Allah, o Altíssimo, disse:
“E o bom e o mau não se igualam. Revida o mal com o que é melhor: então, eis aquele entre o qual e ti há inimizade, como íntimo aliado. ” [Surah Fussilat (41):34]
Imaam as-Sa’dee (m. 1376H), rahimahullah, disse:
“Os atos de obediência e bondade que são feitos para ganhar a satisfação de Allah não são iguais aos atos de maldade e desobediência que trazem Sua ira, ao invês da Sua satisfação. Da mesma forma, aqueles atos de bondade e gentileza que são feitos à criação, e os de maldade que são feitos contra ela – seja em suas naturezas, características ou recompensas – não são iguais entre si: “Acaso não é o bem a recompensa das boas ações?”. Assim, é ordenado um ato específico, mas importante, do ihsaan (bondade e gentileza), que é: mostra-lo [ihsaan] àquele que lhe maltratou, porque Allah ordenou que repelíssemos o mal com o que é melhor. Isso significa que sempre que você é maltratado por alguém dentre a criação – em particular aqueles que têm altos direitos sobre si, tal como parentes, amigos, e outros semelhantes – deve revidar seus maus-tratos com atos de gentileza e bondade. Assim, se eles tiverem cortado relações consigo, tente reatar esses laços ; se te oprimirem, perdoe-lhes; se falarem mal de ti, seja na sua frente ou pelas costas, não retalie, ao invés disso, perdoe e fale com eles com palavras brandas e leves; se te boicotarem e abandonarem, continue falando-lhes com boas palavras e dando-lhes a saudação do Salaam. Se você revidar os atos de maldade com atos do ihsaan (bondade e gentileza), então certamente terá adquirido um tremendo benefício.” [1]
Considere também o seguinte caso:
‘Aaishah, radiallahu’anha, disse:
Perguntei ao Profeta (sallAllahu ‘alayhi wa salaam): Ó Mensageiro de Allah, já houve um dia mais drástico para ti do que o dia de Uhud? Ele respondeu: “A tua tribo me atribulou grandemente, e a coisa mais problemática que experimentei deles foi no dia de ‘Aqabah, quando me apresentei para Ibn ‘Abd Yaaleel ibn ‘Abd Kulaal, e ele não respondeu à minha Mensagem como eu esperava. Então eu retornei sobrecarregado com sofrimento e pesar, e não me recuperei até que cheguei à Qarnuth-Tha’aali. Levantei minha cabeça e vi uma nuvem me sombreando. Daí olhei e vi (o Anjo) Jibreel nela, e ele me chamou dizendo: “Allah ouviu o que o teu povo te disse e a sua resposta. E Allah te enviou o Anjo das montanhas, para que faças o que quiseres.” Assim, o Anjo das montanhas me chamou, saudou-me com o Salaam e depois disse: “Ó, Muhammad, Allah ouviu o que o teu povo te disse e eu sou o Anjo das montanhas. Meu Senhor enviou-Me a ti, para que me ordenes conforme desejares. Então, o que queres? Se assim desejares, eu os esmagarei entre as duas montanhas.” Então, o Mensageiro de Allah (sallAllahu ‘alayhi wa salaam) disse: “Não, prefiro esperar que da sua descendência venham aqueles que adorarão a Allah, Sozinho, e não adorarão mais nada juntamente com Ele.” [2]
Ibn Abee Haatim (m.328H) – rahimahullah – disse:
“Entrei em Damasco e encontrei os estudantes de hadith, e [de seguida] passei pelo círculo de Qaasim al-Joo’ee (m.248H). Achei um grupo sentado ao seu redor enquanto ele falava. A aparência deles me deixou espantado, e eu o escutei dizer: “Aproveitem-se do benefício de cinco coisas das pessoas do vosso tempo: quando estiverem presentes, que não sejam conhecidos (percebidos); quando estiverem ausentes, que não se sinta a vossa falta; quando forem vistos, que o vosso conselho não seja solicitado; quando disserem algo, que as vossas palavras não sejam aceitas; e quando tiverem algum conhecimento, que não vos dêem nada por ele. Também vos aconselho com cinco assuntos: quando forem tratados injustamente, não ajam injustamente; quando forem elogiados, não fiquem felizes; quando forem criticados, não se aborreçam; quando não forem acreditados, não se zanguem; e se as pessoas agirem desonestamente para convosco, não façam o mesmo com elas.” Ibn Abee Haatim disse: Então eu tomei aquilo como o meu benefício de Damasco.” [3]
Referências:
[1] Tayseerul-Kareemur-Rahmaan (p.695).
[2] Relatado por al-Bukhari (nº 3231) e Muslim (nº 1795)
[3] Relatado por Ibn al-Jawzee em Sifatus-Safwa (2/200)
Fonte: Abdurrahman.Org