Ibrahim – o 7° filho do Profeta ﷺ
Índice
Sua Linhagem
O nascimento de Ibrahim, filho do Profeta Muhammad ﷺ e de Mariyah al-Qibtiyya, trouxe grande alegria ao lar do Mensageiro de Allah. Mariyah foi presenteada ao Profeta pelo governante de Alexandria, Muqawqis, que a enviou juntamente com Hatib ibn Abi Balta’ah. Após sua chegada, Hatib apresentou o Islam a Mariyah, e ela o aceitou, abraçando a nova fé. O Profeta ﷺ a acomodou na região de Al-Aliyah, e foi lá que Mariyah engravidou e deu à luz Ibrahim.
Ele nasceu no mês de Dhul-Qi’dah, no oitavo ano após a Hégira (630 EC). Salma, uma mulher liberta pelo Profeta ﷺ, foi a parteira que ajudou no nascimento. Seu marido, Abu Rafi’, foi quem trouxe ao Profeta ﷺ a notícia do nascimento de seu filho. O Profeta ﷺ, cheio de alegria, presenteou Abu Rafi’ em gratidão pelas boas novas. Ao nomear seu filho, o Profeta declarou: “Um menino nasceu para mim ontem à noite, e eu o nomeei em homenagem ao meu pai, Ibrahim”.
Sua Amamentação e os Cuidados Paternais do Profeta ﷺ
A mãe de Ibrahim, Mariyah, tinha pouco leite para amamentá-lo, e as mulheres dos Ansar, com entusiasmo, competiram pela honra de amamentar o filho do Mensageiro de Allah ﷺ. Entre elas estava Umm Saif, esposa de Haddad, que teve a responsabilidade inicial de amamentar o menino.
Anas ibn Malik (que Allah esteja satisfeito com ele) descreveu a imensa compaixão do Profeta ﷺ por seus filhos. Ele relatou como o Profeta ﷺ visitava seu filho frequentemente, segurava-o e demonstrava enorme carinho por ele. Anas narrou: “Ibrahim foi amamentado nas casas de Madinah. Quando o Profeta ia visitá-lo, a casa estava cheia de fumaça (devido ao fogo aceso para aquecer a casa). Seu berço era feito de couro curtido, e o Profeta o pegava, o beijava e, então, o colocava de volta”.
Mais tarde, a amamentação do menino foi confiada a Umm Barda, filha de al-Mundhir, dos Ansar. O Profeta ﷺ demonstrava orgulho e felicidade ao mostrar seu filho às suas esposas, encantado com a semelhança física entre eles.
No sétimo dia após o nascimento, o Profeta ﷺ seguiu a prática islâmica de raspar o cabelo de Ibrahim, um ato que foi realizado por Abu Hind al-Baida’i, do Ansar. Como gesto de caridade, o Profeta doou uma quantidade de prata equivalente ao peso do cabelo de seu filho conforme a tradição. Para celebrar o nascimento, o Profeta ﷺ também sacrificou dois carneiros como parte do ritual de ‘Aqiqah, uma prática que simboliza gratidão pela chegada de um recém-nascido.
Sua Morte: Um Momento de Dor e Resignação
Apesar da felicidade que o nascimento deste bebé trouxe ao Profeta ﷺ, a alegria foi breve. Ainda muito jovem, Ibrahim adoeceu gravemente, e apesar dos cuidados amorosos de sua mãe, Mariyah, e de sua tia, Sirin, sua saúde continuou a piorar. Quando ficou claro que Ibrahim estava à beira da morte, Mariyah enviou uma mensagem ao Profeta, que correu ao lado do filho, tomado por profunda tristeza.
Ao chegar, o Profeta ﷺ encontrou o menino nos braços de sua mãe. Ele o pegou, segurou-o contra o peito e, em lágrimas, lamentou silenciosamente a partida iminente de seu filho. O Profeta ﷺ, mesmo em sua imensa tristeza, permaneceu firme em sua fé e aceitação do decreto de Allah, dizendo:
“Ó Ibrahim, se não fosse pelo fato de ser uma verdade, uma promessa de Allah e um destino inevitável, com o último de nós se juntando ao primeiro, nós lamentaríamos por ti mais do que isso”.
Ele também consolou Mariyah com palavras de resignação e paciência:
“Os olhos derramam lágrimas, o coração está triste, mas nós dizemos apenas o que agrada a nosso Senhor. De fato, estamos tristes com tua partida, ó Ibrahim”.
O menino faleceu ainda bebê, com apenas 16 ou 18 meses de idade. Após sua morte, houve diferentes relatos sobre quem realizou os ritos funerários. Alguns afirmam que foi Umm Barda quem lavou seu corpo, enquanto outros acreditam que al-Fadl ibn al-Abbas, tio do Profeta ﷺ, realizou o ritual. O corpo do menino foi colocado em uma pequena cama, e o Profeta ﷺ supervisionou o enterro pessoalmente, solicitando que Ibrahim fosse sepultado ao lado de Uthman ibn Maz’un, o primeiro companheiro a ser enterrado no cemitério de Al-Baqi’.
O Profeta ﷺ permaneceu à beira do túmulo, profundamente comovido, enquanto al-Fadl e Usama ibn Zaid realizaram o sepultamento.
O Eclipse Solar no Dia da sua Morte
No dia em que Ibrahim faleceu, houve um eclipse solar, um evento que levou algumas pessoas a acreditar que o fenômeno celestial era uma reação à morte do filho do Profeta ﷺ. No entanto, o Mensageiro de Allah, sempre zeloso por ensinar a verdade e dissipar superstições, esclareceu ao povo que o sol e a lua não eclipsam em razão da morte ou vida de qualquer pessoa. Ele se dirigiu à congregação e disse:
“O sol e a lua são dois sinais entre os sinais de Allah. Eles não eclipsam para a morte ou vida de ninguém. Quando virdes um eclipse, apressai-vos para a oração”.
Esse acontecimento serviu como uma lição espiritual e uma oportunidade para o Profeta ﷺ lembrar os crentes de que os fenômenos naturais ocorrem pela vontade de Allah, e não como resultado dos eventos humanos. O Profeta ﷺ encorajou todos a voltarem-se para Allah em oração e devoção durante esses momentos, enfatizando a importância de reconhecer a grandeza e o controle absoluto de Allah sobre o universo.
A Sabedoria na sua Morte
A sabedoria de Allah se manifestou na morte de Ibrahim. Embora a tristeza tenha permeado o coração do Profeta ﷺ, ele sabia que não havia profeta após ele. A morte de seu filho reforçou a ideia de que o Profeta Muhammad ﷺ era o último dos profetas. Se seu filho tivesse sobrevivido, muitos poderiam ter interpretado sua vida como um sinal de continuidade profética.
O curto tempo de vida de Ibrahim foi, portanto, parte do plano divino, preservando o status do Profeta Muhammad ﷺ como o selo dos profetas e consolidando a conclusão da profecia.
Conclusão
Ibrahim, embora tenha vivido apenas breves meses, deixou um impacto profundo no coração de seu pai, o Profeta Muhammad ﷺ, e em toda a comunidade islâmica. Sua vida e morte são lembradas como um símbolo da paciência, da aceitação do decreto divino e do amor do Profeta ﷺ por sua família. Ibrahim é um lembrete de que, mesmo em momentos de profunda dor e perda, a fé em Allah e a submissão ao Seu decreto trazem conforto e sabedoria.
Que a memória de Ibrahim continue a inspirar os muçulmanos a permanecerem firmes em sua fé, mesmo diante das provações mais dolorosas, e que sua curta vida sirva como um exemplo de amor, compaixão e aceitação do destino divino.
Fontes consultadas:
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