A Ação Aceitável

Shaykh Muhammad Nasirud-Din al-Albani – Revista “Al-Hijra” (Vol. 4, Nº2)
Revista “Al-Ibaanah Edição Nº 1 – Dhul-Qa’dah 1415H/Abril 1995
Por conseguinte, nestes ahadith, o Profeta, sallAllahu ‘alayhi wa sallam, encorajou-nos a fazer as nossas ações virtuosas, quer seja no ganho de riquezas ou em outros assuntos. No entanto, devemos nos lembrar de um certo facto sobre esta ação, um facto que muitos negligenciam. A explicação deste facto deve, na verdade, ser uma aula por si mesma; e isto é que somente uma ação virtuosa é benéfica, e não apenas qualquer ação.
Assim, quais são as condições que um muçulmano deve cumprir de forma a que a [sua] ação seja virtuosa? Isto é mostrado na afirmação de Allah – o Exaltado e Sublime:
“Dize: “Sou, apenas, um mortal como vós; revela-se-me que vosso Deus é Deus Único. Então, quem espera pelo deparar de seu Senhor, que faça boa ação e não associe ninguém à adoração de seu Senhor.” [Surah Al-Kahf (18):110]
Duas Condições Importantes
Os sábios de Tafsir disseram que a parte final deste versículo é uma indicação de que existem duas condições para a aceitação e virtuosidade de uma ação: [1]
Primeiro: Que a ação deve estar de acordo com a Sunnah. Portanto, se a ação for feita como um ato de adoração porém não estiver em conformidade com a Sunnah, não é uma ação virtuosa. O motivo é que a concordância com a Sunnah é uma das condições para a virtuosidade de uma ação. As provas disso são muitas, mas é suficiente mencionar apenas uma: o hadith do Profeta, sallAllahu ‘alayhi wa sallam no qual disse: “Quem quer que inove neste nosso assunto o que não está nele, ser-lhe-á rejeitado.” [2]
Assim, qualquer ação que não era parte do Islam quando Allah o revelou sobre o coração do Profeta Muhammad, sallAllahu ‘alayhi wa sallam, não é uma ação virtuosa. Acerca disso, Allah – o Altíssimo – diz:
“ Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco e agradei-Me do Islão como religião para vós.” [Surah Al-Ma’ida (5):3]
Deve-se lembrar que bid’ah (inovação) não está dividida em cinco categorias, como alguns sábios afirmaram. Uma prova para isto é que o Profeta, sallAllahu ‘alayhi wa sallam, disse: “Toda a inovação é desvio, e todo o desvio está no Fogo do inferno.” [3]
Segundo: Depois de estar em conformidade com a Sunnah, a ação deve ser sincera, puramente buscando a Face de Allah – o Altíssimo – porque Allah diz no fim do versículo acima mencionado: “(…) e não associe ninguém à adoração de seu Senhor.” Isto significa que a pessoa busque, pela sua ação virtuosa, apenas a Face de Allah – o Exaltado e Sublime. Contudo, se ela buscar com isso outro que não Allah, então terá estabelecido parceiros com Allah (cometeu shirk com Allah), portanto a sua ação é rejeitada.
Isto é confirmado por Allah num hadith Qudsi autêntico: “Eu sou tão auto-suficiente que não necessito de ter parceiros. Assim, quem quer que faça uma ação pela causa de um outro alguém assim como por Mim, terá essa ação rejeitada por Mim, para ele quem ele associou Comigo.” [4]
Consequentemente, se a ação for virtuosa mas não for sincera pela causa da Face de Allah, é rejeitada. Além disso, se a ação for puramente pela causa da Face de Allah, mas não estiver em conformidade com a Sunnah, é igualmente rejeitada.
Fonte: The Righteous Action – Shaykh Muhammad Nasirud-Din al-Albani – Revista Al-Hijra (vol.4 no.2)
Referências:
[1] Ibn Kathir menciona no Tafsir Qur’an ul-’Adhim (3/114): “Deste modo, para que uma ação seja aceite deve cumprir duas condições. Primeiro: Deve ser sincera por Allah apenas. Segundo: Deve ser correta e em conformidade com a Shari’ah. Assim, se a ação for sincera, mas não correta, não será aceite.”
[2] Relatado por al-Bukhari (5/301) e Muslim (nº 1718) – de ‘Aishah, radhiAllahu ‘anha.
[3] Suratul-Mai’da (5):3. Imam ash-Shatibi relata em al-’Itisam (I/49): “Imam Malik – rahimahullah – disse: Quem quer que introduza no Islam uma inovação terá mentido contra a mensagem de Muhammad, sallAllahu ‘alayhi wa sallam. Uma vez que Allah disse: “Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós (…).” Portanto o que quer que não fosse religião naquele dia não pode ser considerado como parte da religião hoje.”
[4] Relatado por Muslim (nº 2985) e Ibn Majah (nº 4202) – de Abu Hurayrah, radhiAllahu ‘anhu.
Fonte: The Way of the Salaf us-Saalih