O Que o Alcorão Diz Sobre a Trindade e a Divindade de Jesus?
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O Que o Alcorão Diz Sobre a Trindade e a Divindade de Jesus?

A doutrina da Trindade e a crença na divindade de Jesus são centrais na teologia cristã, mas são diretamente rejeitadas pelo Islam. O Alcorão trata desses conceitos com clareza, explicando por que associar qualquer parceiro a Allah é considerado um desvio da verdade revelada. Para os muçulmanos, entender a posição islâmica sobre esse tema é essencial para a preservação do Tawḥīd (a Unicidade de Allah), e para os cristãos, é uma oportunidade de conhecer como o Islam entende e honra Jesus (ʿĪsā).

1. A Trindade na visão islâmica

O Alcorão menciona explicitamente a negação da Trindade em mais de uma ocasião, considerando essa crença como um exagero e uma deturpação da mensagem original dos profetas.

“Com efeito, descreram os que disseram: ‘Por certo, Allah é o terceiro de três.’ E não há deus algum senão um Deus Único. E, se não desistem do que dizem, doloroso castigo atingirá os que, entre eles, descreem.” (Surat al-Mā’idah, 5:73, Tradução de Helmi Nasr)

Esse versículo refuta a ideia de que Allah seja parte de uma trindade (como Pai, Filho e Espírito Santo) afirmando claramente que só há um único Deus indivisível.

2. Jesus não é Deus, nem Filho de Deus

A crença de que Jesus é “filho de Deus” é igualmente rejeitada, pois o Islam considera esse conceito incompatível com a natureza absoluta e perfeita de Allah. No Islam, Allah é eterno, imutável e não possui descendência ou parentesco físico.

“Ele é Allah, o Único, Allah, o Absoluto. Não gera, e não foi gerado. E não há nada que se Lhe compare.” (Surat al-Ikhlāṣ, 112:1–4, Tradução de Helmi Nasr)

O Alcorão também adverte contra a elevação de profetas ao status divino:

“O Messias, filho de Maria, não é senão um Mensageiro. Já antes dele se passaram mensageiros. E sua mãe era veraz. Ambos comiam alimentos.” (Surat al-Mā’idah, 5:75, Tradução de Helmi Nasr)

A menção de que Jesus e Maria comiam alimentos destaca a humanidade deles, algo que o Islam utiliza para reforçar que ambos eram servos de Allah, e não deuses.

3. Jesus como “palavra” e “espírito” de Allah

O Alcorão reconhece títulos especiais para Jesus, chamando-o de “Palavra” e “Espírito” de Allah, mas dentro de um contexto estritamente monoteísta:

“O Messias, Jesus, filho de Maria, é apenas o Mensageiro de Allah, e Sua palavra, que Ele lançou a Maria, e um espírito vindo d’Ele.” (Surat an-Nisā’, 4:171, Tradução de Helmi Nasr)

Esses títulos não significam que Jesus seja parte da divindade, mas que ele foi criado de forma extraordinária pela ordem (“palavra”) de Allah e recebeu um espírito (como todos os humanos). É semelhante à criação de Adão, que também foi feito por uma ordem divina:

“Por certo, o exemplo de Jesus, perante Allah, é como o exemplo de Adão: criou-o do pó e disse-lhe: ‘Sê!’, e ele foi.” (Surat Āl ʿImrān, 3:59, Tradução de Helmi Nasr)

4. Diálogo direto com os cristãos

O Alcorão se dirige diretamente aos cristãos (povo do Livro) em tom firme, porém respeitoso, chamando ao retorno à fé pura em Allah:

“Ó povo do Livro! Não exagereis em vossa religião e não digais de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, é apenas Mensageiro de Allah […]. Crede, pois, em Allah e em Seus mensageiros e não digais: ‘Trindade’. Cessai! Isso será melhor para vós.” (Surat an-Nisā’, 4:171, Tradução de Helmi Nasr)

Este convite ao abandono da Trindade é apresentado como um chamado à retidão espiritual, não à condenação pessoal.

5. O foco no Tawḥīd

O conceito de Tawḥīd — a Unicidade absoluta de Allah — é o pilar central do Islam. Toda forma de associar parceiros a Allah, direta ou indiretamente, é chamada de shirk, o maior pecado:

“Por certo, Allah não perdoa que se Lhe atribuam parceiros. E perdoa o que for aquém disso, a quem quer.” (Surat an-Nisā’, 4:48, Tradução de Helmi Nasr)

A crença na divindade de Jesus, portanto, é vista como um afastamento da mensagem pura do monoteísmo pregada por todos os profetas.

Conclusão

O Alcorão rejeita com clareza as doutrinas da Trindade e da divindade de Jesus, apresentando-o como um servo, profeta e mensageiro de Allah, nascido de forma milagrosa, mas totalmente humano. Essa visão não diminui Jesus, ao contrário, o honra em sua verdadeira missão como guia para os filhos de Israel.

O Islam não insulta Jesus. Ele o defende contra as falsas divinizações, preservando sua nobreza, sua fé e seu papel na história da revelação divina.

Leia o livro “Jesus pregou o Islam?”

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