Regra sobre intimidade sem a prática de zina

Qual é o parecer sobre quem tem intimidade com mulheres, mas não comete zina (adultério ou relação sexual ilícita), ou seja, beija, etc?

Todos os louvores são para Allah.

Zina (adultério, fornicação) não se refere somente à penetração, ao contrário, existe a zina da mão, que é tocar o que lhe é proibido, a zina dos olhos, que é olhar o que lhe é proibido, não obstante a zina cometida com as partes íntimas, que é a penalizada com a punição hadd (Um castigo fixado no Alcorão e hadith para crimes considerados contra os direitos de Allah).

Foi narrado de Abu Huraira (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah decretou para cada filho de Adam sua parte de zina, a qual inevitavelmente cometerá. A zina dos olhos é olhar, a da língua é falar, pode-se querer e desejar, e as partes íntimas a confirmam ou a negam.” Narrado por al-Bukhari, 5889; Muslim, 2657.

Ao muçulmano é proibido desejar àquilo que leve à zina, como beijar, ficar sozinho com quem não mahram do sexo oposto, tocar e olhar, pois todas essas coisas são haraam para quem não se casou, e elas levam a um mal maior, que é a zina.
Allah diz (interpretação do significado):

E não vos aproximeis do adultério. Por certo, ele é obscenidade (Faahishah, ou seja, tudo que ultrapasse seus limites; e que vil caminho (um grande pecado, e um caminho maligno que leva o servo ao inferno, a menos que Allah o perdoe)!
[al-Isra’ 17:32]

Olhar para o que é proibido é uma das setas de satanás, a qual leva à perdição, mesmo que inicialmente o servo não o tenha feito intencionalmente. Allah diz (interpretação do significado):

“Dize aos crentes, Muhammad, que baixem suas vistas (que não olhem para o que é proibido) e custodiem seu sexo. Isso lhes é mais digno. Por certo, Allah é Conhecedor do que fazem. E dize às crentes que baixem suas vistas (de olharem para o que é proibido) e custodiem seu sexo e não mostrem seus ornamentos - exceto o que deles aparece - e que estendam seus cendais sobre seus decotes. E não mostrem seus ornamentos senão a seus maridos ou a seus pais ou aos pais de seus maridos ou a seus filhos ou aos filhos de seus maridos ou a seus irmãos ou aos filhos de seus irmãos ou aos de suas irmãs ou a suas mulheres ou aos escravos que elas possuem ou aos domésticos, dentre os homens, privados de desejo carnal, ou às crianças que não descobriram, ainda, as partes pudendas das mulheres. E que elas não batam, com os pés, no chão, para que se conheça o que escondem de seus ornamentos. E voltai-vos, todos, arrependidos, para Allah, ó crentes, na esperança de serdes bem-aventurados!” [al-Noor 24:30-31]

Pense sobre como Allah conecta os assuntos de abaixar o olhar com o de proteger as partes (que o indivíduo guarde sua castidade) nesses versos, e como abaixar o olhar é mencionado primeiro, antes de proteger as partes íntimas, porque o olho influencia o coração. 

O Shaikh ‘Abd al-‘Aziz ibn Baaz (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Nestes dois versículos, Allah ordena os crentes e as crentes abaixarem seus olhares e guardarem suas castidades, dada a seriedade da natureza da zina e ao que ela leva, de grande corrupção dentre os muçulmanos. Deixar que o olhar vague livremente é uma das causas da doença no coração e da ocorrência de ações imorais, enquanto abaixar o olhar é um dos meios de proteger-se dela. Consequentemente, Allah diz (interpretação do significado):

“Allah sabe da traição dos olhos e do que os peitos escondem.” [Ghaafir 40:19] 

Fim de citação de al-Tabarruj wa Khataruhu.

O muçulmano deve temer seu Senhor em privado e em público, manter-se distante daquilo que Ele proibiu, de ficar sozinho com uma pessoa do sexo oposto, olhar, apertar mãos, beijar e outras coisas que são haraam e levam à ação imoral da zina.
O pecador não deve ser enganado a pensar que não cometerá zina e parará nessas ações haraam sem ir mais longe, pois satanás jamais o deixará em paz. Embora não haja uma punição hadd para ações (como beijar, abraçar, ficar a sós, etc), já que a punição hadd é apenas para a relação sexual consumada (penetração), o juiz poderá puni-lo com uma pena ta’zir (que são as punições que ficam a critério do juiz) para impedir que ele e outros com ele cometam esses pecados.
Ibn al-Qayyim disse:

As punições ta’zir podem ser prescritas para cada pecado onde não houver uma punição hadd ou uma expiação (kafaarah) específicas, pois os pecados são de três tipos: aqueles para os quais existe uma punição hadd, mas não requere kafaarah; aqueles que requerem kafaarah, mas que não requerem punição hadd; e aqueles que não tem nem punição hadd nem kafaarah. O primeiro tipo inclui crimes como: roubo, consumo de álcool, zina e difamação. O segundo tipo inclui ter relação sexual durante o dia no Ramadan ou em ihram. O terceiro tipo inclui ter relações sexuais com uma escrava que foi adquirida em sociedade com outra pessoa, beijar uma mulher não-mahram e ficar a sós com ela, entrar em banhos públicos sem o izar, comer carne morta, sangue, porco e assim por diante. I’laam al-Muwaqqa’in, 2/77

Quem comete qualquer dessas coisas deve arrepender-se a Allah, pois quem quer que se arrependa Ele o perdoará, e quem o faz é como quem não comete pecado.

Uma das grandes formas de expiação para tais pecados é fazer as cinco orações diárias regularmente e no horário. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “As cinco orações diárias, e de uma Jumu’ah até a outra, e de um Ramadan até o outro, expiam os pecados que acontecem neste período, desde que eviteis pecados maiores.”
Narrado por Muslim, 1/209

E Allah sabe melhor.

Tradução: Islane Castelo