Você não precisa esperar até "sentir vontade" para fazer o que você sabe que é importante.

Você não precisa esperar até "sentir vontade" para fazer o que você sabe que é importante.

 

Por Kaighla Um Dayo

 

 

"E viste aquele que tomou por deus sua paixão (...)?”

 

Allah nos pergunta no Alcorão.

 

"Allah o descaminhou, com ciência, e lhe selou o ouvido e o coração e lhe fez névoa sobre a vista? E quem o guiará, depois de Allah? Então, não meditais?”

–[Sura Al-Jathiya (45):23]

 

Este verso de Sura Al-Jathiyah (45: 23) não poderia ser mais claro.

 

Não é verdade que todos nós conhecemos alguém que decidiu somente fazer o que gosta na vida?

 

Talvez nós mesmos, tenhamos passado por períodos de tempo em que paramos de exercitar, paramos de ler o Alcorão, ou até mesmo paramos de rezar porque não estavamos "com vontade".

 

Mas, seus desejos, seu nafs, não querem nada além de mantê-lo preso na rotina em que você está. E você pode culpar seu cérebro!

 

 

O Cérebro Odeia A Mudança - E Precisa Dela!

Nosso cérebro foi projetado para sempre buscar a distância mais curta entre dois pontos, e seguir os caminhos neurais que lhe temos repetidamente administrado.

 

Essencialmente, ensinamos nossos cérebros um itinerário e uma rotina fazendo as mesmas coisas uma e outra vez, e então eles assumem o controle e nos lembram para seguir essa rotina, uma habilidade que deveria facilitar nossa vida.

 

O que isso significa é que quando decidimos que é hora de fazer uma mudança na vida, nossos cérebros muitas vezes se rebelam, exatamente como eles foram projetados a fazer.

 

Por isso, achamos muito difícil quebrar nossos maus hábitos, ou começar novos.

 

Mas no fim de contas, você é o chefe da sua mente.

 

Você tem que escolher seus pensamentos, como você escolhe os alimentos que você come, as roupas que você usa e os argumentos que você evita.

 

No entanto, por mais que os nossos cérebros odeiem mudança, eles também ficam entediados com muita rapidez!

 

Nossos cérebros estão sempre à procura de algo novo e emocionante por que se apaixonar, alimentando nosso espírito exploratório individual e coletivo.

 

O que esses dois fatos significam, praticamente, é que, para realmente fazer uma mudança na vida, é natural que procuremos as rotas mais emocionantes.

 

Mas nem tudo na vida é emocionante!

 

 

Em Defesa do Fingir

Você pode ter ouvido o velho ditado, "Finja até conseguir", algo que nós, em nossas sociedades modernas e individualistas, viemos a abominar.

 

Não! Queremos ser verdadeiramente autênticos para o nosso eu mais profundo! Nós não seremos encadeados pela pressão social ou normas sociais! Vive le Plaisir!

 

Mas a realidade fria e dura é que nunca ninguém, na história do mundo, ficou realmente entusiasmado com a perspectiva de lavar a louça, dia após dia.

 

Mesmo o corredor mais ávido acorda às vezes em uma manhã fria e luta para sair da cama para a sua corrida diária.

 

Nenhum pai honesto vai dizer que gosta de cada momento em que esfrega manchas nos seus móveis ou em que corrige seus filhos repetidamente.

 

Então, o que fazemos quando todos os nossos sentidos estão nos gritando para fugir para uma distração, qualquer coisa, para evitar a tarefa desagradável que temos diante de nós?

 

 

Apenas faça!

Más notícias: suas emoções estão fora do seu controle. Você sente o que sente, e isso é um fato. É uma tarefa de tolo tentar se forçar a amar o que você não quer fazer no momento.

 

Boas notícias: é você que decide, de momento a momento, se você obedecerá essas emoções e desejos, concentrando-se nelas, ou não.

 

Mas adivinhe o quê? Você não precisa esperar até "sentir vontade" para fazer o que você sabe ser importante.

 

Você tem o direito total de odiar lavar a louça. Você pode odiar lavar a louça durante todo o tempo em que você está lavando, não há problema! Mas lave-a, mesmo assim.

 

Continue sentindo o quanto você não quer fazer uma corrida hoje, o quanto você prefere em vez ficar quente na cama, mesmo enquanto você coloca seus sapatos e sai de casa.

 

Mas faça isso. Faça o que você sabe ser bom para você mas que não "sente vontade" em fazer, porque seus sentimentos e desejos não são gerentes confiáveis.

 

"O inimigo é Resistência", diz Steven Pressfield em seu livro, Do the Work: Overcome Resistance and Get Out of Your Own Way.

 

"O inimigo é o nosso cérebro tagarelante que, se o dermos tanto quanto um nanosegundo, começará a produzir desculpas, álibis, auto justificações transparentes e um milhão de razões pelas quais não podemos/não deveríamos/não faremos o que sabemos que precisamos fazer.

Comece antes de você estar pronto. As coisas boas acontecem quando começamos antes de estarmos prontos."

 

 

Como Isso se Aplica aos Atos de Adoração

É uma frustração intemporal para as pessoas, e muitas vezes para os convertidos, que nem sempre nos "sentimos espirituais" quando rezamos.

 

Pode-se "sentir" como se nada de bom viesse de nossas orações, como se os nossos corações não estivessem mudando, como se nossas circunstâncias permanecessem as mesmas.

 

Mas a quem você está adorando? Se você adorar a Deus somente quando "sente vontade", você está realmente adorando seus próprios desejos!

 

Você está permitindo que seus desejos ditem quando e como você se submeterá a Deus, tornando-se um mestre sobre sua alma, não se submetendo a Deus.

 

O muçulmano mais dedicado que você conhece tem sentimentos por dentro que às vezes o motivam a evitar fazer o que ele sabe que deveria.

 

Mesmo o muçulmano mais sincero que você já conheceu às vezes é atraído a fazer boas ações como forma de se exibir.

 

Qual de nós está a salvo da velha armadilha de '"apenas mais um episódio de Netflix e depois vou rezar"?

 

Somos humanos!

 

Assim como um pai ou uma mãe dedicado/a se levanta todos os dias para ajudar seus filhos a se prepararem para suas atividades diárias, independentemente de como ele ou ela sente, devemos atender às necessidades de nossas almas, independentemente de como servir essas necessidades nos faz sentir.

 

Ao invés de permitir que seus sentimentos e desejos momentâneos ditem o que você faz, experimente esta semana a leitura de uma página do Alcorão, independentemente se você se sentir "espiritual" quando estiver fazendo isso.

 

 

Fonte: aboutislam.net

Tradução: Maria Fawaz