Descrevendo o Paraíso, Allah – o Altíssimo – disse:

“Por certo, Allah, aos que crêem e fazem boas obras, fará entrar em Jardins, abaixo dos quais correm os rios; neles, serão enfeitados com braceletes de ouro e com pérolas. E, neles, suas vestimentas serão de seda.” [Surah al-Hajj (22):23]

“Por certo, os piedosos estarão entre jardins e fontes. Dir-se-lhes-á: "Entrai neles em paz e em segurança." E tiraremos o que houver de ódio em seus peitos, sendo como irmãos, em leitos, frente a frente. Neles, nenhuma fadiga os tocará, e deles jamais os farão sair.” [Surah al-Hijr (15):45-48]


Paraíso, aquela preciosa benevolência a qual, ao longo de anos, os crentes empenham-se em alcançar.

Paraíso, a chama ardente que se encontrava nos corações dos nossos Salafus-Saalihin (Predecessores Piedosos), uma chama que os estimulou a aspirar para os grandes exemplos de bravura em jihaad e sacrifício.

Paraíso, aquele nobre objetivo, no qual olhos aspirantes estão fixados e o qual almas de anseio desejam, em todos os tempos e lugares. Consideram as aflições mundanas aprazíveis, pela causa de alcançar o Paraíso. Verdadeiramente, entrar e permanecer nele é considerado o maior objetivo para os crentes, e é uma esperança mantida em vista ao longo da vida. Quão frequente o Paraíso tem sido um incentivo e uma motivação para a virtude e a verdade, apesar dos perigos, das aflições e obstáculos que se encontram ao longo do caminho – ainda mesmo que envolva morte certa.

Este era o caso nos dias do Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam), conforme Anas (radiAllahu ‘anhu) relatou: “Numa ocasião, o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) e os seus Companheiros dirigiram-se em direção a Badr e chegaram lá antes dos descrentes de Makkah. Quando os descrentes compareceram, o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) disse: ‘Nenhum de vós deve me prosseguir adiante em nada.’ De seguida, os descrentes avançaram na nossa direção, e o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) replicou: ‘Levantem-se para entrar no Paraíso, cuja largura é equivalente aos céus e à terra.

Umayr ibn al-Humaam al-Ansaaree (radiAllahu ‘anhu) disse: “Ó Mensageiro de Allah! É o Paraíso equivalente à largura dos céus e da terra? Ele respondeu: ‘Sim!’ Umayr, em seguida, exclamou palavras de fascínio e entusiasmo, por isso o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) perguntou-lhe: ‘O que foi que te fez pronunciar estas palavras de fascínio e entusiasmo?’ Ele respondeu: Ó Mensageiro de Allah! Nada, para além do desejo de estar entre os seus habitantes. O Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) então disse, ‘Certamente, és um dos seus habitantes.’ Assim, ‘Umayr tomou algumas tâmaras da sua bolsa e começou a comê-las. Em seguida disse: Se vivesse até quando terminasse de comer todas estas tâmaras, então por certo esta vida seria demasiado longa. Deitou fora as restantes tâmaras que estavam com ele e lutou até que foi morto. (Relatado por Muslim (nº 1901))

Esta também foi a posição tomada nos tempos posteriores:

Abu Musaa al-Ash’aree (radiAllahu ‘anhu) narrou enquanto na presença do seu inimigo: O Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) disse: ‘Em verdade as portas do Paraíso encontram-se por debaixo da sombra das espadas.’ Um homem que se encontrava numa condição desgastante levantou-se e disse: Abu Moosaa! Ouviste isto do Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam)? Então ele respondeu: Sim! Voltou-se para o seu amigo e disse: Anuncio-te o meu salaam (uma saudação de paz de despedida). Depois, partiu a bainha da sua espada, deitou-a fora, e apressou-se em direção ao espesso do inimigo,e combateu contra eles até que foi morto. (Relatado por Muslim (nº 1902) e at-Tirmidhee (nº 1659).)

Imaam ash-Shaafi’ee (m.204H) – rahimahullah – articulou:

“Ó minha alma! Não são senão apenas alguns dias de paciência;
Como se a espera fosse nada, apenas uns poucos sonhos.
Ó minha alma! Passe logo por este mundo;
E deixá-lo, pois por certo a vida jaz além dele.” (Relatado por Ibn Rajab in Fadl ‘Ilmus-Salaf (p. 63).)


Boletim Informativo Al-Istiqaamah
Safar 1417H/Julho 1996, Edição Nº 2


Tradução: Mariama bint Carlos
Fonte: Abdurrahman.Org [https://abdurrahman.org/2014/01/16/yearningparadise/]