles respondem, em completa humilhação: “Sim, por nosso Senhor” (versículo 30). E eles são colocados frente a frente com seus dolorosos sofrimentos. O capítulo continua a retratar como são sobrecarregados na Última Hora, pegos de surpresa, depois de desacreditarem no encontro com seu Senhor. Eles estão cheios de tristeza, carregando seus encargos em seus dorsos. Isto se conclui com uma afirmação que mostra o real valor desta vida em contraste com o que nos aguarda na próxima vida, de acordo com a verdadeira mensagem de Deus.
“E dizem: ‘Não existe outra vida além da terrena e jamais seremos ressuscitados’. E se visses, quando postos ante seu Senhor! Ele dirá: ‘E isto não é a verdade?’ Dirão: ‘Sim, por nosso Senhor!’ Então, Ele lhes dirá: ‘Provai, pois, o castigo, porque renegáveis a fé!’ Os que desmentem o deparar ante Deus perdem-se, até que, quando a Hora lhes chegar, inopinadamente, dirão: ‘Que aflição a nossa por descurarmos dela!’ E carregarão seus fardos às costas. Ora, que péssimo o que carregarão! E a vida terrena não é senão diversão e entretenimento. Certamente, a morada derradeira é preferível para os piedosos. Então, não razoais?” (versículos 29-32)
O conceito de ressurreição, recompensa e retribuição na vida futura é o ponto central da fé islâmica. Certamente, isto ocupa a segunda posição no conceito da Divindade como o alicerce sobre o qual é erigida a estrutura do Islam como fé, lei, sistema e código de conduta. Deus fala aos crentes no Alcorão que Ele aperfeiçoou a religião e completou, com ela, a graça que derramou sobre os crentes e, então, escolheu-a como fé para eles. Isto é, o completo e coerente caminho da vida, no qual o conceito ideológico está em perfeita harmonia com os valores morais que ela mantém, assim como as leis e regulamentações que ela proclama. Tudo isso é baseado na mesma fundação básica: o conceito islâmico da divindade e da vida futura.
De acordo com o islam, a vida não é o curto período que o indivíduo vive, nem é o limitado período que representa o tempo de vida de uma nação. Por certo, também não é o período mais longo que representa a duração da existência humana neste mundo. A vida, na visão islâmica, é muito mais duradoura, com horizontes muito mais amplos e um contexto muito mais profundo e variado que o período de tempo que é atribuído a ela por aqueles que refutam o próximo mundo e não creem nele.
De acordo com o islam, a vida se estende e inclui a vida presente e também a que está por vir, que é de duração desconhecida a todos, exceto a Deus. Comparando, a vida humana na terra não é mais longa que uma hora em um dia de trabalho. Também se estende no espaço, incluindo esta terra em que vivemos e é adicionado a isso um paraíso que é tão vasto quanto os céus e a terra; assim como o inferno que pode acomodar a maioria das pessoas que existiram e existirão ao longo de todas as gerações da terra.
Isto se estende ao acréscimo da existência deste mundo que conhecemos a um outro sobre o qual não sabemos nada, exceto o que Deus nos revelou. Sua verdadeira natureza só é conhecida por Deus. Esta última existência inicia a partir do momento de nosso nascimento e atinge a sua plenitude na morada da outra vida. Quando falamos da morte e da vida futura, na verdade estamos falando de coisas da natureza que Deus guardou para si. A existência humana continua nesses mundos em formas e padrões conhecidos somente por Deus.
A vida tem uma extensão mais profunda nesta essência: isso inclui o que nos é familiar neste mundo e o que será experimentado no próximo, no paraíso e no inferno. Esses tipos terão sabores e sensações que são diferentes de tudo o que conhecemos. Comparando a isso, esta vida presente é ainda menor que o período em que o mosquito bate suas asas.
No conceito islâmico, a humanidade se desdobra dentro destas dimensões de tempo e lugar e dentro destes níveis tão profundos de mundos e existências. É proporcional à compreensão disto o fato de que a apreciação de toda a existência, vida, títulos, valores e preocupações se torna ainda mais profunda. Em contraste, as pessoas que não acreditam na próxima vida continuam a ter um pesado, estreito e limitado conceito do universo e da existência humana. Eles continuam a confinar seus conceitos, valores e esforços em suas mesquinharias mundanas.
Esta diferença de perspectiva leva à adoção de valores e sistemas diferentes. Isso nos mostra claramente que a religião do Islam é uma forma completa e coerente de vida. Podemos apreciar a importância da crença em uma segunda vida em relação à estrutura conceitual, ideológica, moral, comportamental e legal. Um homem que vive em tal extensão imensa de tempo, lugar, mundo e sentimentos é totalmente diferente daquele que vive em um canto estreito e que deve lutar contra os outros para se manter assim, sem esperar nenhuma compensação das coisas das quais ele é privado e nenhuma recompensa para o que ele pratica neste mundo, além de sua a vida na Terra, e aquilo que ele recebe de seus companheiros humanos durante a mesma.
Um profundo e variado conceito, por natureza, eleva as preocupações humanas e aperfeiçoa suas aspirações. Isto, por si só, leva à adoção de valores morais e comportamentos diferentes daqueles que são característicos de pessoas que vivem em suas próprias encruzilhadas. Quando se adota este conceito mais profundo, baseado na justiça absoluta na vida por vir, e quando percebemos que uma recompensa muito maior do que nos espera é o que ficou de lado, então, estes que adotam este conceito trabalham duro para estabelecer a verdade e garantir que a bondade prevaleça. Eles têm consciência de que isso é o que Deus deseja que façam e a recompensa e a compensação são baseadas no preenchimento da seleção de Deus. Quando qualquer ser humano crê no pós morte como o Islam descreve, sua maneira e comportamento são direcionados ao passo certo. Similarmente, todos os sistemas e leis adquirem a orientação correta e, ainda mais, as pessoas não permitem que haja abuso ou corrupção. Isto porque as pessoas percebem que se permanecerem quietos quando presenciam um ato de corrupção à sua volta, então não somente deixam de ter benefícios e perdem a bondade nesta vida, como também perdem a recompensa na próxima vida. Ou seja, perdem em ambos os mundos.
Algumas pessoas são apressadas ao falar contra a crença na próxima vida, argumentam que isso leva pessoas a adotarem atitudes negativas em relação à vida, não empregando esforços para melhorá-la. Eles abandonam-na aos ditadores e seus regimes corruptos, pois preferem aspirar às bênçãos da próxima vida. Esta é uma crítica injusta, que combina injustiça e ignorância. O grupo deles crê na próxima vida assim como é defendido nos conceitos da igreja, que os têm desviado do cristianismo sob a mesma classificação de que isto é um conceito islâmico. Na visão islâmica, esta vida é onde você coloca seus investimentos em ordem de atingir os benefícios na próxima vida. Para se esforçar em colocar esta vida no curso certo, limpá-la do mal e da corrupção, repelir todos os ataques à autoridade de Deus, destruir os tiranos e garantir a justiça e a bondade para todas as pessoas são chaves para a próxima vida. Isso abre, para aqueles que se esforçam, os portões do paraíso e compensa-os por todos os sacrifícios durante sua luta contra o mal e os prejuízos que pudessem ter sofrido.
Como é possível que os seguidores de tal fé pudessem abandonar esta vida e permitir que ela estagnasse, desviasse ou se tornasse corrupta? Como poderiam permitir que a injustiça e a tirania estabelecesse rotas e se espalhasse? Como poderiam permitir que isso permanecesse atrasado, sem desenvolvimento, quando eles aspiram receber a recompensa de Deus na próxima vida? A recompensa não é dada por uma atitude negativa.
A Única Fé de um Homem Digno
Há tempos e períodos em que as pessoas adotam uma postura negativa, permitindo a corrupção, maldade, injustiça, tirania, ignorância e estagnação em suas vidas, enquanto, ao mesmo tempo, se intitulam muçulmanos. Eles costumam fazer isso somente porque seu entendimento sobre o Islam é falho e a sua crença na próxima vida é fraca e susceptível. A atitude negativa deles não deve ser resultado de uma compreensão verdadeira sobre esta fé ou a crença do encontro inevitável com Deus no Dia do Juízo. Ninguém que realmente acredita neste encontro inevitável com Deus e compreenda a natureza da religião poderia adotar uma atitude negativa perante a vida ou, até mesmo, deixar-se estagnar ou aceitar a corrupção, o mal e a tirania.
Ao atravessar pela vida, um verdadeiro muçulmano sente que ele é maior e mais sublime do que a própria vida. Ele pode desfrutar de seus confortos ou ignorá-los, sabendo que eles são legais e permitidos para ele nesta vida, colocando-os à sua disposição no Dia do Julgamento, quando ninguém poderá mais reclamá-los. Ele se esforça para promover e melhorar esta vida e usar suas potencialidades e habilidades, feliz por saber que este é o dever atribuído a ele por Deus, quando Ele o colocou no comando desta terra. Ele luta contra o mal, a corrupção e a injustiça voluntariamente, passando por cima de qualquer dificuldade e fazendo todos os sacrifícios, incluindo sacrificando sua própria vida, por saber que ele está simplesmente adicionando a seu crédito na vida futura. Compreendendo bem sua religião, ele saberá que esta vida é aquela em que sementes serão plantadas, para que os frutos sejam colhidos na próxima. Não haverá, absolutamente, nenhum sucesso na vida que está por vir sem que seja trabalhado através deste nosso mundo. Certamente, esta vida é pequena e barata, mas é parte da graça de Deus que a faz um estágio para que se atinjam as maiores bênçãos que Ele concede ao homem.
Cada detalhe no sistema islâmico tem sua devida consideração na vida futura, e a amplitude, beleza e elevação que proporciona dá visão e conceitos às pessoas. Isto também contribui para o refinamento, pureza e tolerância que são inerentes ao código moral islâmico. Isto reforça a determinação de seus seguidores para estabelecer o que é correto e evitar o mal e a desobediência a Deus. Também, ajuda a dirigir as atividades humanas ao caminho certo. Por tudo isso, a vida islâmica não está devidamente alcançada sem uma firme crença na vida futura. Por tudo isso, a grande ênfase que é colocada pelo Alcorão sobre o fato de que seremos postos de pé para a nossa próxima vida.
Os árabes pagãos, na ignorância deles, muito por causa disso, não concebiam uma segunda vida e nem acreditavam nisso. Eles simplesmente não podiam imaginar outra vida diferente da deles. Eles não imaginavam como o ser humano poderia aspirar horizontes além do mundo material. Os seus conceitos e sentimentos não eram muito diferentes dos conceitos e sentimentos dos animais. Esta é a mesma situação que presenciamos nos dias de hoje, no moderno tipo de jahiliyah, cujos expoentes descrevem como “científica”.
“E dizem: ‘Não existe outra vida além da terrena e jamais seremos ressuscitados’” (versículo 29). Deus sabe muito bem que as crenças deste tipo não permitem o surgimento de uma vida humana mais nobre. O alcance limitado das crenças faz com que o homem permaneça fortemente ligado à terra e ao que é físico e tangível, assim como acontece com os animais. Nosso período de tempo e área limitados tendem a desencadear um forte desejo à busca do autoengrandecimento, o que escraviza o homem aos prazeres mundanos. Seus desejos físicos são soltos e sem qualquer restrição. Ele sente que quanto menos satisfaz seus desejos profanos – o que dificilmente pode ser elevado acima dos animais – mais perde o seu prazer, sem ter qualquer esperança de compensação. Sistemas e regimes são estabelecidos na terra com base em uma visão muito egoísta e estreita de tempo e espaço. Isto leva a uma vida desprovida de justiça e compaixão. A guerra se torna a ordem do dia, com indivíduos, classes e raças que lutam entre si. É um tipo de selva da vida, não muito diferente do mundo dos animais selvagens e bestas brutais. Tudo isso está disponível para vermos no mundo da “civilização moderna”! Há evidências em toda parte.
Deus toma conhecimento no decorrer destes acontecimentos. Daí por que Ele quis atribuir a uma determinada comunidade o papel da liderança da humanidade, liderando a raça humana até o cume, onde a dignidade humana pode ser vista em plena aplicação na vida real. Deus sabe que essa comunidade não pode cumprir a sua missão, a menos que tire seus conceitos e valores fora desta encruzilhada e os coloque em um lugar onde haja um vasto horizonte. Essa comunidade deve sair da estreiteza deste mundo para a extensão que combina esta vida com a vida por vir. Assim, a ênfase é colocada, pelo Islam, na vida futura; em primeiro lugar, porque é real – pois Deus sempre diz a verdade; e segundo lugar, porque acreditar nisto é essencial para a completude da existência do homem, ideologia, moralidade, comportamento, sistemas e código legal.
Isso explica o ritmo forte e profundo que notamos nesta parte do capítulo, correndo como um rio caudaloso. Deus sabe bem que é dentro da natureza humana que se dá esse ritmo forte e profundo. Isso é o que abre caminho a elementos receptivos, à espera de instruções, a fim de respondê-las adequadamente. Não devemos esquecer, portanto, que tudo o que é mencionado sobre a próxima vida é a verdade absoluta.
“E se visses, quando postos ante seu Senhor! Ele dirá: ‘E isto não é a verdade?’ Dirão: ‘Sim, por nosso Senhor!’ Então, Ele lhes dirá: ‘Provai, pois, o castigo, porque renegáveis a fé!’” (versículo 30)
Este é o destino final daqueles que diziam que não haveria nada além da nossa vida presente e que jamais seriam postos de pé novamente. É um miserável, vergonhoso e humilhante destino a forma como serão trazidos perante o seu Senhor, após terem negado persistentemente que iriam enfrentá-Lo. Eles não podem se mover. São retratados como se fossem guiados pelo pescoço até que estivessem posicionados num lugar incrível, sendo questionados: “E isto não é a verdade?” (Versículo 30). Que pergunta humilhante! Existe apenas uma resposta possível: “Sim, por nosso Senhor!” (versículo 30). Agora eles estão face a face com seu Senhor, mesmo tendo teimosamente se recusado a acreditar nisso.
Em resumo – o que mais convém a esta cena impressionante, a ordem divina é dada, selando o seu destino: “Então, Ele lhes dirá: ‘Provai, pois, o castigo, porque renegáveis a fé!” (versículo 30). Este é o destino mais adequado para aqueles que negavam o conforto de um conceito humano mais amplo, seguindo, em vez disso, um conceito material extremamente raso e estreito. Eles recusaram a se elevarem ao nível que se encaixa a uma humanidade nobre. Conduziram suas vidas com base em seu conceito profano e vazio. Ao fazer isso, realmente ganharam a sua própria punição e isso se encaixa perfeitamente à natureza daqueles que negam a próxima vida.
O que os Incrédulos Rejeitam Atualmente
A cena retratada – o resultado final decretado por Deus – é agora complementada com uma declaração da verdade e de suas causas: “Os que desmentem o deparar ante Deus perdem-se, até que, quando a Hora lhes chegar, inopinadamente, dirão: ‘Que aflição a nossa por descurarmos dela!’ E carregarão seus fardos às costas. Ora, que péssimo o que carregarão!” (versículo 31).
Isto é, certamente, uma perda imensa porque inclui a perda deste mundo, uma vez que passaram a vida cuidando apenas do que era mesquinho, baixo e profano, e a perda do mundo futuro, como já vimos. Essas pessoas iludidas e ignorantes não tomam quaisquer precauções contra o que lhes virá como um choque súbito: “quando a Hora lhes chegar, inopinadamente, dirão: ‘Que aflição a nossa por descurarmos dela!’” (versículo 31). Em seguida, são retratados como burros sobrecarregados: “E carregarão seus fardos às costas” (versículo 31). Na verdade, os animais estão em uma situação melhor porque eles carregam cargas comuns, enquanto estes têm, em suas cargas, apenas pecados. Os animais são descarregados e, então, estão livres para descansar, enquanto estes marcharão com suas cargas para o inferno, seguidos pela repreensão: “Ora, que péssimo o que carregarão!” (versículo 31).
A passagem, logo abaixo, retrata uma cena terrível que golpeia o coração do leitor com o medo, seguido por outra que descreve uma total e absoluta perda. Essas duas cenas são, então, seguidas por uma declaração do peso real e valor desta vida e da vida futura – de acordo com a medida de Deus: “E a vida terrena não é senão diversão e entretenimento. Certamente, a morada derradeira é preferível para os piedosos. Então, não razoais?” (versículo 32). Este é o valor final de cada uma das duas vidas. Não poderia ser de outra forma, quando comparamos uma hora em um dia de trabalho neste pequeno planeta com a eternidade no vasto domínio de Deus. Que outro valor, além de mero passatempo, poderia ser atribuído à uma hora de trabalho nesta vida quando se é comparado com a gravidade e imensidão do mundo além?
Esta avaliação é absoluta em sua natureza, entretanto isto não cria qualquer tendência a negligenciar essa vida ou aproximá-la a uma forma isolacionista ou negativa. Certamente, há dessas tendências entre alguns movimentos sufis ou místicos, mas, de forma alguma, há, para isso, raízes ou embasamento na visão islâmica.
Isso foi emprestado de alguns conceitos do clero cristão e das ideologias persa e grega, achando, de alguma forma, um caminho na sociedade islâmica. Os grandes exemplos práticos que a história nos deu – de como o conceito islâmico de vida funciona na prática – nunca foram negativos ou isolacionistas em atitude. Você tem apenas que observar a geração dos Companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele), eles foram capazes de subjugar a tendência mal dentro de deles próprios e superar os sistemas vigentes da jahiliyah (tempos de ignorância), representado por impérios poderosos. Essa geração realmente compreendeu.
O verdadeiro valor desta vida é a medida de Deus, esta mesma geração foi a que começou a trabalhar em prol da próxima vida e realizou, no processo dos seus feitos, um grande e positivo efeito na raça humana. Esta geração viveu uma vida de intensa atividade, grande e irrefreável poder.
Momento…
A avaliação adequada das duas vidas, de acordo com a medida de Deus, deu-lhes a vantagem de não serem escravizados pelos prazeres desta. Eles dominaram esta vida e fizeram uso da mesma sempre pela causa de Deus – garantindo que a Sua autoridade suprema prevalecesse. Não deram aos prazeres mundanos nenhuma chance de escravizá-los. Assim, eles foram capazes de cumprir a missão de construir uma estrutura adequada para a vida humana. Em nenhum momento eles pretenderam desfrutar demais dos prazeres deste mundo, mas ao invés disso, tiveram como objetivo vencer na vida futura. Com este objetivo como orientação, foram capazes de sobressair ao resto da humanidade nesta vida e garantir que sobressaíssem na vida futura.
A natureza da próxima vida é algo que não pode nos ser explicado em detalhes. Assim, acreditar nisso nos dá uma visão mais ampla e um pensamento mais nobre. Trabalhar por isso nos assegura melhores resultados para aqueles que temem a Deus, e estes são facilmente reconhecidos como aqueles que usam a razão: “E a vida terrena não é senão diversão e entretenimento. Certamente, a morada derradeira é preferível para os piedosos. Então, não razoais?” (versículo 32).
Aqueles que negam a próxima vida, simplesmente porque ela não nos é perceptível, são pessoa ignorantes que afirmam ter conhecimento. Hoje, o conhecimento humano já não tem nenhuma outra certeza além daquela que se encontra além de nosso mundo e é imperceptível.