Seguindo os Monumentos dos Profetas

 

 

Foi autenticamente relatado do Amir al-Mu’minin (Comandante dos Crentes), ‘Umar ibn al-Khattab (radhiAllahu ‘anhu), que ele condenou o seguimento dos monumentos dos profetas e ordenou que a árvore por baixo da qual a Bay’ah de al-Hudayniyah teve lugar fosse cortada quando soube que algumas pessoas começaram a ir para lá. Isto foi de forma a se proteger Tawhid (crença na Unicidade de Allah) e eliminar os meios que levam ao shirk, bid’ah e superstições relacionadas com a Jahiliyyah (período da ignorância pré-Islâmica).

 

 

Abaixo apresenta-se algo do que foi mencionado por alguns sábios a esse respeito, para que fique bem informado acerca deste assunto.

 

Imam Abu Bakr Muhammad ibn al-Walid al-Tartushy afirmou no seu livro ‘Al-Hawadith wal-Bida’, num capítulo intitulado ‘A Chapter on Forms of Bid’ah [Um Capítulo sobre Tipos de Bid’ah]’, p. 135, [que] Al-Ma’rur ibn Suwayd disse:

“Quando partimos para Hajj com ‘Umar ibn al-Khattab (radhiAllahu ‘anhu), vimos uma masjid (mesquita) pelo caminho, de tal modo que as pessoas começaram a fazer salah (oração) nela. ‘Umar disse: ‘Ó gente! Aqueles antes de vocês pereceram por honrarem estes tipos de locais, até que [chegou ao ponto] em que os tomaram por lugares de adoração. Se um indivíduo chegar lá no momento do salah, deve fazê-lo ali; caso contrário deve ir embora.”

 

Na pág. 141, ele disse na autoridade de Muhammad ibn Waddah que ‘Umar ibn al-Khattab ordenou que a árvore debaixo da qual foi dado o Bay’ah [juramento de fidelidade] ao Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) fosse cortada, porque as pessoas começaram a visitá-la e ‘Umar temia que fossem desencaminhadas.

 

Ibn Waddah disse: “Malik e outros sábios de al-Madinah detestavam ir às masjids [mesquitas] e monumentos Islâmicos em al-Madinah, com a exceção de Quba’ e Uhud. Sufyan entrou na Mesquita al-Aqsa e fez uma oração, porém não perguntou sobre aqueles monumentos nem realizou salah [oração] neles; e outros que lhe imitaram fizeram o mesmo.”

 

Ibn Waddah disse em seguida: “Quantos assuntos são agora considerados aceitáveis por muitos, que antes eram considerados munkar [reprováveis]. As pessoas tentam aproximar-se de Allah através de meios que as afastam ainda mais d’Ele.”

 

Shaykh-ul-Islam Ibn Taymiyyah (rahimahullah) disse no seu livro ‘Majmu’ Al-Fatawa’, vol. 26, p. 133:

“No que diz respeito a escalar o Monte Al-Rahmah (em ‘Arafah) não é, nem um ato da Sunnah (ato de adoração para além do obrigatório seguindo o exemplo do Profeta) nem [um ato] mustahab (recomendado).

 

Nem é mustahab entrar na cúpula acima dele, chamado de a Cúpula de Adam, para oferecer salah, ou circundá-la, já que isto é um dos pecados maiores.

 

Nem tampouco é mustahab entrar nas mesquitas no local do Jamarat (pilares de pedra às quais são atiradas pedras durante o Hajj) ou oferecer salah. Circundar à volta delas, da Pedra, do quarto do Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) ou qualquer outra coisa que não seja a Ka’bah representa uma grave bid’ah.”

 

Ele também disse na p. 144 da mesma seção:

“No que toca às visitas de mesquitas construídas em Makkah para além de Al-Masjid Al-Haram (a Mesquita Sagrada em Makkah), tais como aquela ao pé de Al-Safa, outra ao pé de Abu Qays, e aquelas masjids construídas nos locais do profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) e os seus Sahabah, como a Masjid Al-Mawlid (aniversário do Profeta) e outras, não é nem uma Sunnah visitar esses lugares, nem era preferível por qualquer um dos a’immah [plural de Imam].

 

É apenas permissível visitar Al-Masjid Al-Haram em particular, e lugares de rituais sagrados, como ‘Arafah, Muzdalifah, Mina, Al-Safa e Al-Marwah. No entanto, visitar as montanhas e áreas ao redor de Makkah para além de ‘Arafah, Muzdalifah e Mina, tais como a Montanha Hira’, a montanha em Mina onde se alega que se encontrava a cúpula do sacrifício e esses tipos de lugares, não faz parte da Sunnah relatada ao Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam), mas ao invês [representa] uma bid’ah.

 

O mesmo se aplica às masjids construídas em locais ditos monumentos. O Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) não permitiu visitar nenhum desses [lugares].”

 

No vol. 27, p. 134, do mesmo livro, ele também disse:

“Algumas pessoas podem perguntar se é permissível glorificar um lugar onde existam coisas degradadas e açafrão já que o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) foi visto ali. Glorificação de tais lugares e a sua transformação em masjids é uma imitação do Povo do Livro [judeus, cristãos], a quem somos proibidos de imitar.

 

Foi autenticamente relatado que ‘Umar ibn al-Khattab (radhiAllahu ‘anhu) estava a viajar quando viu um grupo de pessoas a apressarem-se para um lugar. Ele perguntou, ‘o que é isto?’ As pessoas responderam, ‘é um lugar onde o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) ofereceu salah.’ Ele disse, ‘pretendem tornar os locais do vosso Profeta em masjids? Se entrar o momento do salah enquanto uma pessoa estiver lá, então pode orar; caso contrário deve ir embora.’ ‘Umar mencionou isso na presença de um número de Sahabah (radhiAllahu ‘anhum). Sabe-se que o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) costumava fazer o salah em diversos lugares enquanto viajava, e as pessoas lhe veriam durante o sono em diferentes locais. Contudo, os Salaf não tornaram nenhum desses lugares em masjids e locais turísticos, enquanto as pessoas ainda sonhavam que o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) os visitava em casa. Estabelecer esses locais turísiticos é uma bid’ah abominável. Allah não ordenou que os locais dos profetas fossem transformados em musalla (um lugar de oração) exceto Maqam Ibrahim (a Estação de Ibrahim) na Sua afirmação:

“E lembrai-vos de quando fizemos da Casa lugar de visita e segurança para os homens, e dissemos: ‘Tomai o Maqam de Abraão por lugar de oração.’” [Surah al-Baqara (2):125]

 

Ele tampouco ordenou que uma pedra fosse tocada e beijada com a exceção de Al-Hajar Al-Aswad (a Pedra Negra num canto da Ka’bah) ou que salah fosse direcionado a um edifício outro que Al-Bayt-ul-Haram (a Casa Sagrada, um outro nome para a Ka’bah). De acordo com o Ijma’ (consenso) dos muçulmanos, é impermissível fazer analogias neste assunto. É equivalente a pedir as pessoas para realizar Hajj a outro lugar que Al-Bayt-ul-‘Atiq ou observar sawm (jejum) num mês outro que Ramadan, e assim por diante.”

 

Disse de seguida:

“O resto dos assuntos foram definitivamente respondidos. Se uma pessoa oferece salah ou recita du’a’ (súplica) intencionalmente no local das pegadas de um profeta ou lugar; a sepultura de um Sahaby (Companheiro do Profeta), um shaykh, ou um dos Ahl-ul-Bayt (membros da família muçulmana extensa do Profeta), uma torre ou caverna, esta é uma bid’ah rejeitada no Islam, já que nem o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) e nem a primeira geração de muçulmanos ou aqueles que os seguiram na virtude fizeram assim. Nenhum dos a’immah muçulmanos preferiram-no; antes, é um meio que leva ao Shirk.” Existe elaboração sobre isto numa outra fonte.

 

Ele depois disse na p. 500 da mesma seção:

“Após o Islam, nenhum dos Sahabah costumava ir à Caverna de Hira’ propositadamente. É nos impermissível buscar as cavernas das montanhas ou sentar em isolamento dentro delas. Quanto a sentar em isolamento em cavernas e viajar para uma montanha para buscar bençãos, tais como a montanha Al-Tur, o Monte Hira’, Monte Thawr e outros, é também impermissível para nós. O Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) afirmou:

“Não partam em viagem exceto para três masjids: Al-Masjid Al-Haram, a minha mesquita (a Mesquita do Profeta), e a Mesquita Al-Aqsa (em Jerusalém)."

Fim da citação.

 

Ibn al-Qayyim (rahimahullah) escreveu na p. 204 do seu livro ‘Ighathat Al-Lahfan min Masa’id Al-Shaytan’, depois de alertar contra visitar sepulturas para buscar bençãos nelas e recitar du’a’:

“Os Sahabah desaprovaram coisas muito mais triviais que isto. Várias pessoas narraram de Al-Ma’rur ibn Suwayd que ele fez a oração de Fajr (alvorada) com ‘Umar ibn al-Khattab (radhiAllahu ‘anhu) no caminho para Makkah, e depois as pessoas começaram a se espalhar por toda a parte. Ele perguntou, ‘para onde vão estas pessoas?’ Foi dito: ‘Ó Amir Al-Mu’minin, elas vão oferecer salah numa masjid onde o Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) rezou.’ Ele disse, ‘aqueles que vieram antes de vocês pereceram por causa disto; eles costumavam seguir os traços dos seus profetas e os transformavam em lugares de ‘ibadah [adoração]. Se o momento do salah chegar enquanto se encontrarem nesses lugares, façam-no lá; caso contrário devem ir-se embora, e não voltar intencionalmente.’ ‘Umar (radhiAllahu ‘anhu) também desenraizou a árvore debaixo da qual os Sahabah fizeram a Bay’ah ao Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam).”

Fim da citação.

 

Os estudiosos relataram bastante sobre este assunto. Esperamos que aquilo que já mencionamos seja suficiente e convincente para aqueles que buscam a verdade. Tendo conhecido as partes previamente mencionadas da evidência da Shari’ah e as opiniões dos estudiosos neste assunto, saberá que o chamado do escritor sobre glorificar monumentos Islâmicos, como a Caverna Thawr, o local onde teve lugar a Bay’ah Al-Rudwan e outros; reconstruir o que foi demolido deles; pavimentação de estradas que conduzem a eles; fazer elevadores ou teleféricos para lugares altos tais como as duas cavernas mencionadas; transformá-los em locais turísticos; erigir sinais para eles; e designar guias turísticos para os visitantes é tudo contrário à Shari’ah Islâmica, que provê para alcançar e despertar a atenção, e prevenir e reduzir o mal, assim como bloquear os meios que levam ao shirk e bid’ah. Também saberá que devemos evitar bid’ah e os meios que levam ao shirk, mesmo que aqueles que chamam para isso tenham boas intenções, visto que levam a um grande mal, mudam os rituais do Islam, e criam novos locais e formas de ‘ibadah que não foram prescritas por Allah nem pelo Seu Mensageiro (sallAllahu ‘alayhi wa sallam). Allah (Glorificado e Exaltado seja) declara:

“Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco e agradei-Me do Islão como religião para vós.” [Surah al-Ma’ida (5):3]

 

Tudo aquilo que não foi prescrito na época do Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa sallam) e dos seus Sahabah (radhiAllahu ‘anhum) não pode ser tornado permissível mais tarde. Se esta porta for aberta, Islam será falseado e ideias inovadas entrarão nele. Os muçulamos tornar-se-ão, assim, como os judeus e os cristãos na sua manipulação das suas crenças e mudá-las de acordo com os seus caprichos e desejos. É por isto que Imam Malik ibn Anas, o Imam de Madinah (rahimahullah), fez uma grande afirmação com a qual todos os estudiosos concordaram, dizendo: “As últimas gerações desta Ummah (nação) não terão sucesso exceto quando recorrerem àquilo que tornou os antigos seguidores bem sucedidos.” Ele quis dizer que o que trouxe sucesso à primeira geração foi a aderência ao Qur’an e à Sunnah do Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa sallam), seguindo as suas regras e evitando o que as contradiz. As últimas gerações desta Ummah não serão bem sucedidas até que recorram ao que tornou as gerações anteriores bem sucedidas. Ele (rahimahullah) falou a verdade. Quando as pessoas corromperam a sua fé, criaram bid’ah e formaram novos caminhos, dividiram-se em diferentes seitas, tornaram-se confusas, com cada seita regojizando-se no que tinha. Os seus inimigos atacaram-nas, tiraram vantagem da discrepância entre elas, fraqueza da fé, diferença nas intenções, e fanaticismo de cada seita aos seus caminhos desviantes e bid’ah, até que a condição dos muçulmanos alcançou a atual fraqueza e muitas nações atacaram-nos. Todos os muçulmanos devem retornar à sua fé correta, aderindo às suas justas leis, aprendendo das suas fontes originais do Qur’an e da Sunnah autêntica, e aconselhando-se adequadamente. Devemos colaborar de forma a alcançar isto em todas as áreas, quer seja legislativa, económica, política, social ou outras; e evitar tudo o contradiz isso ou leva à ambiguidade. Desta forma, os muçulmanos recuperarão a sua dignidade perdida e a sua anterior glória, e Allah lhes fará triunfar sobre os seus inimigos e governar o mundo.

 

Fatwa do Shaykh Ibn Baz

 

 

Fonte: Abdurrahman.Org

Tradução e adaptação: Mariama bint Carlos