Quando Sua Mãe Prejudica Sua Esposa e Família

Quando Sua Mãe Prejudica Sua Esposa e Família
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Pergunta: Minha esposa sofre de maus tratos que minha mãe lhe inflige, através de palavras, comportamento indecente e outros atos injustos e suspeitas que não se limitam à minha esposa, mas chegam a afetar sua família.


Minha mãe ataca minha esposa e sua família com acusações tão falsas quanto indecentes. Este comportamento tem ultrapassado os limites toleráveis??. Minha esposa, que suportou isso por anos, cortou o relacionamento com minha mãe. Embora eu continue a visitar minha mãe, conversar com ela no telefone e cuidar dela, ela não aceita a reação de minha esposa. Ela me culpa por eu permitir que minha mulher rompa relações com ela. Ela diz que somente estará satisfeita comigo com a condição de que  minha mulher volte a se relacionar com ela e que caso contrário ela não ficará satisfeita comigo até o Dia da Ressurreição. Eu não gosto de pressionar minha esposa e eu prefiro deixá-la escolher. Minha mãe já chegou ao ponto de invocar Allah contra mim sem que eu tenha cometido nenhum pecado.

A minha pergunta é: o fato de minha esposa romper relações com a minha mãe é um ato proibido? Se não, de que forma devo julgar?

Segunda pergunta: minha mãe tem o direito de me culpar pela decisão de minha esposa de romper relações com ela? E de impor como condição, para estar satisfeita comigo, que minha esposa tenha boas relações com ela, apesar de eu continuar a orar por minha mãe e fazer caridade em seu nome?

Terceira pergunta: se a minha mulher mantém sua decisão de romper relações com a minha mãe, a ira de minha mãe se transformaria em pecado para mim? Eu espero que você me esclareça sobre este assunto. Que Allah vos recompense generosamente.

Resposta:

Louvado seja Allah.

Em primeiro lugar, querido irmão, não há dúvida de que estas questões e disputas familiares são fontes de inquietação e instabilidade. No entanto, devemos agir com sabedoria, habilidade, julgamento, honestidade, justiça e paciência, a fim de satisfazer aquela que tem os maiores direitos sobre você – neste caso é sua mãe – e ao mesmo tempo tomando cuidado para não perturbar a sua fonte de descanso e afeto, a guardiã de seus segredos, a mãe de seus filhos – a sua companheira. Agindo dessa forma, você vai conseguir identificar os problemas e tratá-los da melhor maneira possível.

Em segundo lugar, é nosso dever – que Allah melhore nossa situação – apresentar-lhe os direitos de cada uma das partes. A querida mãe deve saber que a esposa de seu filho tem direitos prescritos por Allah e recomendados pelo Mensageiro de Allah. A querida esposa também precisa saber que a mãe tem direitos previstos por Allah e confirmados pelo Mensageiro de Allah. Cada uma deve saber que quando Allah prescreve direitos para o benefício de alguém, proíbe a violação de limites estabelecidos por Ele para Seus servos crentes. É obrigatório respeitar os limites da lei de Allah. Ninguém poderá exceder o seu direito ao ponto de violar os direitos dos outros.

Em terceiro lugar, devemos explicar o padrão de justiça claramente definido pela Shari’ah, em que o servo crente só alcança a plenitude de sua fé, quando ele ama para seu irmão aquilo que ele ama para si mesmo e também quando detesta para seu irmão aquilo que ele detesta para si mesmo.

Então perguntamos à mãe: “Você, cara mãe, você aceitaria que lhe dirigissem palavras que machucam? Ou se comportassem de maneira indecente com você ou falando mal de você, ou coisas deste tipo?”

Perguntamos à esposa: “Você, querida esposa, você concordaria que a minha mãe ficasse irritada definitivamente comigo e orasse contra mim em vez de orar por mim? Será que você aceitaria esta infeliz situação, por qualquer motivo que fosse?”

Tome todas as medidas que lhe permitam tocar esses dois corações que lhe preocupam e cuja ira o atormenta. Evite tornar alvo de acusações aquele que está mais errado -particularmente a mãe – lhe atribuindo abertamente toda a injustiça e a agressão. Evite uma maior deterioração da situação que poderia complicar as coisas até um ponto sem retorno. Faça uso da sabedoria, das boas palavras. Lembre no ouvido da sua mulher, a fim de incentivar o perdão e a tolerância, Allah, o Altíssimo, disse:

“E o bom e o mau não se igualam. Revida o mal com o que é melhor; então, eis aquele entre o qual e ti há inimizade, como íntimo aliado.” (Alcorão 41:34)

E o seu Mensageiro  disse: “O perdão é o que faz o servo crente mais forte.” (Narrado por Muslim, 2588).

Ele disse em outro hadith: “Sempre que um servo crente sofre uma injustiça e perdoa, Allah o torna mais forte.” (Relatado por al-Tirmidhi, 2325; e julgado autêntico por al-Albani)

Explique à sua esposa que o perdão agrada mais a Allah, e que o seu perdão beneficiaria a pessoa que é a mais cara para você, sua mãe, e que perdoar a sua mãe tornaria sua esposa ainda mais honrada aos seus olhos.

Em quarto lugar, não é permitido que sua esposa rompa relação com sua mãe ao ponto de parar de falar com ela ou brigar com ela, porque não é permitido a um muçulmano romper relações com seu irmão muçulmano por mais de três noites, como é bem conhecido. De fato, tem sido relatado de forma averiguada que o Profeta  disse: “Quem boicotar seu irmão por um ano é como aquele que derramou o seu sangue.” (Narrado por Abu Dawud, 4915; e julgado autêntico por al-Albani)

O Profeta também disse: “Não é admissível que um muçulmano rompa relações com outro muçulmano por mais de três noites, pois seguiriam ambos afastados da verdade, tanto tempo quanto eles persistissem neste comportamento. O primeiro dos dois a voltar atrás (reatar relações) expiará a sua culpa. Se este oferecer a saudação ao seu adversário e o outro recusar-se a responder-lhe, os anjos responderão no seu lugar, enquanto Satanás responderá ao outro. Se eles morrem com raiva mútua, nenhum deles entrará no Paraíso.” (Relatado por Ahmad, 15824; e julgado autêntico por al-Albani em as-Sahihah, 1246) 

Mas, se a coabitação entre a mãe e a esposa de seu filho só for prejudicial para a esposa e sua família, não é permitido que a mãe seja a origem de tal situação. E não é permitido que você permaneça em silêncio quanto a isso, porque os direitos das pessoas devem ser respeitados. Qualquer um que cause danos injustamente a um muçulmano, a compensação será estabelecida no Dia da Ressurreição.

A história da pessoa falida é bem conhecida. É aquela que chega, no Dia da Ressurreição, depois de observar a oração, o jejum e o zakat, mas também de insultar as pessoas, difamando os outros, saqueando a propriedade de um terceiro grupo, derramou o sangue de outros e bateu nos outros. Serão distribuídas as suas boas obras para suas vítimas como compensação. Se as boas ações não forem suficientes, será acrescentado à ele as más ações das suas vítimas, o que será a causa de seu lançamento no inferno. 

Ele deve atrair a atenção da mãe para este grande perigo. Deve adverti-la com um estilo suave, inspirando temor a Deus. Se apesar de tudo isso, sua mãe persiste em seu comportamento para com a sua mulher, o que é justo é não permitir que Ela continue fazendo isso. Deves evitar que a sua esposa esteja em companhia dela, de lhe acompanhar. Não há nada de errado que sua esposa pare de de ir visitá-la. Em princípio, isso não é uma obrigação para ela, porque o seu dever se limita a não romper relações sem causa legal.

Admitindo que a esposa perdoa e renuncia a seus direitos, o que fazer com a sua família? O que ela fez para merecer a humilhação, difamação, calúnia gratuita?

Quando a esposa e mãe se encontrarem em um só lugar, a mulher deve cumprimentar a mãe, porque o melhor das duas mulheres é quem toma a iniciativa de cumprimentar. Se a mãe fala com a esposa ou da a saudação, a esposa deve responder a saudação. Neste caso, o fato de sua mãe ameaçar orar contra você permanece insatisfeita e faz súplicas contra você não te atinge em nada, pois Allah proibiu a injustiça a si mesmo e proibiu entre as pessoas. Ele nos informou que ele não ama os injustos. Na verdade, Allah, o Altíssimo, disse:

“Ó vós que credes! Sejam constantes em servir a Allah, sendo testemunhas com equanimidade. E que o ódio para com um povo não vos induza a não serdes justos. Sede justos: isso está mais próximo da piedade. E temei a Allah. Por certo, Allah do que fazeis, é Conhecedor.” (Alcorão 5:8)

Em outras palavras, você deve impor a si mesmo a equidade em suas palavras e ações e tratar em pé de igualdade: o próximo como o estranho, o amigo como o inimigo. Que o ódio de um povo não te leve a cometer injustiça. Em vez disso, da mesma forma justa que testemunha para o seu aliado, do mesmo modo justo deve testemunhar contra ele. Como você testemunha contra o seu inimigo, também deve testemunhar em seu favor, seja ele um descrente ou um herege, porque você tem que ser justo com ele. (Consulte Tafsir Sa’di, p. 224)

Além disso, do mesmo modo que o ódio que sente pelas pessoas não deve mantê-lo longe da justiça, o amor pelas pessoas não deve impedi-lo também. Seja justo em todos os casos. Você não vai incorrer nada de mal se você tentar reconciliar as pessoas na medida do possível, sem sucesso. Se a sua mãe ameaça orar contra você, Allah, O Altíssimo, não concede uma súplica manchada pelo pecado, que pode levar à quebra das relações familiares.

No entanto, deve cuidar dela, assisti-la mesmo tolerando seu comportamento desagradável e ser tolerante com ela em todos os casos. Allah é o único que guia para o caminho certo.

Nota: No que diz respeito ao ditos do autor da pergunta: “Eu nunca deixei de rezar por ela e dar esmolas em seu lugar” orar por ela é bom. Este é um aspecto do bom tratamento que ela precisa. Quanto a dar esmolas por ela enquanto ela está viva, isto não é uma prática entre os predecessores piedosos. É pelo nome de um defunto que se oferece esmola. Neste sentido, al-Bukhari (2760) e Muslim (1004) narraram de Aisha (??? ???? ????) que um homem disse ao Profeta ?: “Em verdade, minha mãe morreu de repente e Eu acho que se ela tivesse tempo para falar, ela teria recomendado uma esmola… Eu poderia fazer isso em seu lugar?” – “Sim”, respondeu ele.

An-Nawawi disse:

“O hadith indica que dar esmolas em nome de um falecido irá beneficiá-lo e a recompensa resultante irá alcançá-lo. Isto é o que é unanimemente reconhecido pelos estudiosos.”

O fato de estar ao serviço da mãe ao orar por ela, sem seu conhecimento, e oferecendo dinheiro e comida e outras coisas, isto é o que está estabelecido. Quanto ao fato de doar esmolas em seu nome enquanto ela está viva, não está prescrito, porque nenhum argumento prova a sua prescrição, a nosso conhecimento.

Fonte: IslamQA


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