Mensagem aos Novos Muçulmanos

Por Shaikh Wafi Farah

Assalamo alaikum wa rahmatullah querido irmão por Allah, 

Eu, através destas breves e poucas palavras, converso contigo a respeito de um assunto muito importante e, sobre o qual nós todos devemos pensar muito bem e aplicá-lo praticamente. Minha conversa contigo é sobre qual a realidade de se tornar um muçulmano; é sobre o significado de se converter muçulmano.

Uma coisa errada na qual acreditamos é que, para nos tornarmos muçulmanos, devemos nos dirigir a uma pessoa específica para testemunharmos a unicidade de Allah diante dele. Outra é que tudo acaba e está completo no testemunho. E assim, tornamo-nos muçulmanos como Allah deseja... O tempo passa e permanecemos assim como entramos no Islam – nada é acrescido na nossa vida, a não ser aquele breve momento em que nos dirigimos àquela pessoa para testemunhar a unicidade de Allah. Como se a pessoa acreditasse que aquele momento é suficiente para determiná-la muçulmana.

Isso, na realidade, acontece porque há uma fraqueza no entendimento da realidade do Islam e daquilo que Allah nos ordenou quando optamos por nos converter muçulmanos. Devemos compreender que no primeiro momento em que optamos por seguir o Islam estamos tirando de nossos ombros todo o peso da jahiliyah (ignorância), seus costumes e valores. Deve-se deixar completamente a jahiliyah para se entrar no Islam. Allah, o Todo-Poderoso, disse: “Ó aqueles que creem! Entrem no Islam completamente”. E Allah, o Todo-Poderoso, também disse: “Dize: minha oração, minha adoração, minha vida e minha morte são para Allah, o Senhor do universo”.

Certamente, aquele momento da entrada no Islam é um momento grandioso e resplandecente em nossas vidas. Esse momento é o diferencial luminoso que nos leva de um mundo a outro mundo; de uma situação a outra situação; de um valor a outro valor. Este é o diferencial entre a jahiliyah e o Islam e entre Allah e os outros. Allah, o Todo-Poderoso, disse: “E o que há além da realidade, senão o desvio?”.
Com certeza, o momento da anunciação da entrada na religião é a anunciação da libertação de todos os tipos de escravidão. De todos os tipos de escravidão – quaisquer que sejam suas características, maneiras, formas, fontes – a pessoa é libertada. Então, ela se torna uma serva de Allah, o único que merece sua escravidão.

Seguramente, em nossa anunciação da entrada no Islam estávamos também anunciando, implicitamente, nossa incredulidade em todos os tipos de escravidão. Estas escravidões, a que nos referimos, poderiam ser: escravidão ao dinheiro, ao nosso ego, aos nossos desejos, aos costumes; então, deixamos todas elas e, em substituição, aceitamos a escravidão a Allah. O Mensageiro de Allah, que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele, disse: “o servo do dinheiro deteriorará...”. E tudo isso concretiza a metade da palavra do monoteísmo: “La ilaha”.

A segunda parte: “illa Allah”, significa que cremos que não existe Criador ou Senhor ou Controlador ou Aquele que dá a vida ou Aquele que dá a morte ou Mantenedor ou Sustentador ou Magnânimo ou Legislador, afora Allah – porque apenas Ele merece todos estes atributos.
Ele é o único que possui o direito de julgar as pessoas, organizar a vida, limitar as relações, construir valores, então, é certo apenas aquilo que Allah estabeleceu como certo  e o errado é tudo aquilo que Allah estabeleceu como errado. E ninguém participa nessas coisas junto a Allah.

Isso também significa, ao mesmo tempo, que nós não amamos, senão Allah, não tememos, senão a Ele e não dependemos de ninguém, senão d’Ele – juntando todas estas coisas: não adoramos, senão Ele. E Allah, o Altíssimo, disse: “Dize: minha oração, minha adoração, minha vida e minha morte são para Allah, Senhor do universo”.

Certamente este imaan (fé) cria no coração uma vida depois da morte, envia a luz após a escuridão. Esta vida traz junto com ela o sabor de todas as coisas, a imagem de todas as coisas, o discernimento de todas as coisas, com um sentimento diferente – algo que não era conhecido antes desta vida. É uma luz que emite seus raios e tudo que os recebe aparece como algo inusitado, nunca visto antes.

Dou-te um exemplo sobre a fé que beneficia, aquela que Allah quer: se um homem honesto diz que teu filho está doente e ele foi para o hospital, o que tu farias? Se tu disseres que o homem é honesto e que tu acreditas nele, entretanto não fazes absolutamente nada e permaneces como estás, não mudas nenhum sentimento ou tua situação e não confortas teu filho, então, tua crença é dura e morta e não beneficia nem a ti e nem aos outros. Porém, se tu disseres ao homem que acreditas nele e logo partes com preocupação em relação ao teu filho, então, tu vais ao hospital rapidamente para confortar teu filho e te inteirares da situação dele... Neste caso tua crença é viva, benéfica. Nestes dois casos a pessoa crê naquilo que escutou, mas há muita diferença entre os dois e assim podemos dizer que se comporta o imaan.

Certamente, o imaan que Allah deseja é aquele que aumenta e influencia. Este imaan é líder e orientador. O imaan que beneficia o seu dono é aquele plantado no seu coração, que prospera e ilumina. E enfeita este coração com a beleza da fé. Enche por todos os lados e direções. Este imaan estende seus galhos e ramos sobre a existência daquele crente. E joga sua sombra sobre sua vida e sua realidade. E dá seus frutos durante a noite e o dia. O imaan correto é aquele que motiva a movimentação, o esforço, a atividade, o trabalho, a educação, o orgulho, a firmeza e a certeza. 

E o coração, quando testa o sabor doce da fé, tranquiliza-se com ela e se firma com esta fé. Quem possui esta fé deve, com muita força, avançar para adquirir a realidade da fé fora do seu coração; de fato, em sua vida – a vida dos homens.

Ele deseja unificar o sentimento que existe dentro dele, da realidade da fé com tudo aquilo que o rodeia, aquilo que acontece na vida e os fatos da vida; e ele não suporta pacientar entre aquilo que vai em seu interior e tudo o que o rodeia. Porque essa diferença mexe com ele e se choca com aquilo que ele sente a cada segundo. Então, desde aqui ele se liberta e segue para o esforço pelo caminho de Allah com suas propriedades, sua alma e seu tempo. Portanto, esta libertação é a própria alma do crente; ele quer alcançar a imagem iluminada que está em seu coração, para vê-la externamente, de fato na vida dos homens. A disputa entre o crente e a vida da jahiliyah – aquilo que o rodeia – é uma disputa dele próprio.