A Atitude do Muçulmano nas Festividades de Fim de Ano
Índice
Desde a época do Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) até os dias atuais, sempre existiram festividades e ocasiões especiais de origem Jaahili (pré-islâmica), além das celebrações de não muçulmanos. Entretanto, não há nenhum registro autêntico que demonstre que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) encorajasse os muçulmanos a realizarem atos de adoração específicos enquanto outros praticavam atos de desobediência ou inovavam. Também não encontramos indicações dos imams conhecidos sugerindo tal conduta.
Lidar com Inovações: O Exemplo de ‘Ashura
Essa questão se alinha à necessidade de responder a inovações religiosas. Um exemplo é a inovação de comemorações em ‘Ashura, adotadas pelos Raafidis, que introduziram a prática de gastar muito para expressar alegria em um dia originalmente marcado por luto. Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) comentou:
“Considerar dias de calamidade como ocasiões de luto não faz parte da religião dos muçulmanos; pelo contrário, está mais próximo da religião da Jaahiliyah.”
Alguns perdem a virtude do jejum em ‘Ashura ao adicionar práticas não prescritas, como fazer ghusl, aplicar kohl nos olhos ou apertar as mãos, todas sem fundamento e consideradas makruh (desaconselháveis). O único ato recomendado para este dia é o jejum.
O Islam Não Permite Acrescentar Práticas para Agradar Outrem
Alterar ou adicionar práticas na religião para agradar os outros não é permitido. No livro Iqtida’ al-Siraat al-Mustaqim, há uma menção explícita de que o Islam proíbe expressões de alegria e felicidade durante datas comemorativas dos incrédulos. Esse princípio é respaldado pelo hadith de Ibn Umar, no qual o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:
“Quem imita um povo, faz parte dele.” [Abu Dawud]
Imam Al Munawi e Imam Al ‘Alqami explicaram que esse hadith refere-se a quem se veste ou age como os não muçulmanos, mesmo que parcialmente. Imam Al Qari acrescentou:
“Isso significa que quem quer que imite os incrédulos, os desobedientes ou os pecadores, de qualquer forma, será um deles; da mesma forma, quem imita os virtuosos estará com eles (na vida após a morte).”
Além disso, Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) reforçou essa ideia, explicando que:
“Imam Ahmad e outros usaram essa narrativa para justificar a proibição de imitar os incrédulos. O mínimo que se pode dizer sobre as implicações dessa narrativa é que ela proíbe a imitação. Mais do que isso, pode significar que a pessoa que imita tais costumes abandona o Islam, como é dito por Ibn ‘Umar: ‘Quem constrói na terra dos incrédulos, participa de suas festividades religiosas e os imita até que morra, será ressuscitado com eles.’”
Caridade e Festividades Não Islâmicas
Um dos pontos frequentemente discutidos entre os muçulmanos é a prática de caridade em períodos de festividades não islâmicas. Shaikh Munajjid abordou esse tema, afirmando que:
“Perguntaram-nos sobre dar caridade a famílias pobres na época do ano novo Gregoriano, e respondemos que não é permitido… Se nós muçulmanos quisermos dar em caridade, podemos dar aos que realmente têm direito a ela, e não devemos ter a intenção de fazê-lo nos dias de festa dos kufaar (incrédulos). Devemos fazê-lo sempre que houver uma necessidade, e aproveitar ao máximo as boas e grandes ocasiões, como o mês de Ramadan e os primeiros dez dias de Dhu’l-Hijjah.”
Seguir a Sunnah e Evitar Inovações no Islam
A base para um muçulmano é seguir a Sunnah e evitar inovações na prática religiosa. Allah diz no Alcorão (interpretação do significado):
“Dize (Ó Muhammad à humanidade): ‘Se (realmente) amais a Allah, segui-me (aceite o monoteísmo Islâmico, siga o Alcorão e a Sunnah), Allah vos amará e vos perdoará os delitos.’ Dize (Ó Muhammad): ‘Obedecei a Allah e ao Mensageiro.’ E, se voltarem as costas, por certo, Allah não ama os renegadores da Fé.” [Aal ‘Imraan 3:31-32]
Ibn Kathir comentou sobre esse versículo, explicando:
“Este versículo afirma que todos que clamam amar Allah, mas não seguem o caminho de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), mentem em seu clamor, a menos que sigam o caminho do Profeta em todas as suas palavras e ações.”
Em um hadith autêntico, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem quer que introduza uma ação que não é parte deste assunto nosso a terá rejeitada.” (Tafsir Ibn Kathir, 2/32).
Shaikh Muhammad Ibn Saalih al-‘Uthaimin (que Allah tenha misericórdia dele) também ressaltou:
“Vocês devem amar o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) mais do que amam a si mesmos, e a sua fé não estará completa a menos que o façam. Não introduzam na sua religião nada que não seja parte dela. O que os buscadores de conhecimento devem fazer é explicar às pessoas e dizer-lhes: ‘Ocupem-se com atos de adoração legítimos e corretos; lembrem-se de Allah; enviem bênçãos sobre o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) em todos os momentos; adotem a oração regular; paguem zakaah; e sejam gentis para com os muçulmanos em todas as horas.’” (Liqaa’aat al-Baab al-Maftuh, 35/5)
Interação com a Família em Festas Não Islâmicas
Ao mesmo tempo, é importante tratar com respeito e sabedoria as tradições familiares, especialmente se envolverem membros cristãos que celebram o Natal. Manter o amor e o carinho com a família é essencial, evitando envolvimento em práticas que contradigam o Islam. Em relação ao reveillón, sendo uma festa secular e sem base religiosa, é geralmente mais fácil explicar e evitar a participação, como ensinado pelas evidências islâmicas.
Conclusão
Para os muçulmanos, a orientação é clara: devemos nos manter firmes na prática islâmica legítima, baseando-nos na Sunnah e afastando-nos de inovações e práticas não islâmicas. Ao seguir o caminho da retidão, evitando celebrações duvidosas, buscamos a recompensa de Allah por escolhermos o caminho seguro e verdadeiro.
Texto de Letícia de Paula