A alma humana precisa mesmo de rezar a Deus 5 vezes por dia?

O Homem foi criado bastante fraco, mas tudo o envolve, afecta e entristece.

Além disso, ele é totalmente desprovido de poder, no entanto as calamidades e os inimigos que o afligem são numerosos. Ele também é extremamente pobre e tem muitas necessidades. Além disso, ele é indolente e incapaz, e o fardo da vida é muito pesado. Como ser humano, ele está ligado com o resto do mundo, mas o desaparecimento das coisas que ele ama e com as quais se familiarizou, e a dor que isso pode causar, repetidamente o ferem. Finalmente, a sua mentalidade e sentidos inspiram-no em direcção aos objetivos gloriosos e guiam-no a ganhos eternos, mas ele é incapaz, impaciente, impotente, e tem sim um tempo de vida curto.

Assim, pode ser entendido claramente o quão essencial é para um espírito neste estado no momento do Fajr (alvorada) apresentar uma petição, através da oração e da súplica ao Tribunal de Um Todo-Poderoso, Majestoso, Misericordioso, Gracioso. O Homem deve buscar o sucesso e a ajuda d'Ele. O quão necessário é um ponto de apoio para que ele possa suportar e resistir as dificuldades e os encargos que ele possa enfrentar durante o dia.

Dhuhr (meio-dia) é o período de tempo quando o dia está no seu auge, e começa a avançar para concluir o seu rumo. É um momento em que as pessoas se retiram para ter um descanso temporário, longe de negócios comerciais e outros, e quando o espírito precisa de uma pausa da negligência e insensibilidade causada pelo trabalho duro, e as graças divinas são plenamente manifestadas.

É difícil, então, considerar um homem como verdadeiramente humano se não percebe como é bom, necessário, agradável e adequado realizar a oração do meio-dia. O Homem, num alívio das pressões da vida quotidiana e da negligência, levanta-se com humildade, na presença do Doador Real das bênçãos, manifesta a sua gratidão e reza pela sua ajuda. Ele também se curva para demonstrar a sua impotência diante da Sua Glória e Poder, e prostra-se a proclamar a sua admiração, amor e humildade diante da Sua Perfeição Eterna e Inigualável Benevolência.

Quanto ao tempo de 'Asr (tarde), é semelhante à triste estação do Outono e o estado melancólico da velhice, e o período angustiante no final do tempo. É o momento em que as tarefas do dia são concluídas, e as graças divinas recebidas naquele dia, como saúde, segurança e bom serviço no caminho de Deus se acumularam para formar um total óptimo. É também o momento em que testemunhamos o sol a baixar-se para o horizonte provando que tudo é impermanente: está aqui hoje e desaparece amanhã.

Agora, o homem que anseia por toda a eternidade e que é criado para ela, e mostra reverência pelos favores que lhe foram feitos mas que está triste por causa de separações em particular, levanta-se, realiza a ablução e, depois disso, a oração designada. Assim, quem é verdadeiramente humano, pode entender o direito exaltado que é, o serviço adequado que é, que forma razoável de pagar uma dívida de gratidão e, de facto, que prazer agradável é realizar a oração da tarde. Pois, ao oferecer súplicas no Tribunal de Justiça do Eterno, ao buscar refúgio na Sua Infinita Misericórdia, e ao oferecer agradecimento e louvor pelas Suas bênçãos incontáveis??, ele tem paz de espírito. Ao curvar-se humildemente diante do Poder e da Glória do Seu Senhor, e ao prostrar-se em humildade absoluta perante a Sua Eterna Divindade, ele encontra consolo verdadeiro e facilidade de espírito.

A noite faz-nos lembrar o início do Inverno e as despedidas das criaturas frágeis do Verão e do Outono. Ela faz-nos lembrar também da separação dolorosa entre o Homem e os seus entes queridos quando chega a morte. Mais uma vez, lembra-nos do momento em que a luz do sol, a lâmpada da terra, será extinta e os habitantes deste mundo emigrarão para o outro mundo após o colapso resultante do final: terramotos predestinados. É também uma severa advertência para aqueles que adoram transitórios, efêmeros amados, cada um dos quais é certo que vai morrer um dia.

No momento da oração do começo da noite, Maghrib, o espírito humano, que por sua natureza anseia pela Beleza Eterna, volta-se para o Ser Eterno, que cria e enquadra todos estes acontecimentos e fenómenos, que comanda enormes corpos celestes. É o momento em que o espírito humano se recusa a confiar em qualquer coisa finita e grita Allahu Akbar – significando “Deus é o Maior”. Depois, na Sua presença, pronunciando al-hamdu lillah, "todo o louvor e gratidão são para Deus", o homem louva na consciência da Sua Perfeição sem falhas, Incomparável Beleza e Benevolência e Misericórdia Infinitas. Depois, ao declarar "Só a Ti adoramos, e de Ti Só podemos pedir ajuda" (1:5), ele oferece a sua adoração, e procura a ajuda do Seu Domínio sem assistência, Divindade sem parceria, e não partilhada Soberania. Depois, o Homem curva-se perante a Grandeza Infinita de Deus, Poder ilimitado e perfeita Honra e Glória, demonstrando então, junto com toda a criação, a sua fraqueza e o seu desamparo, a sua humildade e probeza, e diz “Glória ao meu Senhor, o Todo-Poderoso”. Depois disto, prostrando-se perante Ele consciente da eterna Beleza e Graça da Sua Essência, os Seus Imutáveis Atributos, e a Sua Eterna Perfeição, o Homem proclama, através do desapego de todos excepto Ele, o seu amor e serviço com admiração e humilhação. Ele encontra Um para sempre Belo, Permanente e Eterno Misericordioso e através das palavras “Glória ao meu Senhor, o Exaltado (o que está acima de tudo)”, ele declara que o Seu Senhor é livre de qualquer queda ou falha.

Depois disso, o Homem senta-se reverentemente e oferece, por sua própria conta, ao Eterno, Todo Poderoso e Majestoso, o louvor e a glorificação de todas as criaturas que rezam a Deus para que Ele conceda a paz e bênçãos sobre o Seu Mensageiro, que a paz esteja com ele. Ao fazer isto, ele renova a sua fidelidade ao Mensageiro de Deus e proclama a sua obediência às suas ordens e renova e fortalece a sua fé. Na observação da sábia ordem neste palácio do universo, ele testemunha a Unicidade do Criador e a missão profética de Muhammad. O Profeta é o arauto da soberania do Domínio de Deus, proclamador das coisas agradáveis a Ele, e o intérprete dos sinais dos versos do Livro do Universo. Como poderá então um homem ser verdadeiramente humano se não percebe como é agradável o dever da oração da noite? É um valioso e prazeroso acto de serviço, uma forma agradável e bonita de adoração e um assunto sério. Que conversa significante com o Criador, e que felicidade permanente!

O momento de 'Ishaa, noite completa, sendo o tempo em que o últimos vestígios do dia permanecendo no horizonte desaparecem, e a noite cobre a terra, lembra-nos das cessões poderosas do Domínio de Deus como o Trocador do Dia e da Noite. Lembra-nos das actividades Divinas do Sapientíssimo como o Dominador do Sol e da Lua. Elas podem ser observadas no Seu retorno da página branca do dia para a página negra da noite, e na Sua troca do colorido e bonito esquema do verão para a frígida página do Inverno. Esta parte do dia também nos lembra dos actos de Deus como o Criador da Vida e da Morte, na completa passagem dos restantes trabalhos dos mortos para o outro mundo no curso do tempo. É um tempo que chama a atenção às cessões majestosas e graciosas e as graciosas manifestações de Deus como o Criador dos Céus e da Terra. Nós podemos ver isto na total destruição deste mundo pequeno, mortal e humilde com alvoroços tremendos e convulsões, e o desenrolar do vasto, eterno e majestoso Mundo que está para vir. Também nos avisa que Só Quem pode tão facilmente trocar o dia para a noite, o Inverno para Verão e este mundo para o próximo, pode ser o Dono e o Verdadeiro Mestre do universo, sendo Ele somente merecedor de adoração e de verdadeiro amor.

Logo, no final da noite, a alma do Homem, que é infinitamente desamparada e fraca, e infinitamente pobre e necessitada, e empurrada para aqui e para ali por diversas circunstâncias, girando num futuro escuro e incerto, faz a oração de 'Ishaa. A sua prática tem este significado: Como Abraão, o Homem diz “Eu não amo aqueles que se põem (terminam)”, e através das suas orações ele procura refúgio no Tribunal do Eternamente Vivo, o Eternamente Adorado, o Eternamente Amado. Da vida passageira neste mundo escuro, fugaz e futuro sombrio, ele implora ao Perseverante, Eterno, e por um momento de conversa interminável, uns meros segundos de vida imortal. Ele pede para receber os favores do Misericordioso e a luz da Sua orientação, que espalharão luz no seu mundo e iluminarão o seu futuro e terminarão com o sofrimento da queda de todas as criaturas e amigos.

Brevemente, o Homem se esquece do mundo, que o deixou para a noite, e derrama a tristeza do seu coração no Tribunal de Misericórdia com lágrimas. Antes do sono vir, que se assemelha à morte, e desde que tudo pode acontecer, ele faz o 'último' dever de adoração do dia. Para fechar favoravelmente o registo das acções do seu dia, ele levanta-se para rezar. Levanta-se para entrar na presença do Eternamente Amado e Eternamente Adorado em vez dos mortais que ele amou todo o dia. Ele procura a presença do Todo-Poderoso e Generoso em vez das criaturas impotentes das quais ele implorou todo o dia. Ele procura refúgio na presença do Protector Misericordioso na esperança de ser salvo do mal das criaturas prejudiciais perante as quais ele tremia o dia todo.

Ele começa com a Fatiha, o capítulo de abertura do Alcorão. Em vez de lisonjear e estar em dívida para com criaturas imperfeitas e necessitadas, o que é impróprio, ele exalta o louvor do Senhor dos Mundos, Perfeito e Auto-Suficiente, Misericordioso e Generoso. Ele, então, avança para dizer “Só a Ti adoramos”. Logo, apesar da sua insignificância e de estar sozinho, através da conexão do Homem com o Dono do Dia do Julgamento, Que é O Soberano Eterno, ele alcança o status de um importante agente no universo. Através da declaração “Só a Ti adoramos e Só de Ti procuramos ajuda”, ele apresenta a Deus, em nome de todas as criaturas, a sua adoração e implora a Sua assistência para a inteira congregação de todas as outras criaturas. Depois, dizendo “Guia-nos à senda reta”, ele pede para ser guiado ao Caminho Reto, que leva à felicidade eterna e é o caminho iluminado.

É agora a vez de dizer “Deus é o Maior” curvando-se na contemplação da grandeza do Majestoso. Como as plantas e os animais que dormem, os sois escondidos e as despertantes estrelas são como soldados individuais sujeitos às Suas ordens. Ele pensa agora na prostração de todas as criaturas. Pelo comando “Sê! E é”, todas as variedades de criaturas de todas as idades e épocas – mesmo a terra e o resto do universo – como um exército organizado e obediente, cada um é disperso dos seus deveres, enviado para o Mundo do Invisível, através da prostração da 'morte' em perfeita ordem, cada um declara “Deus é o Maior” e prostra-se. E certamente vai agora entender o quão agradável, feliz e elevado, o quão nobre, razoável e adequado é o direito, serviço e acto de adoração e o quão sério é o assunto de rezar a oração de 'Ishaa.

Logo, como cada uma destas cinco vezes é um indicador para uma poderosa revolução, um sinal da tremenda actividade do Senhor e um símbolo das graças universais divinas, as orações prescritas, que são um dever e uma obrigação, serem especificadas como são é uma sabedoria perfeita.

Glória seja a Ti! Não temos conhecimento excepto aquele que nos ensinaste. Certamente Tu és O Sapientíssimo!